quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Vininha, Vininha...

No espaço de Blogs e Sites que está aí do lado coloquei um link do site oficial do Vinicius de Moraes. E o site ficou muito bacana. Andei conferindo e curti bastante. Nesse link você pode curtir vários poemas do Vininha. E o mais bacana é que além da poesia, você pode encontrar a prosa dele também. Não conhecia muito bem essa parte. E tô lendo aos poucos. Admiro esse poeta pra caramba. Um cara que curtiu a vida sem deixar ela escapar nenhum segundo sequer. Quando comecei a escutar bossa nova por causa dele e do Tom Jobim, a primeira impressão que tive foi de como eles retravavam o encantamento pelas mulheres, e a devoção ao whisky. Os dois foram certeiros. Na época eu tava apaixonado por uma menina e ficava enchendo a cara com whisky só pensando em fazer um verso pra ela. Nunca consegui fazer. Mas o destilado como ele mesmo dizia era o cão engarrafado, o melhor amigo do homem. E me identifiquei. Logo descobri - Carlinhos Lira, João Donato, Jhonny Alf, João Gilberto, Marcos Valle. A batida e o ritmo da bossa nova parecia combinar perfeitamente com essa vontade de querer a mulher amada, e o whisky liberar a inspiração. A bossa nova pode ser chata, mas consegue exprimir esses sentimentos de maneira arrebatadora. Pouca gente curte. E dá até pra entender. Quando escutei o ritmo ainda adolescente saquei que você tinha primeiramente: a batida, o whisky, a mulher, e o Rio de Janeiro como pano de fundo. Se você quiser o whisky primeiro, a batida depois, e a mulher em seguida não tem problema. O Rio de Janeiro sempre vai ser o pano de fundo. Só que hoje isso está invertido. Acho que depois das novelas do Manoel Carlos essa ordem foi modificada. Não tenho nada contra as novelas dele, mas acho que elas deram um olhar equivocado à bossa nova. O Rio de Janeiro saiu de pano de fundo para estampar a manchete do ritmo e até mesmo ocultar essa sequência que falei acima. E outra mudou de bairro. Saiu de Ipanema onde os músicos admiravam as gostosas a caminho do mar para o Leblon. Com todas aquelas tramas repetidas das novelas. E aí, a bossa nova ficou estigmatizada na cabeça das pessoas como algo bairrista quando perdeu a sua ideia primordial que é o encantamento pelas mulheres com umas boas doses de whisky. Basta escutar a belíssima canção do Marcos Valle – Samba de Verão: “Você viu só que amor, nunca vi coisa assim...” e o que vem a cabeça? Novela das oito com toda a certeza. E isso está errado. A bossa nova virou música de churrascaria. Fui almoçar com o meu irmão, e a minha mãe num domingo, e lá tinha um cara tocando sem nenhuma inspiração. Enquanto bebericava um chopp me senti mal sentado ali. Parecia enredo de novela. Álbum de família. Logo pedi um destilado e comecei a olhar as gostosas ao lado e tudo melhorou. Mas o cantor ainda parecia agoniado. Dava pra ver. Mais pra frente ele até conseguiu dar alguns sorrisos forçados. E apesar da situação o cara merece todo o respeito. A culpa não é dele. Posso estar equivocado, mas a bossa nova só vai continuar viva quando o Rio de Janeiro que é um lugar maravilhoso voltar a ser somente o pano de fundo, e não a cereja do bolo, porque a cereja do bolo é a mulher e o whisky sempre. Como na canção - Carta ao Tom“É, meu amigo, só resta uma certeza / É preciso acabar com essa tristeza / É preciso inventar de novo o amor”.
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Se você quiser conferir as crônicas do Vininha é só clicar aqui ou dar um pulo no link aí do lado. Você vai encontrar na parte da prosa. Olha só esse trecho (abaixo). O cara conhecia muito bem a noite, e quem curte a noite sabe do que ele estava falando.

“Há amigos a quem querer bem se vai tornando, à medida, um sacrifício, de tal modo eles "bagunçam o nosso coreto", como se, diz por aí. Amigos que impõem a própria desarmonia, violentam a nossa intimidade, nos agridem quando bebem e estão sempre a nos pedir prestações de contas. São os tais que a gente gostaria de fazer "virar fada" quando se entra numa boate, porque o mínimo que pode acontecer é se brigar com a mesa ao lado. Eles têm o dom de provocar o assunto mais explosivo para o nosso convidado, ou assumem o direito de achar que as moças que estão conosco adoram ouvir palavrões ou ser manuseadas. E quando já chatearam ao máximo, partem ofendidos, sem pagar a conta, depois de nos fazer ver que estamos ficando "muito importantes" ou "não somos mais o mesmo".
Outros, pelo contrário, como Otto parecem estar sempre esticando uma mãozinha disfarçada para nos ajudar a carregar a nossa cruz. São seres de bons fluidos, que, quando a gente encontra, o dia melhora. Eles têm o dom da palavra certa no momento certo, e mesmo que tomem o maior dos pileques jamais se tornarão motivo de desarmonia. Sabem respeitar ao máximo a liberdade alheia, a verdade alheia e a mulher alheia. E não é outra a razão pela qual Otto Lara Resende tem tantos "deslumbrados", dos quais o mais conhecido é sem dúvida seu maior "promotor", o teatrólogo Nelson Rodrigues”.

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Pra fechar: um poema do poetinha.

Soneto do maior amor
Vinicius de Moraes

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
 
Oxford, 1938.
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Poesia pra todos nós.
E até 2012 se Deus quiser.
Grande Abraço!
Boas festas...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Então é Natal

O Papai Noel nunca foi e nunca será uma figura confiável. O bom velhinho não passa de um pilantra atrás de uns trocados. Você tem que ficar esperto com ele. O cara pode acabar com o seu bolso num piscar de olhos. Quando criança ficava sempre com um pé atrás com esse papinho: “Ele vai deixar um presente no seu quarto”. Como? “Sim, ele vai deixar um presente ao lado da sua cama, você passou de ano na escola, então ele vai deixar uma surpresa no dia de natal”. Aí eu ficava preocupado. E sempre dormia com uma faca debaixo do travesseiro. Ficava deitado na minha cama com o cobertor em cima da cabeça contando até cem, e depois até duzentos. Na verdade ficava arranjando coisas para me distrair. Precisava ficar bem acordado. Não podia vacilar. Que palhaçada era essa de Papai Noel? 

Aí, quando esse velho escroto invadisse o meu quarto, ele ia ver o que era bom pra tosse. Quando descobri toda essa estória de presente de natal disse pro meu pai: Pô! Você tava correndo risco de vida. Deveria ter largado de onda. Por que não me falou a verdade? Eu poderia ter enfiado uma faca no teu bucho fácil, fácil. Tenho certeza que dificilmente vou gostar de natal. Só é bom pelas companhias. Não pela festa. A festa nunca me agradou. Gosto somente de rever as pessoas que são importantes pra mim. Pessoas que tenho um enorme carinho. Isso me deixa feliz, e até mesmo tranquilo, contente. Nunca fui religioso. Mas espero que todos curtam da melhor maneira possível. Natal é uma festa meio deprê, né. E deprê só funciona com blues e whisky. Então esse negócio de árvore de natal com música do bom velhinho na vitrola é pior do que arrumar confusão em bar com uma galera inteira querendo te matar. E queira ou não queira muita gente força a barra. O negócio é tentar levar numa boa. Fácil? Não é. O clima te envolve e é muito difícil de escapar ileso. Então: Jesus meu amigo! Tenho certeza que você gostava de vinho. E não me venha com esse papo de que o vinho daquela época era mais fraco, ou até mesmo sem álcool. Sem essa! Vou à igreja rezar um pouquinho. Vou num dia em que ela estiver vazia, sem padre e sem fiéis por perto. Sou um católico que gosta de vinho. Não tenho nenhuma paciência de escutar sermão de padre. Muito menos assistir a missa do galo pela televisão. Mas fico na minha. Não gosto de estragar o encanto de ninguém, mas não me peça para participar. Prefiro uma taça de vinho com um rock and roll ao fundo. Me lembro de rezar na chuva em dia de natal. Da época de moleque, das festas na casa da minha tia, dos porres de vinho ‘Sangue de Boi’, Deus do Céu, porre de vinho é terrível. Me lembro de quando era moleque e ganhei uma guitarra de plástico do meu tio. 

Quando estávamos de volta ali no carro com o meu pai dirigindo, e a minha mãe ao lado, os meus irmãos dormindo no banco de trás, eu ficava olhando pra ela. Toda vez que passava debaixo de um poste na rua e a luz iluminava o banco de trás, a minha guitarrinha aparecia no meu colo, então aproveitava para dedilhar as cordas numa imensa felicidade. Aos poucos acabei dormindo também. Quando acordei já estava em casa deitado na minha cama. Acho que nesse dia não dormi com a faca debaixo do travesseiro. Lembranças boas que nessa época do ano sempre aparecem dentro da cachola. Mas saiba de uma coisa velho natalino. Ainda te esfaqueio! Basta você querer invadir o meu quarto com um presentinho pra ver o que é bom pra tosse. Mas se no sábado você quiser aparecer com uma garrafa de vinho e mais umas gatas, bom, aí pode deixar o presente e depois cair fora. Anota logo: um vinho de boa qualidade, de preferência tinto seco, e mais umas garotas bem animadas, beleza? Quero todas bem alegrinhas pra gente comemorar a festa de nascimento do menino Jesus. Mas não vacila, deixa o presente ao lado da porta e depois te manda, a sua presença não é bem vinda. Como o Keith Richards dos Stones, eu também tenho o meu canivete na cintura.  Feliz Natal pra todos. Exagerem e se possível passem mal no outro dia. É só uma vez por ano. E se você não curtir vai ter que esperar um ano inteirinho pra acontecer tudo isso novamente.  Rô rô rô rôoooooo Play

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pelota Sanguinária

Passei a tarde desse último sábado jogando papo fora com uns amigos das antigas. Um sacaneando o outro até dizer chega. Me acabei de rir. Mas não escapei de ser zoado também. Acho que eles foram até bonzinhos comigo. Conversamos a tarde inteira, e o papo foi até o começo da noite. A cerveja gelada sempre vinha na sequência: uma atrás da outra. Me espreguicei na cadeira vendo o movimento sem nenhuma preocupação. Ué! Tenho um blog chamado cerveja no caneco. Aí estiquei os pés, e pensei: isso merece um texto. É bom ficar sem fazer absolutamente nada. E melhor ainda quando estamos ao lado dos amigos. Há muito tempo atrás fui jogar um futebol de campo, e na hora do escanteio fiquei no 2º pau. Bom, eu sabia que o cara não ia conseguir cruzar a bola até ali. Algo me dizia que ele nunca conseguiria lançar até aquela parte da área. Eu estava de zoação, só fazendo coro. Mas não é que o cara conseguiu lançar a bola. A infeliz veio como se fosse um meteoro prestes a detonar toda a cidade. Pensava comigo: não vou meter a cabeça nessa bola nem com reza braba. Não é possível! Vamos lá cara... Você tem que acreditar que isso não está acontecendo contigo. Essa bola não está vindo na sua direção. Olha de novo. Vai! Confere. Ah!!!! É verdade! Você quis mentir pra si mesmo, mas pro seu azar, a desgraçada, realmente, esta a caminho. E você terá que cabeceá-la. Não tem escapatória. Quando a fela-da-puta chegou, cabeceei com toda a minha a força. Depois da pancada só vi a pelota lá do outro lado do campo. Passou longe do gol. Na hora só senti o cérebro mexer. Oh merda! O meu cérebro deve ter descolado da minha cabeça, como vou dizer em casa que o meu cérebro esta descolado. Um lado da minha testa estava formigando. 

Então cheguei pro zagueiro e perguntei:

- Aí cara, fala a verdade, olha aqui pra mim, e não mente: vê se eu perdi alguma parte do meu cabelo aqui ó (apontei a parte que estava formigando), porra, essa bola deve ser de capotão?

- Não cara... Tá tudo normal.

- Tem certeza?

- Teu cabelo tá aí.

- Achei que tinha perdido naquela cabeceada, valeu...

Depois de algum tempo me senti melhor, e terminei a partida são e salvo. Aí os meus amigos estavam me sacaneando por causa desse jogo, e outros lances que não me lembro agora. Teve uma época que até enganei no futebol, mas pra falar a verdade, sou mô perna de pau. Hoje só vou lá pra tomar cerveja e zoar das trombadas, das confusões, das faltas, dos gols anulados, dos cartões, dos gols perdidos, e de toda a farra. Jogo amador só acaba em confusão. Pode apostar.

Pela noite fui ao show do meu brother Paulinho. Fui lá curtir a sua banda de rock. Toquei gaita com eles, e cantei um pouco também. Foi massa! Teve uma porrada de som bacana. Me diverti a beça. Espero que não tenha estragado nada. De vez em quando a noite termina bem. Essa terminou.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

No Divã do Caneco

Por.: Caco Galhardo

Em resumo é isso aí

Muito
(Nei Lisboa)

Eu sempre quis muito
Mesmo que parecesse ser modesto
Juro que eu não presto
Eu sou muito louco, muito
Mas na sua presença
O meu desejo
Parece pequeno
Muito é muito pouco, muito
Broto você é muito, muito

Eu nunca quis pouco
Falo de quantidade e intensidade
Bomba de hidrogênio
Luxo para todos, todos
Mas eu nunca pensei
Que houvesse tanto
Coração brilhando
No peito do mundo, louco
Gata, você é muito
Broto, você é massa, massa