sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Desvios do que precisa ser guardado
A voz rouca reclamava, sentia falta, pedia algum sentido, dedilhava cada detalhe como numa precisão cirúrgica. Por sua vez havia entendimento do outro lado. A experiência era conhecida. O dia lento e sem muita razão, lembrança do que estava escrito, complemento daquela forma de pensar que não era sua, mas que poderia ser por tamanha semelhança fechou a frase. Aí debaixo do cobertor se sentisse bem: essa chuva, e esse friozinho o retornaria a algum canto conhecido. Não vá se perder com as dúvidas. As palavras repetidas agora clamavam por outro colorido. O dia amanheceu chovendo com uma barreira nova. Lá do outro lado alguém sentia as mesmas coisas de antigamente. Parecia você. Não era tristeza, muito menos alegria, somente o latido do cão na rua, o freio do carro na esquina, e o que mais te alimentava por dentro. Uma comida que já te saciou. Um minuto e a mulher da reportagem estaria morta. Esse dia vai ser comemorado. Ela estava sem graça. Alguns dias para uma nova percepção. Essa é a maneira de ficar bobo, e nada precisa explicar. O lar da cidade continua até você saber o que precisa ser guardado. As ruas já estão secas, e alguém que não sei o nome passou lá do outro lado. Escuto um espirro. Tabelas práticas que fazem parte desse instante. Que nos faz calar para depois escrevermos o que não se consegue dizer por não encontrar as palavras correspondentes. Alguém que não sei o nome caminha na direção contrária. O outro texto, o da voz rouca, terminou bem.
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