quarta-feira, 31 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Uma hora pode dar certo
Dois minutos e não chegaria a tempo. Prestei atenção na
música da rádio FM. Por que eles tocam tanto Ana Carolina? Um grupo de adolescentes
entrou na loja pela direita. Eles pareciam animados. Um senhor conversava com a
atendente. Perguntou pra ela qual era a boa da noite. Ela tentava mudar o
assunto, mas ele não deixava a peteca cair. “O que você vai fazer hoje noite?
Beber uma cervejinha, beijar na boca”. “O
que é isso?! Eu vou buscar o meu filho, e vou pra casa, ora, não tenho tempo
pra isso não”. Só que o coroa voltava a insistir. Num momento ela já estava rindo.
Fui embora, e ele ficou lá perto do caixa. No outro dia tive que passar lá
novamente e encontrei a mesma atendente no seu posto. Agora tinha um ajudante no
mesmo lugar em que o velho estava encostado. E ele não arredava o pé dali. Pelo
visto a cervejinha ficou só no papo. O coroa vai ter que mudar de tática, ou
brigar pelo posto.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
No Fone de Ouvido
Pra não deixar o blog parado, aí vão alguns vídeos. O primeiro tem uma música inédita do Barão Vermelho. A música estava perdida nos arquivos da gravadora, e ia entrar no primeiro disco da banda, mas por ser uma balada acabou ficando de fora. Agora eles fizeram um arranjo novo e aproveitaram a voz do Cazuza. Ficou muito bacana. É legal escutar o velho Cazuza mandando ver nos vocais. A banda tá comemorando trinta anos do lançamento desse disco. O segundo vídeo é um documentário sobre o Renato Fernandes, vocalista da banda: Bêbados Habilidosos. Muito bom! Grande bluseiro!!! O documentário foi feito pelo Kleomar Carneiro, e o Vinícius Bazenga. Mostra bem a personalidade do Renato, e é imperdível. Se tivesse que dizer qual bebida representaria a sua poesia, com certeza, seria um Jack Daniel’s original numa bela dose de caubói. O terceiro vídeo, também é um documentário, só que agora, dirigido pelo Grima Grimaldi sobre a banda: Saco de Ratos Blues. Formada pelo Bortolotto, Fábio Brum, Rick Vecchione, Watanabe, e Pagotto, os caras fazem um som infernal. E mesmo que seja uma balada, você não vai sair ileso. É só curtir!
Sorte e Azar:
Ele é o Blues:
Saco de Ratos Blues:
sábado, 20 de outubro de 2012
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Pata de Elefante
Nunca
tomei uma surra de verdade. Nem dos meus pais. Nem de ninguém na rua. Só
troquei uns tapas. Agora discutir... Pô! Já troquei farpa com muita gente. Hoje
quando vejo que a coisa começa a esquentar me mando sem olhar pra trás. Nunca
valeu a pena, e nunca vai valer nada. Outro dia vi meus amigos quase se matando.
Chegou um momento que nem eles sabiam o motivo da discussão. De alguma forma da até pra entender. Tem
hora que a encheção de saco faz a gente tomar atitudes inesperadas. Certa vez eu
tinha levado o meu violão pro bar, e um cara que estava no boteco ao lado, chegou, e me pediu emprestado. Depois de algum tempo fui lá buscar a viola, só
que o infeliz não quis me devolver, e ainda ficou tirando sarro com a minha
cara. Num ato de fúria apliquei um soco no queixo do babaca, e um bicudo na
mesa. Ele caiu no meio da rua, e saiu correndo desesperado. O idiota que estava
com ele também se mandou. Ainda bem que tenho amigos por que foi só dar aquele
soco pra moçada pintar na área. Os dois poderiam acabar comigo. Foi aquela
balbúrdia. A dona da birosca ainda veio com um papo sobre a conta, e a cadeira
quebrada. Catei o meu violão e voltei pra mesa. Noite maluca. Tenho um amigo que
sabe o que é tomar um soco bem dado. E tudo por discussão besta. Quando vi, o
murrão já tinha entrado no seu olho direito. Inchou tanto que parecia o Balboa
no final de Rock 01 naquela luta contra o Apolo. Fiquei chateado pelos idiotas.
Amigo brigando não é legal. Descolei um gelo e fiquei ali até o cara se
recompor. Deve ser terrível tomar uma porrada na cara. Aí hoje eu enfiei a
cabeça num armário com tanta força que achei que tinha tomado uma patada de elefante. A sensação deve ser parecida com um murro. Você fica desnorteado. Sem
rumo. Só que aí foi só a pancada. E briga tem aquela sensação de deixar você
pra baixo. Mas não imaginava que uma pancada na moringa doesse tanto. Essa
porrada de hoje me deixou na lona. Tô com um galo na cabeça. Maldito armário!
Nunca imaginava que levaria uma patada de você. Mas foi bom. Fiquei mais esperto.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Conselho Besta
Me pediu um conselho. Falei o que me veio à cabeça naquela hora. Depois fiquei tentando me lembrar de qual foi o último que pedi a alguém. Realmente devo ser cabeça dura. Ela foi embora com o meu conselho, e a sua confusão mental. Semana que vem a gente deve se topar de novo. Dependendo do que me falar, não vai ser difícil descobrir se ela botou fé no que eu disse ou não. Tomará que não. Tomará que a sua confusão mental tenha servido pra alguma coisa. Ficaria triste se o meu conselho besta pudesse interferir em alguma coisa. Preferia escutar: olha, pensei no que você me disse, mas... E esse, mas, soasse forte. Certeiro! Por que, diabos, todo conselho tem o seu perigo. E se ela acatar agora, provavelmente, virá atrás de outro, e se bobear, outro. Não devia ter dado conselho algum. Isso é coisa de amador. Então aprende e não vacila da próxima vez. Se é que vai ter a próxima vez.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Hei!!!!
O mengo não jeito. Haja cerva pra conseguir acompanhar um jogo mais tranquilo. Tava com vontade de escutar esse som da Patti Smith. Grande mulher!
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
GRRR! 2013
Algumas taças de vinho e agora umas antarcticas pra ver o jogo do mengo. Olha só que palavra bonita: noite!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Vagabundos Iluminados
Aí vai alguns trechos da entrevista do Claudio Willer para Correio Brasiliense em 29/9/2012.
Quem são os precursores reconhecidos ou não da literatura
beat? Walt Whitman?
Jean-Arthur Rimbaud? Baudelaire? Louis Ferdinand Céline?
E William Blake. Mas ele e outros autores que você cita –
Whitman, Rimbaud, Baudelaire – são universais. Influenciaram tudo, a beat e o
restante. É forte a influência dos românticos – Gregory Corso idolatrava
Shelly, fez que o enterrasse em Roma ao lado do túmulo do poeta inglês. E de
formalistas: Ezra Pound e dois de seus seguidores, William Carlos William,
mentor de Ginsberg, e Charles Olson, cultuado por Michael McClure. E muito
mais. Kerouac e amigos faziam leituras em voz alta de Ulisses e Finnegan’s Wake
de James Joyce, para captar a prosódia. Viajavam com um volume de Proust, como
foi mostrado no filme de Walter Salles, Na Estrada.
Há uma leitura talvez rasa segundo a qual os autores da
literatura beat eram pouco letrados. Isso procede?
Basta lê-los! O tempo todo comentam suas leituras. Kerouac,
nos diários e em Anjos da desolação: “Histórias de dor! De repente estou
escrevendo como Céline”. Etc. Mais importante que os comentários é o
intertexto: reescreveram e recriaram o que leram. Em todos eles, constantemente,
se observa o diálogo criativo com outros autores.
Parece que Charles Bukowski não gostava de ser ligado à
literatura beat. Como avalia as relações dele com o movimento?
Bukowski reconheceu a importância de Ginsberg, e da beat em
geral, em Pedaços de um caderno manchado de vinho. Mas, naquela altura, os
beats eram celebridades, e Bukowski fazia questão de ser a margem da margem, o
rebelde perante a rebelião. Beat, já convertida em beatniks e em contracultura,
era algo coletivo demais para ele, individualista radical: “Eu era um movimento
de protesto, sozinho”, escreveu. Ademais, religiosidade e misticismo, fortes em
Ginsberg, Kerouac ou Snyder, eram algo ausente de seu interesse ou
sensibilidade.
Pra fechar! Um trecho do poema Uivo de Allen Ginsberg traduzido pelo
Claudio Willer também.
"Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura,
morrendo de fome, histéricos, nus,
Arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em
busca de uma dose violenta de qualquer coisa,
“hipsters” com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato
celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
Que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando
sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente,
flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,
Que desnudaram seus cérebros ao céu sob Elevado e viram
anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,
Que passaram por universidades com olhos frios e radiantes
alucinando Arkansas e tragédias à luz de Blake entre os estudiosos da guerra,
Que foram expulsos das universidades por serem loucos &
publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,
Que se refugiaram em quartos de parede de pintura descascada
sem roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestos de papel, escutando o
Terror através da parede".
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
sábado, 6 de outubro de 2012
Leitura de Sábado
Mulher
andando nua pela casa
.................................................................................................
envolve a gente de tamanha paz.
Não é nudez datada,
provocante.
É um andar vestida de nudez,
inocência de irmã e copo d’água.
O corpo
nem sequer é percebido
pelo ritmo que o leva.
pelo ritmo que o leva.
Transitam curvas em estado de
pureza,
dando este nome à vida: castidade.
Pêlos que fascinavam não
perturbam.
Seios, nádegas (tácito armistício)
repousam de guerra. Também eu repouso.
repousam de guerra. Também eu repouso.
.................................................................................................
A bunda, que engraçada.
Está sempre
sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais?
Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses
garotos
ainda lhes falta
muito que estudar.
A bunda são duas
luas gêmea
sem rotundo meneio.
Anda por sina cadência mimosa, no milagre
de ser duas em
uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta
própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia
infinita.
Lá vai sorrindo a
bunda.
Vai feliz na carícia de ser e balançar
Esferas
harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda
redunda.
(Carlos Drummond de Andrade em O amor
natural, 1992)
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Essa moça tá diferente
Robert Crumb |
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Gata Garota
Com o barulho de sirene por quase toda avenida,
a solitária garota observa o movimento encostada na mureta. O carro da polícia
voa como um mirage. Alguém deve estar aprontando no bairro. Agora tem uma
academia no fundo do comércio. É um entra e sai danado. Um desfile gratuito que
deixa o ambiente daquele jeito que a gente gosta. Ninfeta. Trintona. Coroa. Mulher triste. Chateada. Amigas. Diabinhas. Aquelas que se fazem de santa. As radicais malhadas. Poxa! Alguém daquele grupo revolucionário: femen? Deve ser complicado
manter o padrão. É engraçado essa preocupação feminina. Pra mim até aquela
gordinha lá da loja de sapatos é gostosa. Aliás, mulher que quer esconder a celulite
com certeza deve ter problema pra gozar. Agora a solitária garota ascende um cigarro, dá um
salto, e se apoia na mureta. Fica sentada ali. Mexe na bolsa. Parece ser uma
balinha. Coloca na boca. Deve ser um halls. Então ela fuma, e chupa a balinha,
ou o halls, e fica com aquele olhar longe, mas longe mesmo. Outro carro
da polícia. Não deve ser coisa pequena. Ih! Caralho. O milico já está com a
arma pra fora da janela. Oh profissão difícil. Não tem um minuto de descanso.
Ladrão trabalha até nas férias. A solitária garota parece despreocupada. Isso é
bonito. O cigarro deve estar no jeito. Ela vira de costas para olhar na direção
contrária. Passa outra garota em direção à academia. Ainda bem que não sou
policial. A bandidagem não dá trégua. Mas eles são pagos pra isso, então bom trabalho
rapaziada. Que isso! Outra beldade indo malhar. A solitária garota se
apoia novamente na mureta, e ela não é gostosa, mas é bonita. Essa área está muito bem
frequentada. Ainda bem que a polícia não anda por esse lado. Dá pra roubar um
naco de peito aqui, um rebolado ali, um descuido malicioso, ou aquela velha
abaixada pra catar a toalha porque tem gostosa
que faz determinadas coisas só pra maltratar a gente, mas que dia é hoje?
Quinta-feira. Volto apreciar a linda garota fumando o seu cigarro. Ah! Se eu fosse um sequestrador!
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