De volta a alguns hábitos, achei um banco, e decidi largar
o que estava pensando na hora. Só sei disso porque me concentrei na paisagem lá fora, nas árvores, nos prédios. Então notei que estava sentado na cadeira reservada. Olhei ao redor e
ninguém parecia se incomodar. Entrou uma menina com óculos escuros, e em
seguida uma menina de cabelo rosa. A de óculos escuros parecia cansada. A outra sorria
pra tudo quanto é lado. Achou uma cadeira lá no fundo. Só vi o cabelo rosa em destaque no canto. O ônibus começou a chacoalhar.
E o motorista acelerava como se estivesse domando um rinoceronte. Esses caras
devem ter uma cadeira cativa no céu. O ônibus encostou no ponto, e entrou uma mulher bastante gorda com uma
criança no colo. Cedi o meu lugar. Opa! O lugar é dela por direito. Criança
pequena num baú velho deve ser complicado, ainda mais com um moleque hiperativo daquele jeito, o pivete não parava quieto. Olhei pra ele e sorri. Se
acostuma pequeno... Tenho certeza que daqui uns anos você vai estar puto de
raiva. Se divirta enquanto é tempo. Ele sorriu pra mim alegremente. Me senti bem. A menina dos óculos escuros desceu no Shopping
Center. Talvez fosse trabalhar. Encontrei um banco vazio à direita. Agora uma loira
brincava com o pequeno no colo da mãe que eu tinha cedido a cadeira. Que loira adorável! Me lembrei da Vivi
Fernandes. Tirando a sacanagem, pode até parecer brincadeira, mas a loira lembra ela mesmo. Por isso que me veio essa comparação. Moleque
de sorte! Saudade de ser criança. É por isso que digo novamente meu pequeno:
aproveita enquanto é tempo. Daqui uns dias você vai tá pagando passagem e
ninguém vai olhar na tua cara. Nem mesmo te fazer um cafuné gostoso. Não é todo dia que esse ônibus chega desse jeito. Pelo ao menos hoje passou na hora.
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