Do corredor surgiam barulhos estranhos: ora gemidos, ora passos. Chegavam assim apressados, desesperados... Quando a porta do quarto se abriu, apareceu uma menina atrás da caixinha de primeiros socorros. A caixa estava ali debaixo do seu nariz, mas ela fazia tanto doce por causa de uma queimadura boba que demorou a encontrar.
- O que foi?
- Queimei o braço, droga.
- Com o quê?
- Óleo quente.
- Me ajuda aqui, vai...
- Poxa! Você quase me mata de susto! Ainda tava dormindo...
- Ah tá, me desculpa, não foi a minha intenção.
- Deixa eu ver se machucou.
- Acho que só foi um pouquinho, mas tá ardendo...
- Ah! Tá tranquilo. Daqui a pouco você esquece.
- Ainda bem, né! Cadê a caixinha de primeiros socorros?
- Pô! Não sei... Mas olha ali no canto. Tem tanta coisa amontoada que deve tá por lá.
- Me ajuda aqui, vai!
- Tá.
- Não tá aqui, não. Vou dar uma olhada no banheiro.
Quando a ela saiu pelo corredor, ele encontrou a tal caixa debaixo da mesa. Dentro tinha um esparadrapo, dois antiácidos, um pacote de gaze, um pacote de camisinha aberto, e uma tesoura. Ao sair do quarto pressentiu certa estranheza no lugar, então se perguntou: dá onde eu conheço essa menina? como fui parar aqui? onde descolei essa fantasia de palhaço? cadê o pessoal? será que entrei na casa certa?
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