sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sexta-feira


Uma camionete para no sinal vermelho. No reboque carrega uma lancha encoberta por uma lona creme. Ao lado passa um mendigo empurrando um carrinho de compras cheio de quinquilharias. O calor está infernal. Rostos sem expressão se cruzam a cada minuto. Próximo do retorno, funcionários do governo cavam uma vala. E logo ali à esquerda tem um parque com uma academia comunitária. Uma menina fuma o seu baseado tranquilamente, e em seguida passa pro cara que está largado no banco. Funcionários de alguma telefônica estão na esquina do outro lado da rua. Um está na escada enquanto outro busca uma ferramenta no chão. Uma mulher desce do ônibus aparentemente sem rumo. Recebo o cumprimento de uma pessoa que nunca vi. Respondo meio sem graça. Provavelmente deve ser maluco. Três noiados caminham lentamente mais à frente. No sentido contrário aparece uma bicha com duas meninas fazendo malhação. Passam por eles. É o encontro. Tenho o pressentimento de que agora vai acontecer a trucidação. Eles não vão deixar passar barato, e vão detonar o cara. Se topam perto da quadra de futebol. A bicha passa no meio dos três. Os noiados ficam puto da vida. E começam a xingar. Chega até ser engraçada a reação dos três. Os caras ficam indignados. Procuro a camionete e o mendigo, mas cada um seguiu o seu caminho. O sol não dá trégua. Só tá faltando a caatinga. Respiro um pouco de poeira. No horizonte só se vê aquela cor cinzenta. Escuto uma freada, e o som de uma moto. Procuro o celular no bolso e vejo que esqueci em casa. Parece tudo calmo ao redor. Digo parece. Esse calor deixa a gente em órbita. Passo pela rua onde uma mulher havia se suicidado. Dou um sorriso meio que querendo espantar os pensamentos maus. Uns moleques passam de bicicleta voando à minha esquerda. É isso aí molecada! Sem curtição não há vida.  

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