quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Vininha, Vininha...

No espaço de Blogs e Sites que está aí do lado coloquei um link do site oficial do Vinicius de Moraes. E o site ficou muito bacana. Andei conferindo e curti bastante. Nesse link você pode curtir vários poemas do Vininha. E o mais bacana é que além da poesia, você pode encontrar a prosa dele também. Não conhecia muito bem essa parte. E tô lendo aos poucos. Admiro esse poeta pra caramba. Um cara que curtiu a vida sem deixar ela escapar nenhum segundo sequer. Quando comecei a escutar bossa nova por causa dele e do Tom Jobim, a primeira impressão que tive foi de como eles retravavam o encantamento pelas mulheres, e a devoção ao whisky. Os dois foram certeiros. Na época eu tava apaixonado por uma menina e ficava enchendo a cara com whisky só pensando em fazer um verso pra ela. Nunca consegui fazer. Mas o destilado como ele mesmo dizia era o cão engarrafado, o melhor amigo do homem. E me identifiquei. Logo descobri - Carlinhos Lira, João Donato, Jhonny Alf, João Gilberto, Marcos Valle. A batida e o ritmo da bossa nova parecia combinar perfeitamente com essa vontade de querer a mulher amada, e o whisky liberar a inspiração. A bossa nova pode ser chata, mas consegue exprimir esses sentimentos de maneira arrebatadora. Pouca gente curte. E dá até pra entender. Quando escutei o ritmo ainda adolescente saquei que você tinha primeiramente: a batida, o whisky, a mulher, e o Rio de Janeiro como pano de fundo. Se você quiser o whisky primeiro, a batida depois, e a mulher em seguida não tem problema. O Rio de Janeiro sempre vai ser o pano de fundo. Só que hoje isso está invertido. Acho que depois das novelas do Manoel Carlos essa ordem foi modificada. Não tenho nada contra as novelas dele, mas acho que elas deram um olhar equivocado à bossa nova. O Rio de Janeiro saiu de pano de fundo para estampar a manchete do ritmo e até mesmo ocultar essa sequência que falei acima. E outra mudou de bairro. Saiu de Ipanema onde os músicos admiravam as gostosas a caminho do mar para o Leblon. Com todas aquelas tramas repetidas das novelas. E aí, a bossa nova ficou estigmatizada na cabeça das pessoas como algo bairrista quando perdeu a sua ideia primordial que é o encantamento pelas mulheres com umas boas doses de whisky. Basta escutar a belíssima canção do Marcos Valle – Samba de Verão: “Você viu só que amor, nunca vi coisa assim...” e o que vem a cabeça? Novela das oito com toda a certeza. E isso está errado. A bossa nova virou música de churrascaria. Fui almoçar com o meu irmão, e a minha mãe num domingo, e lá tinha um cara tocando sem nenhuma inspiração. Enquanto bebericava um chopp me senti mal sentado ali. Parecia enredo de novela. Álbum de família. Logo pedi um destilado e comecei a olhar as gostosas ao lado e tudo melhorou. Mas o cantor ainda parecia agoniado. Dava pra ver. Mais pra frente ele até conseguiu dar alguns sorrisos forçados. E apesar da situação o cara merece todo o respeito. A culpa não é dele. Posso estar equivocado, mas a bossa nova só vai continuar viva quando o Rio de Janeiro que é um lugar maravilhoso voltar a ser somente o pano de fundo, e não a cereja do bolo, porque a cereja do bolo é a mulher e o whisky sempre. Como na canção - Carta ao Tom“É, meu amigo, só resta uma certeza / É preciso acabar com essa tristeza / É preciso inventar de novo o amor”.
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Se você quiser conferir as crônicas do Vininha é só clicar aqui ou dar um pulo no link aí do lado. Você vai encontrar na parte da prosa. Olha só esse trecho (abaixo). O cara conhecia muito bem a noite, e quem curte a noite sabe do que ele estava falando.

“Há amigos a quem querer bem se vai tornando, à medida, um sacrifício, de tal modo eles "bagunçam o nosso coreto", como se, diz por aí. Amigos que impõem a própria desarmonia, violentam a nossa intimidade, nos agridem quando bebem e estão sempre a nos pedir prestações de contas. São os tais que a gente gostaria de fazer "virar fada" quando se entra numa boate, porque o mínimo que pode acontecer é se brigar com a mesa ao lado. Eles têm o dom de provocar o assunto mais explosivo para o nosso convidado, ou assumem o direito de achar que as moças que estão conosco adoram ouvir palavrões ou ser manuseadas. E quando já chatearam ao máximo, partem ofendidos, sem pagar a conta, depois de nos fazer ver que estamos ficando "muito importantes" ou "não somos mais o mesmo".
Outros, pelo contrário, como Otto parecem estar sempre esticando uma mãozinha disfarçada para nos ajudar a carregar a nossa cruz. São seres de bons fluidos, que, quando a gente encontra, o dia melhora. Eles têm o dom da palavra certa no momento certo, e mesmo que tomem o maior dos pileques jamais se tornarão motivo de desarmonia. Sabem respeitar ao máximo a liberdade alheia, a verdade alheia e a mulher alheia. E não é outra a razão pela qual Otto Lara Resende tem tantos "deslumbrados", dos quais o mais conhecido é sem dúvida seu maior "promotor", o teatrólogo Nelson Rodrigues”.

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Pra fechar: um poema do poetinha.

Soneto do maior amor
Vinicius de Moraes

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
 
Oxford, 1938.
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Poesia pra todos nós.
E até 2012 se Deus quiser.
Grande Abraço!
Boas festas...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Então é Natal

O Papai Noel nunca foi e nunca será uma figura confiável. O bom velhinho não passa de um pilantra atrás de uns trocados. Você tem que ficar esperto com ele. O cara pode acabar com o seu bolso num piscar de olhos. Quando criança ficava sempre com um pé atrás com esse papinho: “Ele vai deixar um presente no seu quarto”. Como? “Sim, ele vai deixar um presente ao lado da sua cama, você passou de ano na escola, então ele vai deixar uma surpresa no dia de natal”. Aí eu ficava preocupado. E sempre dormia com uma faca debaixo do travesseiro. Ficava deitado na minha cama com o cobertor em cima da cabeça contando até cem, e depois até duzentos. Na verdade ficava arranjando coisas para me distrair. Precisava ficar bem acordado. Não podia vacilar. Que palhaçada era essa de Papai Noel? 

Aí, quando esse velho escroto invadisse o meu quarto, ele ia ver o que era bom pra tosse. Quando descobri toda essa estória de presente de natal disse pro meu pai: Pô! Você tava correndo risco de vida. Deveria ter largado de onda. Por que não me falou a verdade? Eu poderia ter enfiado uma faca no teu bucho fácil, fácil. Tenho certeza que dificilmente vou gostar de natal. Só é bom pelas companhias. Não pela festa. A festa nunca me agradou. Gosto somente de rever as pessoas que são importantes pra mim. Pessoas que tenho um enorme carinho. Isso me deixa feliz, e até mesmo tranquilo, contente. Nunca fui religioso. Mas espero que todos curtam da melhor maneira possível. Natal é uma festa meio deprê, né. E deprê só funciona com blues e whisky. Então esse negócio de árvore de natal com música do bom velhinho na vitrola é pior do que arrumar confusão em bar com uma galera inteira querendo te matar. E queira ou não queira muita gente força a barra. O negócio é tentar levar numa boa. Fácil? Não é. O clima te envolve e é muito difícil de escapar ileso. Então: Jesus meu amigo! Tenho certeza que você gostava de vinho. E não me venha com esse papo de que o vinho daquela época era mais fraco, ou até mesmo sem álcool. Sem essa! Vou à igreja rezar um pouquinho. Vou num dia em que ela estiver vazia, sem padre e sem fiéis por perto. Sou um católico que gosta de vinho. Não tenho nenhuma paciência de escutar sermão de padre. Muito menos assistir a missa do galo pela televisão. Mas fico na minha. Não gosto de estragar o encanto de ninguém, mas não me peça para participar. Prefiro uma taça de vinho com um rock and roll ao fundo. Me lembro de rezar na chuva em dia de natal. Da época de moleque, das festas na casa da minha tia, dos porres de vinho ‘Sangue de Boi’, Deus do Céu, porre de vinho é terrível. Me lembro de quando era moleque e ganhei uma guitarra de plástico do meu tio. 

Quando estávamos de volta ali no carro com o meu pai dirigindo, e a minha mãe ao lado, os meus irmãos dormindo no banco de trás, eu ficava olhando pra ela. Toda vez que passava debaixo de um poste na rua e a luz iluminava o banco de trás, a minha guitarrinha aparecia no meu colo, então aproveitava para dedilhar as cordas numa imensa felicidade. Aos poucos acabei dormindo também. Quando acordei já estava em casa deitado na minha cama. Acho que nesse dia não dormi com a faca debaixo do travesseiro. Lembranças boas que nessa época do ano sempre aparecem dentro da cachola. Mas saiba de uma coisa velho natalino. Ainda te esfaqueio! Basta você querer invadir o meu quarto com um presentinho pra ver o que é bom pra tosse. Mas se no sábado você quiser aparecer com uma garrafa de vinho e mais umas gatas, bom, aí pode deixar o presente e depois cair fora. Anota logo: um vinho de boa qualidade, de preferência tinto seco, e mais umas garotas bem animadas, beleza? Quero todas bem alegrinhas pra gente comemorar a festa de nascimento do menino Jesus. Mas não vacila, deixa o presente ao lado da porta e depois te manda, a sua presença não é bem vinda. Como o Keith Richards dos Stones, eu também tenho o meu canivete na cintura.  Feliz Natal pra todos. Exagerem e se possível passem mal no outro dia. É só uma vez por ano. E se você não curtir vai ter que esperar um ano inteirinho pra acontecer tudo isso novamente.  Rô rô rô rôoooooo Play

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pelota Sanguinária

Passei a tarde desse último sábado jogando papo fora com uns amigos das antigas. Um sacaneando o outro até dizer chega. Me acabei de rir. Mas não escapei de ser zoado também. Acho que eles foram até bonzinhos comigo. Conversamos a tarde inteira, e o papo foi até o começo da noite. A cerveja gelada sempre vinha na sequência: uma atrás da outra. Me espreguicei na cadeira vendo o movimento sem nenhuma preocupação. Ué! Tenho um blog chamado cerveja no caneco. Aí estiquei os pés, e pensei: isso merece um texto. É bom ficar sem fazer absolutamente nada. E melhor ainda quando estamos ao lado dos amigos. Há muito tempo atrás fui jogar um futebol de campo, e na hora do escanteio fiquei no 2º pau. Bom, eu sabia que o cara não ia conseguir cruzar a bola até ali. Algo me dizia que ele nunca conseguiria lançar até aquela parte da área. Eu estava de zoação, só fazendo coro. Mas não é que o cara conseguiu lançar a bola. A infeliz veio como se fosse um meteoro prestes a detonar toda a cidade. Pensava comigo: não vou meter a cabeça nessa bola nem com reza braba. Não é possível! Vamos lá cara... Você tem que acreditar que isso não está acontecendo contigo. Essa bola não está vindo na sua direção. Olha de novo. Vai! Confere. Ah!!!! É verdade! Você quis mentir pra si mesmo, mas pro seu azar, a desgraçada, realmente, esta a caminho. E você terá que cabeceá-la. Não tem escapatória. Quando a fela-da-puta chegou, cabeceei com toda a minha a força. Depois da pancada só vi a pelota lá do outro lado do campo. Passou longe do gol. Na hora só senti o cérebro mexer. Oh merda! O meu cérebro deve ter descolado da minha cabeça, como vou dizer em casa que o meu cérebro esta descolado. Um lado da minha testa estava formigando. 

Então cheguei pro zagueiro e perguntei:

- Aí cara, fala a verdade, olha aqui pra mim, e não mente: vê se eu perdi alguma parte do meu cabelo aqui ó (apontei a parte que estava formigando), porra, essa bola deve ser de capotão?

- Não cara... Tá tudo normal.

- Tem certeza?

- Teu cabelo tá aí.

- Achei que tinha perdido naquela cabeceada, valeu...

Depois de algum tempo me senti melhor, e terminei a partida são e salvo. Aí os meus amigos estavam me sacaneando por causa desse jogo, e outros lances que não me lembro agora. Teve uma época que até enganei no futebol, mas pra falar a verdade, sou mô perna de pau. Hoje só vou lá pra tomar cerveja e zoar das trombadas, das confusões, das faltas, dos gols anulados, dos cartões, dos gols perdidos, e de toda a farra. Jogo amador só acaba em confusão. Pode apostar.

Pela noite fui ao show do meu brother Paulinho. Fui lá curtir a sua banda de rock. Toquei gaita com eles, e cantei um pouco também. Foi massa! Teve uma porrada de som bacana. Me diverti a beça. Espero que não tenha estragado nada. De vez em quando a noite termina bem. Essa terminou.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

No Divã do Caneco

Por.: Caco Galhardo

Em resumo é isso aí

Muito
(Nei Lisboa)

Eu sempre quis muito
Mesmo que parecesse ser modesto
Juro que eu não presto
Eu sou muito louco, muito
Mas na sua presença
O meu desejo
Parece pequeno
Muito é muito pouco, muito
Broto você é muito, muito

Eu nunca quis pouco
Falo de quantidade e intensidade
Bomba de hidrogênio
Luxo para todos, todos
Mas eu nunca pensei
Que houvesse tanto
Coração brilhando
No peito do mundo, louco
Gata, você é muito
Broto, você é massa, massa
  

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Debaixo do meu nariz

Às vezes percebo quando determinada coisa me faz bem: uma música, um belo gole de whisky, o sorriso da minha mãe contente, as mesmas piadas dos velhos amigos, uma farra de madrugada. Fatos. Palavras. Encontros casuais. Quer dizer, eventos que fora de mim vão surgindo, mas que de alguma maneira mudam o rumo de como estou no momento. É bom quando encontro algo que estava perdido, e vejo que ele estava ali debaixo do meu nariz o tempo inteiro, e eu nem tinha percebido nada. 

Por.: Guilherme Ferreira
Três dias atrás achei um livro dentro de uma caixa quando pensava que estava em outra, caramba, não ia encontrar nunca. Aí por acaso lá está o danado de bobeira por ali, como foi parar lá? Abro uma página qualquer, e leio com um sorriso meio bobo na cara. Os poemas não prestam. São fraquinhos. Agora: os contos são bons. Nem todos estão bem escritos, mas gosto deles. Aprecio-os feito comida feita na hora. Tem umas gravuras também. Elas valem à pena. São o que há de melhor nele. Eu tava falando do que mesmo? Hum... Espera aí. Vou reler um pouco. Ah tá! Algo que acontece sem você perceber, e de repente, isso leva a gente pra outra situação. Hoje o excesso de estímulo, propaganda sonora, poluição visual é tão massacrante que quando você vê, já está caminhando conforme a música, e nem percebe. A sugestão vem sem pedir licença. Você já viu as propagandas de cartão de crédito? Uma tremenda arapuca de mau gosto. Mas nem sempre adianta ficar agoniado, né. Se chatear com bobeira. Esse mundo consumista do caralho consegue estragar sentimentos belos. Acho que por isso que aprecio a piada, a zoação, a compaixão, o silêncio, a raiva, a atenção, ou até mesmo o cinismo. Por que é uma maneira de você reprocessar o que está rolando ali na tua frente em contraponto com o que acontece no seu mundo particular: de você com você mesmo. Provavelmente o que acontece em público vai acontecer no privado. Quanto tô triste, eu gosto de estar triste. Não vou mudar. E isso acontece quando estou alegre também. Às vezes a experiência é uma bosta. Só que por incrível que pareça isso me deixa mais tranquilo. O mundo se acaba em alegria, e não é que a minha tristeza me faz bem. Olha só! Ou então, o mundo tá se acabando em tristeza. E a minha alegria me diz: fica na tua, o que tá lá fora não te diz respeito, agora, se você quiser se arriscar podendo até ficar mal, bom, pode ir, mas se vira depois, tá bom, e outra, não me encha o saco, o problema é seu.  Penso em contar até dez, e evito qualquer pose. Muito menos vou colocar uma placa luminosa na testa. Estou mal! Estou bem! Embora o sorriso faça isso às vezes. Sorrir ou chorar pode enganar quem adora se meter em descobrir o que acontece no íntimo do outro. 

Caralho! Que texto é esse?! Vamos lá, Rodrigo. Larga desse papo furado e não complica. Comecei a escrever de uma forma lá em cima, e agora tô aqui mudando o rumo da prosa. Bom, vou misturar logo tudo. Em janeiro volto a escrever aqui sem compromisso. Escrever o dia que eu bem entender, a hora que me der na telha. 2011 foi bacana aqui no blog. Quase como se eu desse uma mijadinha diária. E mudar o ritmo teve dos seus resultados. O texto bóia na minha cabeça. Parece que quero me livrar dele mais rápido (talvez pra não perder o fio da miada), só que depois ele vem numa boa, sem fazer alarde.

Escrevi dois textos que iria postar aqui, mas decidi que vão se tornar contos. Vou melhorar algumas passagens, e ver que bicho vai dar. Parece que a porteira da cervejada já está aberta. Nessa semana que passou quase dormi na mesa. Acorda aí cara, tá ficando torto. Voltei andando sozinho no intuito de melhorar da cevada. Me fez bem. Andar de madrugada nessa época do ano não tá pra brincadeira não, acho que os assaltantes querem o seu “agrado”, e a coisa só vai piorar. Tenho certeza que eles estão atrás do seu “décimo terceiro”. Eu que não quero ser o credor de ninguém. O preço da cerveja já está um assalto e tanto. Whisky então, nem se fala, e além do preço tem a procedência. É bem capaz de ser falso. Não me lembro o que escrevi lá no início do texto. É que ele fica boiando na minha cabeça. Até quero arrumá-lo. Se tiver difícil a leitura. Vai aos poucos. Você tem a semana inteira pra fazer isso. Tirei o pé do acelerador. 

Ah tá! Algo que acontece sem você perceber, e de repente, isso leva a gente pra outra situação. Tava pensando sobre isso, só que agora não penso em mais nada. Somente na morena que foi à padaria no jogo do mengo nesse último domingo com todo aquele seu rebolado. Penso que vou assistir a final do campeonato brasileiro por lá. O dono tem cara de ranzinza. O garçom é cheio de onda. O estacionamento lá na 2ª avenida não tem vaga. Pra descolar uma mesa é um problema. Mas a vizinha do bar compensa qualquer comentário fora de contexto. Qualquer briga besta. Ou até mesmo um atendimento sem graça em fim de tarde nublado.   

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quando o sofá fala mais alto

Quero pegar esse mês de novembro e também de dezembro para tirar o pé do acelerador. De vez em quando vejo alguém dizer: ‘caramba, como esse ano voou’, e pra falar a verdade também acho que passou muito rápido mesmo, me lembrei de um post que fiz em janeiro. Acho que era sobre curtir o começo do ano. De não se preocupar com o passar dos dias, deixar o relógio de lado, só que olha aí, já estamos em novembro meu amigo. Até o Papai Noel já deu o ar da graça. E pra piorar tem esse clima chuvoso. A preguiça chega sem pedir licença. Você tem que resolver isso! Tem que resolver aquilo! Ah! Deixa pra depois, mas não dá para deixar pra depois, e aí aquela velha cara feia se instala. 

Daqui uns dias ninguém tá se aguentando mais. E diante de você: supermercado lotado, estacionamento cheio, buzina, relatório para entregar no trabalho, presente pra criança, esposa, mãe, cachorro enchendo o saco. Esses meses são barra pesada, então é melhor deixar na banguela para aguentar o tranco depois. Inclusive esse blog. Disse que só vou aparecer por aqui na quarta-feira, né. Pois é... O blog também está nesse pacote de fim de ano. Mas acho que vai ser legal aparecer por aqui uma vez por semana. Porque assim fico com mais tempo para escrever. Tô dizendo isso, mas a verdade é que eu fiquei malandro, sabe. Da semana passada pra cá quis escrever alguma coisa aqui, mas só enrolei, não fiz nada. Pensei: vou fazer um texto sobre tal assunto, escrevo antes dormir, mas no final não cumpri nada do que havia prometido. 

Só que essa semana quero fazer diferente, vou tirar uma noite para escrever bastante e não deixar esse blog às moscas. Até pensei em escrever num caderno para depois postar aqui. Oh! Preguiça braba. Só pode ser doença. Vou dar um desconto. Já que estamos no fim do ano, vou me dar um desconto, um presente. Eu mereço me desligar. Mereço ficar vendo o movimento na rua. Manter distância do sermão dos chatos nos bares (não é pra qualquer um). Quero cuidar com atenção do que me falam ao canto do ouvido. Ouvir a carência das meninas nessa época de chuva torrencial e clima cinzento. Aliás, mereço conhecer uma garota que tenha um sorriso gostoso, e aprecie cerveja com moderação, e sem moderação.

Essa semana, além do texto aqui do meu querido blog, vou trocar as cordas do violão. Vou me desligar. Ficar longe das discussões bobas. Ficar longe do papo dos idiotas que me perseguiu o ano inteiro (foi difícil meu pai do céu, mas resisti, sou mais forte do que eles). Mas também sei que não vou cumprir tudo que prometi. Não é fácil. E também tem o tal do desconto. Vou ficar largado por esses dias. Depois me acerto comigo mesmo. 

Por enquanto vou pela calçada tranquilo. Não tem nada de diferente nas ruas. Só ontem pela tarde quando vi um camarada de paletó marrom e uma bermuda laranja. Uma combinação inusitada. Às vezes o cara saca de moda. Uns diriam: doidão. Ou excêntrico. Ou até mesmo brega. Mas já tá valendo, ninguém encheu o saco dele, mas também não deram muita atenção. Deve ser o efeito desse clima “amoroso” que pinta no ar sempre nessa época do ano. Talvez por isso que o comércio já tenha antecipado a chegada do velho Natalino. O cliente sempre tem razão. Será? Até a próxima semana. Eu juro que vou cumprir tudo o que prometi. Você acredita?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Agenda do Caneco

Aí moçada! Até o fim de dezembro vou escrever aqui só uma vez por semana. Sempre na quarta-feira. Então até o próximo dia 16. 

Grande Abraço!
Rodrigo Ferreira

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Últimas pinturas, alguns estudos & fotos do celular

 
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Depois tem mais.

Enquanto chove lá fora

John Lennon - 1972

sábado, 5 de novembro de 2011

1 - 2 - 3 - 4 - Vai!!!!

Uma rodada de cerveja ontem foi bacana. Papos e mais papos, histórias, lembranças. Hoje a noite tem som da banda de um amigo. Quero ver os moleques em ação. Espero que eles quebrem todos os instrumentos no final da apresentação. Brincadeira. Não precisa disso tudo, mas pensando bem, pô, eu tenho essa vontade de quebrar tudo, e depois jogar as caixas pro público, fazer o lugar virar uma balbúrdia daquelas. Me lembro de um vídeo do The Who destruindo o palco com uma bomba dentro do bumbo da bateria , do Hendrix colocando fogo na guitarra, do Nirvana levando abaixo todos instrumentos. Teve um baterista do Nirvana antes do Dave Grohl que se recusou a quebrar os tambores, e não deixou nem o Kris e nem o Kurt chegar perto, dizia que o istrumento tinha alma. Demitiram ele da banda. Mas o próprio Kurt não era bobo, ele só quebrava guitarra Fender. Dizia que ela só servia pra isso mesmo: pra quebrar. Concordo. Tem marcas de alguns instrumentos que tenho vontade de jogar contra a parede. Bem, vou tentar descolar esse álbum novo aí da Amy Whinehouse. Deve ter alguma coisa boa.  Tô precisando de um Jack Daniel's. Comprar alguns livros (depois escrevo aqui), e também escutar o disco novo do Tom Waits. Teve um dia que tava tocando violão com uma galera aí e me mandei, ontem fiquei sabendo que esse ato foi como se eu tivesse abandonado o palco. Achei engraçado. Não abandonei o palco. Simplesmente fui embora para não quebrar o violão de ninguém. Tem momento que a música é um saco, ou será os músicos, hum, tá aí, tô precisando de um Jack Daniel's. Sempre cai bem. Não tenho saco pra escutar determinados tipos de som. Músicos quebrem os seus instrumentos, já, hehehehe. Voz e violão se não tiver plugado numa caixa de som com microfone e no volume máximo, só presta no silêncio da madrugada, antes - esquece, prefiro um som na vitrola, um rock pra deixar uma turma contente, e a outra puta de raiva. Yeah!    

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Noite de Sexta

Começo de noite. Sexta-feira entro no bar do Beto na Asa Norte. De vez em quando passava lá para algumas cervejas antes da aula. Ficava das 19:30 até as 21:00. É que nessa época só tinha os últimos horários na faculdade, então ficava de bobeira por aí, ou estudava na biblioteca, ou ia pro bar. Nesse dia preferi o bar. O Beto é um cara gente boa. E além de ser bom de papo, ele não enche a paciência. Pra falar a verdade o cara tem a manha. Grande figura! Sai do setor bancário e fui direto para uma mesa reservada, bem lá no canto. De tal forma, que fiquei encostado na parede em frente ao balcão. 

Deixei os cadernos na mesa, e pedi uma gelada. Estiquei as pernas olhando as fotos na parede ao lado. Naquela época o bar organizava umas rodas de choro, e samba. Não sei como está hoje, mas rolava esses eventos por lá. Nesse dia o ambiente estava tranquilo. O Beto como sempre ficava lá do outro lado do balcão arrumando as coisas, e enquanto a cerveja descia aproveitei para trocar uma idéia com ele, e assim fomos jogando papo fora até escurecer. 

De repente entra uma mulher com uma pilha de cadernos e livros nas mãos. Linda! Coloca toda aquela bagulhada em cima do balcão, ajeita o cabelo, e pede uma vodca. O Beto acha meio estranho, mas cata uma garrafa que está praticamente no fim, pede um minuto para buscar outra no estoque, e ela fica aguardando encostada no balcão. Com certeza deveria está acontecendo alguma coisa braba com aquela menina. Pra encarar uma vodca logo de cara. Continuei na minha. O Beto foi rápido. Tirou a poeira da garrafa, e encheu um copo americano até a metade. Ela ordenou que completasse a dose. Então ele encheu até a boca. Quis oferecer um gelo, um refrigerante para que ela pudesse encarar a dose com mais tranquilidade, mas não, a menina recusou, e sem miséria, mandou o destilado pra dentro num só golpe. Em seguida pagou, catou os cadernos, e foi embora. Minto. Ao se despedir jogou um beijinho pro Beto e sumiu pelas quadras da Asa Norte. Ele me olhou sorrindo.

- Você viu meu camarada, ainda me mandou até um beijo.

Quando paguei a conta não é que a mulher apareceu de novo. Quis ficar, mas pensei que poderia dar muito na cara. Aí resolvi seguir para a aula de fisiologia II. Aula prática. Sexta-feira: 22:00, encontro uma mesa enorme com um cadáver, e um bando de estudantes ao redor. O professor discorria sobre o funcionamento da digestão. O cadáver estava aberto do pescoço até a virilha. O rosto dele virado para o lado oposto. Ainda bem. Pele morena. Cabelo crespo. Já deveria estar ali há muito tempo. Qual seria o seu verdadeiro nome? Alguns estavam interessados na digestão, outros no funcionamento do esôfago. O professor meteu a mão na barriga dele e puxou o estômago. Esse cara morreu como? Indigente? Será que a família sabe que ele está por essas bandas? Numa outra mesa ao lado havia pulmões, rins, e outros órgãos. Penso que se depois de morto tivesse que doar alguma parte do meu corpo pr'alguma universidade este orgão seria o meu pau. O cheiro de formol tomava conta do lugar. Quando o professor vacilou, um amigo gaiato deu um peteleco na orelha do Fred. O verdadeiro nome dele agora. Sorri meio sem graça. Mas gostei do bom humor do meu amigo. Porra, noite de sexta-feira com um baita climão desses. Cadê aquela menina? A gente poderia estar lá no bar do Beto tomando uma cerveja, ou vodca, sei lá. Quando a aula acabou tive que ajudar a guardar o Fred num tanque metálico cheio de formol. Ao deixá-lo ali vi que no fundo havia outro cadáver. Me disseram que era o Barney. Tive a impressão que ele usava bigode. Quando sai da faculdade voltei ao Bar. E o Beto ainda estava atrás do balcão.

- E aí Betão, beleza... E aquela menina? Que gata!
- Que menina?
- A menina da vodca. Que bebeu a dose inteirinha.
- Tô lembrado não.
- Que isso! Será que eu tô ficando maluco?
- Ah! Tá! Pô! Que gata, né. Ela veio aqui e bebeu outra dose.
- Falou o nome?
- Não. Ficou na dela, e depois foi embora de vez. Por quê?
- Não! Nada... Só achei ela bonita.
- Rapaz... Ela não deu papo pra ninguém. Mas parece que já tava doidona.
- Sério?!
- Verdade.
- Olha, vou deixar uma dose aqui paga, tá. Quando ela aparecer de novo, você fala que é presente de um admirador.
- Rapaz... Mulher bonita bebendo daquele jeito só pode dar em confusão.
- Ah! Depois desse dia de hoje, tá valendo!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Como uma agulha no palheiro

TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
- Alô!
Como ninguém respondeu, desliguei.
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
- Alô! Alô!
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
Puta merda! Oh encheção de saco.
- Alô! ALOOOÔ!
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
Oh meu pai do céu.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma voz feminina do outro lado da linha bradou num tom raivoso:
- ESTÁ TUDO ACABADO, SEU PILANTRA! NÃO ADIANTA VOCÊ SE ESCONDER DE MIM, TÁ. NÃO ADIANTA DESLIGAR A PORRA DESSE TELEFONE NA MINHA CARA PORQUE VOU TE AZUCRINAR ATÉ VOCÊ DIZER CHEGA.
- Minha senhora...
- TRÊS DIAS SEM APARECER. VOCÊ PENSA QUE EU SOU OTÁRIA. VOCÊ PODE TIRAR O SEU CAVALINHO DA CHUVA, TÁ. AGORA NÃO TEM MAIS VOLTA. TÁ TUDO ACABADO!
- Alô! Minha senhora... Você gostaria de falar com quem?
- NÃO ADIANTA QUERER ME ENROLAR, NÃO, VIU... SEU CAFAJESTE! HONRA O QUE VOCÊ TEM NAS CALÇAS, SEU FROUXO.
- Oi! Você...
- SAIBA QUE EU TAMBÉM TÔ NA FARRA, TÁ. SE VOCÊ GOSTA DE ANDAR COM OS SEUS AMIGUINHOS NA ESBÓRNIA. PRA SEU PARTIDO SAIBA QUE EU TAMBÉM NÃO VOU DEIXAR BARATO, TÁ.
- ALÔ! VOCÊ QUER FALAR COM QUEM, PORRA?!
- NÃO ME XINGA, NÃO, REGINALDO!
- NÃO MORA NENHUM PORRA DE REGINALDO AQUI, NÃO, CARALHO!
- NÃO!
- Você ligou pra casa errada minha querida.
- Oh! Me desculpa. É que você desligou o telefone na minha cara, aí eu pensei que fosse o meu...     
- Desliguei porque ficou mudo, pô. Não ouvi nada. Só um chiado.
- Caramba! Pensei que fosse o Reginaldo.
- Não mora ninguém com esse nome aqui.
- Hum! É que ele é o meu noivo, sabe. Aí a gente tá meio brigado.
- Ah é! Que chato, né.
- Me desculpa.
- Tranquilo.
- Você nem vai acreditar, mas até a aliança eu joguei fora. Nossa! O Reginaldo vai me matar quando ficar sabendo. Ele pagou quase R$ 2.000,00 nas duas.
- Não tem como recuperar?
- Joguei pelo vidro do carro. Vai ser como achar uma agulha dentro do palheiro.
- Calma. Tudo se resolve. Quer dizer que o Reginaldo tá andando na esbórnia?
- Não sei, mas hoje tá fazendo três dias que ele sumiu. Com certeza deve tá aprontando.
- Que isso? Às vezes não, ora.
- Ah tá! Aquele ali, eu conheço muitíssimo bem. Já estamos juntos há oito anos. Conheço todas as suas artimanhas. Nem vem que não tem.
- O cara pode ter saído só pra pescar com os amigos.
Aí ela começou a rir.
- Só se for pra pescar piranha.
- Mas você também já começou a dar o troco, né.
- Que nada! Disse aquilo só pra colocar ele contra a parede. Não tenho a manha de trair, não. Sou uma mulher séria.
- Ah! Duvido...
- É verdade! O máximo que eu fiz só foi flertar com outros caras, mas não passou disso.
- Essa foi boa viu...
- Você não acredita, não?
- Vou acreditar só pra não deixar você chateada.
- Poxa até que foi bom essa ligação ter caído aí. Você parece ser um cara legal. A gente podia se conhecer.
- Concordo contigo. Mas não tô afim de ficar só de papo, não. A gente vai se pegar.
- Ó! Mas você é saliente, hein. Nem me conhece ainda, e já tá pensando besteira.
- E ficar, dar uns amassos, se pegar pode ser considerado besteira? Eu não acho, e pelo que parece você é uma mulher de fibra, sabe o que quer.
- Sério!
- Esse Reginaldo parece ser um cara que não sabe a mulher que tem.
- E não sabe mesmo.
- Que dia a gente vai se encontrar?
- Caramba! Agora você me pegou de surpresa. Hum... Será que a gente não podia conversar antes, pra se conhecer melhor? E-mail, Msn?
- Claro! Aí você me manda umas fotos suas?
- Tá! E você vai mandar as suas também, né?
- Vou. Anota aí.
- Anota o meu celular também, mas só liga na hora do almoço.
- Ah é?!
- Nessa hora eu tô na rua.
- Entendo.
- Poxa! Conversar com você me fez bem.
- Que bom. Eu também curti. Manda um abraço pro Reginaldo.
- Olha! Só na hora do almoço, tá.
- Tá! Pode deixar que eu não vou esquecer.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Descuidos Essenciais

No caminho da paciência a velocidade sempre pede um freio. Andando na corda bamba uma tolerância talvez não faça mal. Às vezes omitindo certas coisas para não achar que certas visões de mundo são tão bestas e superficiais, a respiração conta como hospedagem. Indo embora na hora exata para não ter que mentir com um sorriso meramente facial, o pensamento fica em bloco. E eis que a paciência se faz necessária, e assim eu vou até a música chegar ao fim; o texto chegar ao fim, o rabisco chegar ao fim. Respirar na hora certa. Um dia após o outro. Uma porta se fecha para outra se abrir. A estória se repete em fatos para emoção poder se encontrar. Horas a fio. Quem vai prevalecer? Os comoventes nunca perdem as aulas. E a vida diária só funciona para depois servir de data. Retoma o caminho. Vai como se fosse aprender não aprendendo. A calça já não cabe mais. O número mudou. Andei por aqui. Talvez já tenha dito isso. As letras do teclado trabalham e têm um barulho bom. Registra, anota, xinga, cospe, beija, fala, omite, diz, e distrai. Quando tocadas ganham espaço. O cansaço é fundamental.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cogito, ergo sum


Na teoria do conhecimento

O Descartes, disse assim: “Penso, logo existo”

Acho que tem alguma coisa de errado nesse argumento

Porque eu chego atrasado, logo existo

Acordo sem saber onde estou, logo existo

Arrumo confusão, logo existo

Peço desculpas, logo existo

Não peço desculpas, logo existo

Durmo tarde e ronco alto, logo existo

Tenho ressaca, e acordo com tesão, logo existo

Devo! Não nego, pago quando puder, logo existo

Às vezes nem bom dia eu dou aos vizinhos, logo existo

Posso pegar quantas cervejas quiser no bar do Seu Léo, logo existo

Tenho amigos mais malucos do que eu, logo existo

As minhas amigas me pagam o maior sapo se eu pego alguma sirigaita, logo existo

Não posso escutar Mother do John Lennon senão choro, logo existo

Já comi a empregada de um morador da vizinhaça, logo existo

Já “peguei” dinheiro de presépio de natal pra beber vinho, logo existo

Depois paguei com juros e correção monetária, logo existo

Deus realmente castiga, logo existo

Aprendi a cortar as unhas dos pés e agora elas não encravam mais, logo existo

Já tomei cerveja sem álcool num jogo do Mengo em pleno Maracanã, logo existo

Vi a calçinha da minha professora de português que na época deveria ter uns 90 anos, logo existo

Já chapei o carro do meu pai no portão de casa bêbado numa manhã de sábado, logo existo

Já fiquei na delegacia até 7 da manhã , logo existo
Já fui testemunha num processo de acidente automobilístico, bateram no carro da polícia, e fui acusado de estar ali rindo da situação, logo existo

Sem o meu adversário saber, joguei a bola de sinuca fora e virei a partida, logo existo

Fiquei com a mulher mais gata da festa com um simples: eu quero te dar um beijo e te ter a noite inteira, mas depois disso, essa tática nunca mais deu certo, logo existo

Já fui expulso de festa, logo existo

Tô com mô vontade de tomar um suco de laranja, logo existo
De vez em quando misturo Pai Nosso com Ave Maria numa mesma oração, logo existo

Caí dentro de uma manilha d’água com o violão e quase perco o pé, logo existo

Mandei o público tomar no cú em plena praça pública num show da minha banda antiga de rock, logo existo

E pra variar estava chapado de whisky até o tampo, logo existo

Quase sai na mão com um candidato a deputado distrital na última eleição, logo existo

Já disse: eu te amo e não estava mentindo, logo existo

Também já fiquei com uma mulher feia pra cacete e até andei de mão dada, logo existo

Dei um susto numa amiga por telefone dizendo que era um sequestro relâmpago, logo existo

Mô preguiça de fazer a barba, logo existo

Insisto, logo existo

E você René Descartes, só me vem com um mísero: penso, logo existo?

Não fez mais nada, pô

Qualé, meu camarada!

Desisto de você, logo existo

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Boa Tarde Líbia!

Ontem a Líbia teve um dia histórico. Aquela imagem do Kadhafi sendo capturado foi realmente bastante impactante. O ditador que sempre fez questão de mostrar a sua imponência, enfim estava ali caído, indefeso, pedindo para não atirar. Sendo humilhado no meio da rua. Confesso que fiquei com um nó na garganta. Pensei naquelas pessoas que fazem justiça com as próprias mãos, nas guerras, nessa de tal de democracia. O povo Líbio depois de tanto tempo nas mãos de um regime tão massacrante chegou ao seu limite. Não vou julgar se foi correto o que fizeram ontem, mas pra mim, tá claro que ele foi morto depois de capturado. Também não vou julgar o sentimento do povo, ou qualquer outra coisa. Só eles sabem o que passaram nas mãos desse regime nos últimos 42 anos. Deve ter sido muito barra pesada. O país está devastado. Ver aquelas crianças comemorando na frente da embaixada aqui em Brasília me fez pensar na palavra justiça. O país se libertou. Só que no restante do mundo não é muito diferente. Reconstruam o seu país, mas fiquem espertos. O petróleo de vocês é a menina dos olhos (como dizem os políticos) do mundo. Se preparem que a ditadura agora é econômica. Desejo bons tempos ao povo Líbio. Tomaram o poder! Digo que se eu tivesse um filho ou uma filha e alguém lhes fizesse algo de muito mal, eu não teria dúvida de que também faria justiça com as próprias mãos, mas confesso que desse lado aqui não foi fácil de digerir aquela cena. Vocês agora sabem qual o sabor dessa sensação, e parece que estão de alma lavada. E como citou o Rudolfo Lago no Congresso em Foco sobre o grito de guerra da II Marcha Contra a Corrupção que teve aqui na cidade: Ih! Fudeu! O povo apareceu!
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"Sou eu, realmente, aquele que tem o direito de agir de tal forma que os meus atos sirvam de norma para toda a humanidade?" (Sartre)

Vou escutar um The Clash ali pra relaxar: PLAY

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Céu Nublado, Umidade em Alta

Aí vai um poeminha que eu fiz ontem a noite. Ótima quarta-feira pra gente! E feliz aniversário minha amiga!
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Tudo Bem
(Rodrigo Ferreira)


Tava pensando nesse lance de poesia
Nessa coisa de fazer letra de música
Texto em prosa, crônicas, contos

(Tem uma música instrumental vindo lá da sala)

Sempre me preocupei em tentar fazer algo que me agradasse
E também que tivesse algum valor literário
Mas prefiro me preocupar com a questão do ficar satisfeito
Até mesmo porque não entendo muito bem o que quer dizer: valor literário

(Tá passando um avião bem aqui em cima de casa)

Cada vez que tento fazer alguma coisa
E me deparo com esse lance de conteúdo
Pressinto que me aproximo de mim mesmo
Mas às vezes quando vejo a forma ali embutida
Também pressinto certo afastamento
Parece que não sou aquilo
Parece que já tinha visto em algum outro lugar
A caligrafia me assusta
Mas então, onde está porcaria do erro?
Seja poeta!
Confesso que essa palavra, poeta, nunca me agradou
E já escutei que sou um poeta
Mas pra sacanear digo que prefiro punhetar do que poetar
Que isso cara!
Então você tá sacaneando?
Não!
Não faço isso para desmerecer essa coisa da profissão,
Ou essa tal magia que os poetas
Exercem sobre as pessoas
É porque esse mundo artístico também tem muita onda, sabe
E poucos valem a pena que escrevem
Mas se alguém achar que é difamação
Ah! Foda-se! Pode ir ler o seu horóscopo do dia
É capaz de você encontrar algo que gostaria de ouvir

(O som do ônibus na curva lá do balão vem baixinho)

Mas aí é que tá?
Se você for pegar qualquer artista que produz algo
E garimpar bastante
É bem capaz também de encontrar um peteleco de um outro autor ali
Algum resquício estilístico, um porre parecido
Uma conversa fiada, a falta de mulher
A corrente segue e esse negócio de originalidade
Vai ser sempre um problema
Nunca encontrarão a fórmula correta
Algumas já estão mais do que batidas
Outras dão lucro
Outras nenhum tostão
O mercado nunca foi bobo
Vai caber ao artista resolver as suas questões
Os seus arranca-rabos, e depois ver que bicho vai dar no papel

Existe poeta que se esconde atrás das palavras simplesmente pelo fato
De vê-las bonitas, rimadas, e saudáveis
Ou então raivosas, chorosas, e sei lá mais o quê
  
O Bob Dylan disse que para fazer uma música
Bastava você pegar uma canção que gostasse muito
E mudasse algumas coisinhas para não dar muito na cara
Se essa afirmação proceder
Ótima dica!

Outro dia o poeta Luís G. Montero comentou no Correio Brasiliense

(Não conheço nenhum poema dele)

Que a poesia é a reivindicação da consciência individual

Constatou que nessa época em que poderosíssimos meios de controle tomam de assalto
o poema é um espaço público em que duas consciências individuais podem dialogar

É o ser humano que quer ser dono do seu próprio pensamento

Nunca fiquei agoniado em ser original
Já nem sei se sou dono de nada
Mas o pensamento sempre me intriga
E de vez em quando me pergunto:
Por que estou pensando assim?
De onde veio isso?
Mas mesmo assim escrevo
Só penso que tem que ter algo ali
Só o tempo vai poder dizer alguma coisa
Mas até lá é bem capaz de muita gente já ter desistido pelo caminho
“O poema é um espaço público”
A consciência embutida no poema também pode falhar
Pode ser mixuruca
O poema não pode ser bom
E o que está errado: o pensamento, a forma?
O próprio poema?
Nesse mundo em que a falsificação impera solta
A confusão será bem maior

E escrever tem das suas tramóias
Não tem jeito e nem escapatória
O leitor vai ter que bater a cara na parede
Se achar que não é pra ele

(Senti uma pontada na altura do baço, o baço fica no lado esquerdo ou direito?)


Jogue o livro fora
Leia para ficar gago
E também para escutar o seu jeito de se comunicar em certas situações
Na verdade o que desejo é topar com a minha emoção
Só escrevo para evitar de ficar falando sozinho
Principalmente quando não estou conversando com ninguém
E ainda assim me olham atravessado
Às vezes isso acontece quando estou na rua, ou no comércio
Ou até mesmo em casa com a família
Sei que sou louco, mas em determinados momentos
É melhor não dá bandeira
Nem sempre sabemos o que podemos nos deparar
A chatice pode está ali do outro lado
E se você vacilar
Já era...
Aguenta o sufoco!
Sozinho
Sozinha
No espaço público
Mercadoria caída de caminhão
Não dura meia hora
Quem pegar primeiro leva pra casa
E assim vamos em frente
Salvem-se quem puder!
Quer realidade melhor?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os ponteiros do relógio

Ainda não tinha acertado o relógio no horário de verão. Os gestos iam ganhando força. E o caminhar não era diferente: se arrastava pelo chão frio passo a passo. Ainda tinha tempo. Poderia ir com calma. A chuva estava bastante forte lá fora. Pensou em esperar mais um pouco. Julgou ter acordado cedo demais. Bebeu água num só gole, nem quis chegar no café. Em seguida saiu. Ganhou a avenida. Nenhum carro a sua frente. No balão surgiu um com a seta ligada. Parou o carro no estacionamento próximo. Só depois descobriu pela atendente do caixa que já estava atrasado há uma hora. Maldito horário! Quis manter-se no relógio antigo. Que diferença faz? Todo mundo ao redor parecia atrasado. Pensou no tal relógio biológico. Será que essa merda funciona de verdade? Só sabia que estava num sono miserável.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Alta Madrugada

Andei na chuva com um envelope debaixo do braço, e o Blues Etílicos surgiu do nada. O louco da cidade veio me dizer / Que vou longe, aonde é bom te ver / Diz que aqui / Down Down Geral / Dinheiro manda vir tudo pra você / Mas nada que te faça crer / Em sua lei... / Tem um erro em sua lei. Na alta madrugada acordo de supetão, e lá está a canção de novo. Loucos são normais a meia-noite / Dançam nas ruas, vem que o Sol vai nascer. Aí cai no sono pesado. A meia-noite os loucos aprontam. Enchem o saco da vizinhaça. Cantam nas alturas. Eles estão certos. Existe uns que são de nada. Você vê que é mais pose do que atitude. Mas tá valendo depois da meia noite os loucos são normais. Tirando os chatos (as) que às vezes se fazem de loucos, e não são de nada mesmo -, somente uns malas, a loucura a meia-noite canta no seu volume máximo. Hoje pela manhã toquei alguns acordes no violão, e fiz um arranjo na gaita. Preciso inserir essa música no repertório. Agora é só decorar a letra. Que venha a meia-noite. O louco da cidade não quer mais viver / E hoje eu conto pra você / E o que ele quer / Down Down Geral / Quem quer ser o primeiro nunca tem limite / E esse é um erro de princípio / Essa é a lei... / Tem um erro nessa lei.
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Desde ontem venho curtindo um blues, e agora fui conferir a programação da farra aqui na cidade, e olha o que encontrei: aqui Yeah!