No espaço de Blogs e Sites que está aí do lado coloquei um link do site oficial do Vinicius de Moraes. E o site ficou muito bacana. Andei conferindo e curti bastante. Nesse link você pode curtir vários poemas do Vininha. E o mais bacana é que além da poesia, você pode encontrar a prosa dele também. Não conhecia muito bem essa parte. E tô lendo aos poucos. Admiro esse poeta pra caramba. Um cara que curtiu a vida sem deixar ela escapar nenhum segundo sequer. Quando comecei a escutar bossa nova por causa dele e do Tom Jobim, a primeira impressão que tive foi de como eles retravavam o encantamento pelas mulheres, e a devoção ao whisky. Os dois foram certeiros. Na época eu tava apaixonado por uma menina e ficava enchendo a cara com whisky só pensando em fazer um verso pra ela. Nunca consegui fazer. Mas o destilado como ele mesmo dizia era o cão engarrafado, o melhor amigo do homem. E me identifiquei. Logo descobri - Carlinhos Lira, João Donato, Jhonny Alf, João Gilberto, Marcos Valle. A batida e o ritmo da bossa nova parecia combinar perfeitamente com essa vontade de querer a mulher amada, e o whisky liberar a inspiração. A bossa nova pode ser chata, mas consegue exprimir esses sentimentos de maneira arrebatadora. Pouca gente curte. E dá até pra entender. Quando escutei o ritmo ainda adolescente saquei que você tinha primeiramente: a batida, o whisky, a mulher, e o Rio de Janeiro como pano de fundo. Se você quiser o whisky primeiro, a batida depois, e a mulher em seguida não tem problema. O Rio de Janeiro sempre vai ser o pano de fundo. Só que hoje isso está invertido. Acho que depois das novelas do Manoel Carlos essa ordem foi modificada. Não tenho nada contra as novelas dele, mas acho que elas deram um olhar equivocado à bossa nova. O Rio de Janeiro saiu de pano de fundo para estampar a manchete do ritmo e até mesmo ocultar essa sequência que falei acima. E outra mudou de bairro. Saiu de Ipanema onde os músicos admiravam as gostosas a caminho do mar para o Leblon. Com todas aquelas tramas repetidas das novelas. E aí, a bossa nova ficou estigmatizada na cabeça das pessoas como algo bairrista quando perdeu a sua ideia primordial que é o encantamento pelas mulheres com umas boas doses de whisky. Basta escutar a belíssima canção do Marcos Valle – Samba de Verão: “Você viu só que amor, nunca vi coisa assim...” e o que vem a cabeça? Novela das oito com toda a certeza. E isso está errado. A bossa nova virou música de churrascaria. Fui almoçar com o meu irmão, e a minha mãe num domingo, e lá tinha um cara tocando sem nenhuma inspiração. Enquanto bebericava um chopp me senti mal sentado ali. Parecia enredo de novela. Álbum de família. Logo pedi um destilado e comecei a olhar as gostosas ao lado e tudo melhorou. Mas o cantor ainda parecia agoniado. Dava pra ver. Mais pra frente ele até conseguiu dar alguns sorrisos forçados. E apesar da situação o cara merece todo o respeito. A culpa não é dele. Posso estar equivocado, mas a bossa nova só vai continuar viva quando o Rio de Janeiro que é um lugar maravilhoso voltar a ser somente o pano de fundo, e não a cereja do bolo, porque a cereja do bolo é a mulher e o whisky sempre. Como na canção - Carta ao Tom – “É, meu amigo, só resta uma certeza / É preciso acabar com essa tristeza / É preciso inventar de novo o amor”.
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Se você quiser conferir as crônicas do Vininha é só clicar aqui ou dar um pulo no link aí do lado. Você vai encontrar na parte da prosa. Olha só esse trecho (abaixo). O cara conhecia muito bem a noite, e quem curte a noite sabe do que ele estava falando.
“Há amigos a quem querer bem se vai tornando, à medida, um sacrifício, de tal modo eles "bagunçam o nosso coreto", como se, diz por aí. Amigos que impõem a própria desarmonia, violentam a nossa intimidade, nos agridem quando bebem e estão sempre a nos pedir prestações de contas. São os tais que a gente gostaria de fazer "virar fada" quando se entra numa boate, porque o mínimo que pode acontecer é se brigar com a mesa ao lado. Eles têm o dom de provocar o assunto mais explosivo para o nosso convidado, ou assumem o direito de achar que as moças que estão conosco adoram ouvir palavrões ou ser manuseadas. E quando já chatearam ao máximo, partem ofendidos, sem pagar a conta, depois de nos fazer ver que estamos ficando "muito importantes" ou "não somos mais o mesmo".
Outros, pelo contrário, como Otto parecem estar sempre esticando uma mãozinha disfarçada para nos ajudar a carregar a nossa cruz. São seres de bons fluidos, que, quando a gente encontra, o dia melhora. Eles têm o dom da palavra certa no momento certo, e mesmo que tomem o maior dos pileques jamais se tornarão motivo de desarmonia. Sabem respeitar ao máximo a liberdade alheia, a verdade alheia e a mulher alheia. E não é outra a razão pela qual Otto Lara Resende tem tantos "deslumbrados", dos quais o mais conhecido é sem dúvida seu maior "promotor", o teatrólogo Nelson Rodrigues”.
Outros, pelo contrário, como Otto parecem estar sempre esticando uma mãozinha disfarçada para nos ajudar a carregar a nossa cruz. São seres de bons fluidos, que, quando a gente encontra, o dia melhora. Eles têm o dom da palavra certa no momento certo, e mesmo que tomem o maior dos pileques jamais se tornarão motivo de desarmonia. Sabem respeitar ao máximo a liberdade alheia, a verdade alheia e a mulher alheia. E não é outra a razão pela qual Otto Lara Resende tem tantos "deslumbrados", dos quais o mais conhecido é sem dúvida seu maior "promotor", o teatrólogo Nelson Rodrigues”.
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Pra fechar: um poema do poetinha.
Soneto do maior amor
Vinicius de Moraes
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Oxford, 1938.
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Poesia pra todos nós.
E até 2012 se Deus quiser.
Grande Abraço!
Boas festas...