quinta-feira, 9 de junho de 2011
Gato Blues
A velha comentava sobre a fama de mal dele. O gato que estava a aterrorizar a redondeza nessas últimas semanas. Ela cria uma gata cheia de onda. E o maldito gato preto andou aprontando das suas com a donzela. Só ouvi a confusão. Uma briga de primeira. Ela é criada com mimos e água fresca. E o negão (segundo relato da velha) é da rua. Raivoso. Sujo. Cheio de doenças. Gato preto. As pessoas que criam um adoram enumerar as vantagens. Eu nunca curti esse bichano. Prefiro cachorro. E tô numa saudade danada do meu cão que morreu ano passado. Sempre achei gato meio besta. E outra: sem graça. Tudo bem que são discretos. Mas prefiro a algazarra dos cachorros. Se o cão não for com a tua cara, ele não vai ficar de diplomacia. Pode saber que vai avançar sem dó nem piedade. Tudo bem. Deixa pra lá. Num sábado a tarde enquanto virava um copo de cerveja avistei o tal gato preto no telhado do vizinho. O sacana tem estilo. Desceu pelo portão. Ficou analisando a área. E depois foi embora. Decerto queria pegar alguma presa indefesa. Ou simplesmente só estava patrulhando. Ali de olho no movimento da tarde. Depois que ele apareceu nenhum outro gato ficou de bobeira na rua. E o danado é sanguinário. Não deixa por menos. Só ele manda no pedaço. A noite quando ia bater papo com os amigos num botequim topei com o malandro. Ele estava debaixo do carro do vizinho. Me encarou. Saiu e veio na minha direção. Pensei: vou ter meter a bicuda na cara. Não! Não precisou, ele recuou e foi embora. Eu fui para um lado, e ele tomou a direção contrária. Olhei pra trás. A rua estava vazia. Ele ia sozinho. De alguma forma parecia contente, e despreocupado. Eu também estava assim. Então tomei o meu rumo e dessa noite em diante nunca mais o vi. Esse gato preto merece o meu respeito.
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