TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
- Alô!
Como ninguém respondeu, desliguei.
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
- Alô! Alô!
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
Puta merda! Oh encheção de saco.
- Alô! ALOOOÔ!
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
Oh meu pai do céu.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma voz feminina do outro lado da linha bradou num tom raivoso:
- ESTÁ TUDO ACABADO, SEU PILANTRA! NÃO ADIANTA VOCÊ SE ESCONDER DE MIM, TÁ. NÃO ADIANTA DESLIGAR A PORRA DESSE TELEFONE NA MINHA CARA PORQUE VOU TE AZUCRINAR ATÉ VOCÊ DIZER CHEGA.
- Minha senhora...
- TRÊS DIAS SEM APARECER. VOCÊ PENSA QUE EU SOU OTÁRIA. VOCÊ PODE TIRAR O SEU CAVALINHO DA CHUVA, TÁ. AGORA NÃO TEM MAIS VOLTA. TÁ TUDO ACABADO!
- Alô! Minha senhora... Você gostaria de falar com quem?
- NÃO ADIANTA QUERER ME ENROLAR, NÃO, VIU... SEU CAFAJESTE! HONRA O QUE VOCÊ TEM NAS CALÇAS, SEU FROUXO.
- Oi! Você...
- SAIBA QUE EU TAMBÉM TÔ NA FARRA, TÁ. SE VOCÊ GOSTA DE ANDAR COM OS SEUS AMIGUINHOS NA ESBÓRNIA. PRA SEU PARTIDO SAIBA QUE EU TAMBÉM NÃO VOU DEIXAR BARATO, TÁ.
- ALÔ! VOCÊ QUER FALAR COM QUEM, PORRA?!
- NÃO ME XINGA, NÃO, REGINALDO!
- NÃO MORA NENHUM PORRA DE REGINALDO AQUI, NÃO, CARALHO!
- NÃO!
- Você ligou pra casa errada minha querida.
- Oh! Me desculpa. É que você desligou o telefone na minha cara, aí eu pensei que fosse o meu...
- Desliguei porque ficou mudo, pô. Não ouvi nada. Só um chiado.
- Caramba! Pensei que fosse o Reginaldo.
- Não mora ninguém com esse nome aqui.
- Hum! É que ele é o meu noivo, sabe. Aí a gente tá meio brigado.
- Ah é! Que chato, né.
- Me desculpa.
- Tranquilo.
- Você nem vai acreditar, mas até a aliança eu joguei fora. Nossa! O Reginaldo vai me matar quando ficar sabendo. Ele pagou quase R$ 2.000,00 nas duas.
- Não tem como recuperar?
- Joguei pelo vidro do carro. Vai ser como achar uma agulha dentro do palheiro.
- Calma. Tudo se resolve. Quer dizer que o Reginaldo tá andando na esbórnia?
- Não sei, mas hoje tá fazendo três dias que ele sumiu. Com certeza deve tá aprontando.
- Que isso? Às vezes não, ora.
- Ah tá! Aquele ali, eu conheço muitíssimo bem. Já estamos juntos há oito anos. Conheço todas as suas artimanhas. Nem vem que não tem.
- O cara pode ter saído só pra pescar com os amigos.
Aí ela começou a rir.
- Só se for pra pescar piranha.
- Mas você também já começou a dar o troco, né.
- Que nada! Disse aquilo só pra colocar ele contra a parede. Não tenho a manha de trair, não. Sou uma mulher séria.
- Ah! Duvido...
- É verdade! O máximo que eu fiz só foi flertar com outros caras, mas não passou disso.
- Essa foi boa viu...
- Você não acredita, não?
- Vou acreditar só pra não deixar você chateada.
- Poxa até que foi bom essa ligação ter caído aí. Você parece ser um cara legal. A gente podia se conhecer.
- Concordo contigo. Mas não tô afim de ficar só de papo, não. A gente vai se pegar.
- Ó! Mas você é saliente, hein. Nem me conhece ainda, e já tá pensando besteira.
- E ficar, dar uns amassos, se pegar pode ser considerado besteira? Eu não acho, e pelo que parece você é uma mulher de fibra, sabe o que quer.
- Sério!
- Esse Reginaldo parece ser um cara que não sabe a mulher que tem.
- E não sabe mesmo.
- Que dia a gente vai se encontrar?
- Caramba! Agora você me pegou de surpresa. Hum... Será que a gente não podia conversar antes, pra se conhecer melhor? E-mail, Msn?
- Claro! Aí você me manda umas fotos suas?
- Tá! E você vai mandar as suas também, né?
- Vou. Anota aí.
- Anota o meu celular também, mas só liga na hora do almoço.
- Ah é?!
- Nessa hora eu tô na rua.
- Entendo.
- Poxa! Conversar com você me fez bem.
- Que bom. Eu também curti. Manda um abraço pro Reginaldo.
- Olha! Só na hora do almoço, tá.
- Tá! Pode deixar que eu não vou esquecer.