quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Como uma agulha no palheiro

TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
- Alô!
Como ninguém respondeu, desliguei.
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
- Alô! Alô!
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
Puta merda! Oh encheção de saco.
- Alô! ALOOOÔ!
POW!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
TRIMMMM TRIMMMMMMMM!
Oh meu pai do céu.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma voz feminina do outro lado da linha bradou num tom raivoso:
- ESTÁ TUDO ACABADO, SEU PILANTRA! NÃO ADIANTA VOCÊ SE ESCONDER DE MIM, TÁ. NÃO ADIANTA DESLIGAR A PORRA DESSE TELEFONE NA MINHA CARA PORQUE VOU TE AZUCRINAR ATÉ VOCÊ DIZER CHEGA.
- Minha senhora...
- TRÊS DIAS SEM APARECER. VOCÊ PENSA QUE EU SOU OTÁRIA. VOCÊ PODE TIRAR O SEU CAVALINHO DA CHUVA, TÁ. AGORA NÃO TEM MAIS VOLTA. TÁ TUDO ACABADO!
- Alô! Minha senhora... Você gostaria de falar com quem?
- NÃO ADIANTA QUERER ME ENROLAR, NÃO, VIU... SEU CAFAJESTE! HONRA O QUE VOCÊ TEM NAS CALÇAS, SEU FROUXO.
- Oi! Você...
- SAIBA QUE EU TAMBÉM TÔ NA FARRA, TÁ. SE VOCÊ GOSTA DE ANDAR COM OS SEUS AMIGUINHOS NA ESBÓRNIA. PRA SEU PARTIDO SAIBA QUE EU TAMBÉM NÃO VOU DEIXAR BARATO, TÁ.
- ALÔ! VOCÊ QUER FALAR COM QUEM, PORRA?!
- NÃO ME XINGA, NÃO, REGINALDO!
- NÃO MORA NENHUM PORRA DE REGINALDO AQUI, NÃO, CARALHO!
- NÃO!
- Você ligou pra casa errada minha querida.
- Oh! Me desculpa. É que você desligou o telefone na minha cara, aí eu pensei que fosse o meu...     
- Desliguei porque ficou mudo, pô. Não ouvi nada. Só um chiado.
- Caramba! Pensei que fosse o Reginaldo.
- Não mora ninguém com esse nome aqui.
- Hum! É que ele é o meu noivo, sabe. Aí a gente tá meio brigado.
- Ah é! Que chato, né.
- Me desculpa.
- Tranquilo.
- Você nem vai acreditar, mas até a aliança eu joguei fora. Nossa! O Reginaldo vai me matar quando ficar sabendo. Ele pagou quase R$ 2.000,00 nas duas.
- Não tem como recuperar?
- Joguei pelo vidro do carro. Vai ser como achar uma agulha dentro do palheiro.
- Calma. Tudo se resolve. Quer dizer que o Reginaldo tá andando na esbórnia?
- Não sei, mas hoje tá fazendo três dias que ele sumiu. Com certeza deve tá aprontando.
- Que isso? Às vezes não, ora.
- Ah tá! Aquele ali, eu conheço muitíssimo bem. Já estamos juntos há oito anos. Conheço todas as suas artimanhas. Nem vem que não tem.
- O cara pode ter saído só pra pescar com os amigos.
Aí ela começou a rir.
- Só se for pra pescar piranha.
- Mas você também já começou a dar o troco, né.
- Que nada! Disse aquilo só pra colocar ele contra a parede. Não tenho a manha de trair, não. Sou uma mulher séria.
- Ah! Duvido...
- É verdade! O máximo que eu fiz só foi flertar com outros caras, mas não passou disso.
- Essa foi boa viu...
- Você não acredita, não?
- Vou acreditar só pra não deixar você chateada.
- Poxa até que foi bom essa ligação ter caído aí. Você parece ser um cara legal. A gente podia se conhecer.
- Concordo contigo. Mas não tô afim de ficar só de papo, não. A gente vai se pegar.
- Ó! Mas você é saliente, hein. Nem me conhece ainda, e já tá pensando besteira.
- E ficar, dar uns amassos, se pegar pode ser considerado besteira? Eu não acho, e pelo que parece você é uma mulher de fibra, sabe o que quer.
- Sério!
- Esse Reginaldo parece ser um cara que não sabe a mulher que tem.
- E não sabe mesmo.
- Que dia a gente vai se encontrar?
- Caramba! Agora você me pegou de surpresa. Hum... Será que a gente não podia conversar antes, pra se conhecer melhor? E-mail, Msn?
- Claro! Aí você me manda umas fotos suas?
- Tá! E você vai mandar as suas também, né?
- Vou. Anota aí.
- Anota o meu celular também, mas só liga na hora do almoço.
- Ah é?!
- Nessa hora eu tô na rua.
- Entendo.
- Poxa! Conversar com você me fez bem.
- Que bom. Eu também curti. Manda um abraço pro Reginaldo.
- Olha! Só na hora do almoço, tá.
- Tá! Pode deixar que eu não vou esquecer.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Descuidos Essenciais

No caminho da paciência a velocidade sempre pede um freio. Andando na corda bamba uma tolerância talvez não faça mal. Às vezes omitindo certas coisas para não achar que certas visões de mundo são tão bestas e superficiais, a respiração conta como hospedagem. Indo embora na hora exata para não ter que mentir com um sorriso meramente facial, o pensamento fica em bloco. E eis que a paciência se faz necessária, e assim eu vou até a música chegar ao fim; o texto chegar ao fim, o rabisco chegar ao fim. Respirar na hora certa. Um dia após o outro. Uma porta se fecha para outra se abrir. A estória se repete em fatos para emoção poder se encontrar. Horas a fio. Quem vai prevalecer? Os comoventes nunca perdem as aulas. E a vida diária só funciona para depois servir de data. Retoma o caminho. Vai como se fosse aprender não aprendendo. A calça já não cabe mais. O número mudou. Andei por aqui. Talvez já tenha dito isso. As letras do teclado trabalham e têm um barulho bom. Registra, anota, xinga, cospe, beija, fala, omite, diz, e distrai. Quando tocadas ganham espaço. O cansaço é fundamental.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cogito, ergo sum


Na teoria do conhecimento

O Descartes, disse assim: “Penso, logo existo”

Acho que tem alguma coisa de errado nesse argumento

Porque eu chego atrasado, logo existo

Acordo sem saber onde estou, logo existo

Arrumo confusão, logo existo

Peço desculpas, logo existo

Não peço desculpas, logo existo

Durmo tarde e ronco alto, logo existo

Tenho ressaca, e acordo com tesão, logo existo

Devo! Não nego, pago quando puder, logo existo

Às vezes nem bom dia eu dou aos vizinhos, logo existo

Posso pegar quantas cervejas quiser no bar do Seu Léo, logo existo

Tenho amigos mais malucos do que eu, logo existo

As minhas amigas me pagam o maior sapo se eu pego alguma sirigaita, logo existo

Não posso escutar Mother do John Lennon senão choro, logo existo

Já comi a empregada de um morador da vizinhaça, logo existo

Já “peguei” dinheiro de presépio de natal pra beber vinho, logo existo

Depois paguei com juros e correção monetária, logo existo

Deus realmente castiga, logo existo

Aprendi a cortar as unhas dos pés e agora elas não encravam mais, logo existo

Já tomei cerveja sem álcool num jogo do Mengo em pleno Maracanã, logo existo

Vi a calçinha da minha professora de português que na época deveria ter uns 90 anos, logo existo

Já chapei o carro do meu pai no portão de casa bêbado numa manhã de sábado, logo existo

Já fiquei na delegacia até 7 da manhã , logo existo
Já fui testemunha num processo de acidente automobilístico, bateram no carro da polícia, e fui acusado de estar ali rindo da situação, logo existo

Sem o meu adversário saber, joguei a bola de sinuca fora e virei a partida, logo existo

Fiquei com a mulher mais gata da festa com um simples: eu quero te dar um beijo e te ter a noite inteira, mas depois disso, essa tática nunca mais deu certo, logo existo

Já fui expulso de festa, logo existo

Tô com mô vontade de tomar um suco de laranja, logo existo
De vez em quando misturo Pai Nosso com Ave Maria numa mesma oração, logo existo

Caí dentro de uma manilha d’água com o violão e quase perco o pé, logo existo

Mandei o público tomar no cú em plena praça pública num show da minha banda antiga de rock, logo existo

E pra variar estava chapado de whisky até o tampo, logo existo

Quase sai na mão com um candidato a deputado distrital na última eleição, logo existo

Já disse: eu te amo e não estava mentindo, logo existo

Também já fiquei com uma mulher feia pra cacete e até andei de mão dada, logo existo

Dei um susto numa amiga por telefone dizendo que era um sequestro relâmpago, logo existo

Mô preguiça de fazer a barba, logo existo

Insisto, logo existo

E você René Descartes, só me vem com um mísero: penso, logo existo?

Não fez mais nada, pô

Qualé, meu camarada!

Desisto de você, logo existo

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Boa Tarde Líbia!

Ontem a Líbia teve um dia histórico. Aquela imagem do Kadhafi sendo capturado foi realmente bastante impactante. O ditador que sempre fez questão de mostrar a sua imponência, enfim estava ali caído, indefeso, pedindo para não atirar. Sendo humilhado no meio da rua. Confesso que fiquei com um nó na garganta. Pensei naquelas pessoas que fazem justiça com as próprias mãos, nas guerras, nessa de tal de democracia. O povo Líbio depois de tanto tempo nas mãos de um regime tão massacrante chegou ao seu limite. Não vou julgar se foi correto o que fizeram ontem, mas pra mim, tá claro que ele foi morto depois de capturado. Também não vou julgar o sentimento do povo, ou qualquer outra coisa. Só eles sabem o que passaram nas mãos desse regime nos últimos 42 anos. Deve ter sido muito barra pesada. O país está devastado. Ver aquelas crianças comemorando na frente da embaixada aqui em Brasília me fez pensar na palavra justiça. O país se libertou. Só que no restante do mundo não é muito diferente. Reconstruam o seu país, mas fiquem espertos. O petróleo de vocês é a menina dos olhos (como dizem os políticos) do mundo. Se preparem que a ditadura agora é econômica. Desejo bons tempos ao povo Líbio. Tomaram o poder! Digo que se eu tivesse um filho ou uma filha e alguém lhes fizesse algo de muito mal, eu não teria dúvida de que também faria justiça com as próprias mãos, mas confesso que desse lado aqui não foi fácil de digerir aquela cena. Vocês agora sabem qual o sabor dessa sensação, e parece que estão de alma lavada. E como citou o Rudolfo Lago no Congresso em Foco sobre o grito de guerra da II Marcha Contra a Corrupção que teve aqui na cidade: Ih! Fudeu! O povo apareceu!
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"Sou eu, realmente, aquele que tem o direito de agir de tal forma que os meus atos sirvam de norma para toda a humanidade?" (Sartre)

Vou escutar um The Clash ali pra relaxar: PLAY

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Céu Nublado, Umidade em Alta

Aí vai um poeminha que eu fiz ontem a noite. Ótima quarta-feira pra gente! E feliz aniversário minha amiga!
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Tudo Bem
(Rodrigo Ferreira)


Tava pensando nesse lance de poesia
Nessa coisa de fazer letra de música
Texto em prosa, crônicas, contos

(Tem uma música instrumental vindo lá da sala)

Sempre me preocupei em tentar fazer algo que me agradasse
E também que tivesse algum valor literário
Mas prefiro me preocupar com a questão do ficar satisfeito
Até mesmo porque não entendo muito bem o que quer dizer: valor literário

(Tá passando um avião bem aqui em cima de casa)

Cada vez que tento fazer alguma coisa
E me deparo com esse lance de conteúdo
Pressinto que me aproximo de mim mesmo
Mas às vezes quando vejo a forma ali embutida
Também pressinto certo afastamento
Parece que não sou aquilo
Parece que já tinha visto em algum outro lugar
A caligrafia me assusta
Mas então, onde está porcaria do erro?
Seja poeta!
Confesso que essa palavra, poeta, nunca me agradou
E já escutei que sou um poeta
Mas pra sacanear digo que prefiro punhetar do que poetar
Que isso cara!
Então você tá sacaneando?
Não!
Não faço isso para desmerecer essa coisa da profissão,
Ou essa tal magia que os poetas
Exercem sobre as pessoas
É porque esse mundo artístico também tem muita onda, sabe
E poucos valem a pena que escrevem
Mas se alguém achar que é difamação
Ah! Foda-se! Pode ir ler o seu horóscopo do dia
É capaz de você encontrar algo que gostaria de ouvir

(O som do ônibus na curva lá do balão vem baixinho)

Mas aí é que tá?
Se você for pegar qualquer artista que produz algo
E garimpar bastante
É bem capaz também de encontrar um peteleco de um outro autor ali
Algum resquício estilístico, um porre parecido
Uma conversa fiada, a falta de mulher
A corrente segue e esse negócio de originalidade
Vai ser sempre um problema
Nunca encontrarão a fórmula correta
Algumas já estão mais do que batidas
Outras dão lucro
Outras nenhum tostão
O mercado nunca foi bobo
Vai caber ao artista resolver as suas questões
Os seus arranca-rabos, e depois ver que bicho vai dar no papel

Existe poeta que se esconde atrás das palavras simplesmente pelo fato
De vê-las bonitas, rimadas, e saudáveis
Ou então raivosas, chorosas, e sei lá mais o quê
  
O Bob Dylan disse que para fazer uma música
Bastava você pegar uma canção que gostasse muito
E mudasse algumas coisinhas para não dar muito na cara
Se essa afirmação proceder
Ótima dica!

Outro dia o poeta Luís G. Montero comentou no Correio Brasiliense

(Não conheço nenhum poema dele)

Que a poesia é a reivindicação da consciência individual

Constatou que nessa época em que poderosíssimos meios de controle tomam de assalto
o poema é um espaço público em que duas consciências individuais podem dialogar

É o ser humano que quer ser dono do seu próprio pensamento

Nunca fiquei agoniado em ser original
Já nem sei se sou dono de nada
Mas o pensamento sempre me intriga
E de vez em quando me pergunto:
Por que estou pensando assim?
De onde veio isso?
Mas mesmo assim escrevo
Só penso que tem que ter algo ali
Só o tempo vai poder dizer alguma coisa
Mas até lá é bem capaz de muita gente já ter desistido pelo caminho
“O poema é um espaço público”
A consciência embutida no poema também pode falhar
Pode ser mixuruca
O poema não pode ser bom
E o que está errado: o pensamento, a forma?
O próprio poema?
Nesse mundo em que a falsificação impera solta
A confusão será bem maior

E escrever tem das suas tramóias
Não tem jeito e nem escapatória
O leitor vai ter que bater a cara na parede
Se achar que não é pra ele

(Senti uma pontada na altura do baço, o baço fica no lado esquerdo ou direito?)


Jogue o livro fora
Leia para ficar gago
E também para escutar o seu jeito de se comunicar em certas situações
Na verdade o que desejo é topar com a minha emoção
Só escrevo para evitar de ficar falando sozinho
Principalmente quando não estou conversando com ninguém
E ainda assim me olham atravessado
Às vezes isso acontece quando estou na rua, ou no comércio
Ou até mesmo em casa com a família
Sei que sou louco, mas em determinados momentos
É melhor não dá bandeira
Nem sempre sabemos o que podemos nos deparar
A chatice pode está ali do outro lado
E se você vacilar
Já era...
Aguenta o sufoco!
Sozinho
Sozinha
No espaço público
Mercadoria caída de caminhão
Não dura meia hora
Quem pegar primeiro leva pra casa
E assim vamos em frente
Salvem-se quem puder!
Quer realidade melhor?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os ponteiros do relógio

Ainda não tinha acertado o relógio no horário de verão. Os gestos iam ganhando força. E o caminhar não era diferente: se arrastava pelo chão frio passo a passo. Ainda tinha tempo. Poderia ir com calma. A chuva estava bastante forte lá fora. Pensou em esperar mais um pouco. Julgou ter acordado cedo demais. Bebeu água num só gole, nem quis chegar no café. Em seguida saiu. Ganhou a avenida. Nenhum carro a sua frente. No balão surgiu um com a seta ligada. Parou o carro no estacionamento próximo. Só depois descobriu pela atendente do caixa que já estava atrasado há uma hora. Maldito horário! Quis manter-se no relógio antigo. Que diferença faz? Todo mundo ao redor parecia atrasado. Pensou no tal relógio biológico. Será que essa merda funciona de verdade? Só sabia que estava num sono miserável.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Alta Madrugada

Andei na chuva com um envelope debaixo do braço, e o Blues Etílicos surgiu do nada. O louco da cidade veio me dizer / Que vou longe, aonde é bom te ver / Diz que aqui / Down Down Geral / Dinheiro manda vir tudo pra você / Mas nada que te faça crer / Em sua lei... / Tem um erro em sua lei. Na alta madrugada acordo de supetão, e lá está a canção de novo. Loucos são normais a meia-noite / Dançam nas ruas, vem que o Sol vai nascer. Aí cai no sono pesado. A meia-noite os loucos aprontam. Enchem o saco da vizinhaça. Cantam nas alturas. Eles estão certos. Existe uns que são de nada. Você vê que é mais pose do que atitude. Mas tá valendo depois da meia noite os loucos são normais. Tirando os chatos (as) que às vezes se fazem de loucos, e não são de nada mesmo -, somente uns malas, a loucura a meia-noite canta no seu volume máximo. Hoje pela manhã toquei alguns acordes no violão, e fiz um arranjo na gaita. Preciso inserir essa música no repertório. Agora é só decorar a letra. Que venha a meia-noite. O louco da cidade não quer mais viver / E hoje eu conto pra você / E o que ele quer / Down Down Geral / Quem quer ser o primeiro nunca tem limite / E esse é um erro de princípio / Essa é a lei... / Tem um erro nessa lei.
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Desde ontem venho curtindo um blues, e agora fui conferir a programação da farra aqui na cidade, e olha o que encontrei: aqui Yeah!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Cardápio

Saiu pra jantar na segunda-feira. Escolheu uma mesa lá no canto do restaurante. Antes começou a fazer a palavra cruzada do jornal, e depois tentou ler mais algumas notícias. Só que desistiu. Nem chegou a tocar no caderno policial. Chega de tanta notícia ruim. Tem hora que você tem que dar um tempo. A coisa tá braba: assalto, sequestro, greve, fofoca, governo. Argh! Largou o jornal no canto da mesa. Observou os garçons do outro lado do balcão. O lugar não estava tão cheio. Pensou em tomar alguma coisinha antes do rango chegar. Aí notou um casal a sua esquerda tomando cerveja. Um velho sozinho mais a frente. Uma família reunida devorando um galeto. E ficou largado na cadeira com o cardápio nas mãos. Fez o pedido, e aguardou. Depois de algum tempo conseguiu fechar a palavra cruzada. Quando o seu prato chegou não pensou em mais nada.  

No Placar Eletrônico

Valeu grande BottiMessi! O Mengo agradece!!!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Texto da Sexta

Por.: Paulo Stocker
Anda! O que tá fazendo aí parado? O fone de ouvido nas alturas. Ficou sem entender os gestos. ANDA LOGO! A frase soou feito mímica. Afastou um pouco o fone. Não tá ouvindo não?! Tô te chamando. Ah tá! Se levantou e foi em direção a porta. Dá pra abaixar um pouco isso aí? Como? Anda! Vai... Um grupo de estudantes passava do outro lado da pista. Um senhor ajeitava a calça. Pombos tomavam conta do lugar. Chutou uma tampinha de refrigerante que percorreu toda a lanchonete até bater no vaso de plantas. O chão estava sujo. Terminou de comer o pastel de carne com o suco de caju. Deixou o copo na prateleira. Novos gestos vieram em sua direção. Não abaixou o volume. Notou os lábios em movimento. Percebeu que poderia ser algum chamado. Estava certo. Olhou para as costas da mulher que carregava a sua mochila. Aí sairam andando rapidamente. Ela na frente e ele um pouco mais atrás a sua direita.  Anda! Vamos logo! Foi sem se preocupar com nada.
Por.: Paulo Stocker - aqui

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Essa moça tá diferente

Com essa greve dos bancários as filas estão imensas. Fiquei uns 20 minutos de molho até me livrar daquela zona dentro da agência. Quando vou embora surge uma menina linda vindo na minha direção. Gata! Um tesão. Todo mundo ao redor notou a sua presença. A babação foi coletiva. Até a mulherada virou o pescoço para ver a moça. Ela deveria estar indo pra academia. Que mulher gostosa! Só não pode exagerar no exercício. Ficar musculosa demais. Mulher muito marombada não faz o meu tipo. Nada contra as musculosas, mas acho que tem menina que exagera. Não entendo essa maluquice por um corpo tão perfeito. Mas voltando ao assunto. Ela é loira. Quase 1,70. Passou por mim, e não resisti: virei o pescoço e acompanhei até onde pude. Mulher bonita, sendo da cor que for sempre deixa a gente atordoado. Sei onde fica essa academia. Inclusive tem um barzinho logo em frente. Qualquer dia vou tomar umas cervas só pra curtir o momento dela ir embora. Aliás, será que vende cerveja em academia? Se vender, eu posso até me matricular pra fazer um cooper, ou um levantamento de peso. Preciso conferir.       

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Todas as letras do alfabeto

Tenho vários textos guardados aqui no arquivo do computador. Textos dos autores que aprecio e tenho respeito, livros, discos. Penso neles de vez em quando. Fico pensando nas músicas que escutei quando era moleque. Músicas que ainda fazem parte da minha vida. Quadros. Poemas. Cartas das mulheres que já fiquei. E de vez em quando me ponho a reler algumas delas, ou parte de algum livro na estante, ou, simplesmente, escuto uma música que já não ouvia há muito tempo. Releio crônicas que ainda me fazem companhia por esses últimos anos. Outro dia quis reler um livro, mas ele não me atraiu tanto, tentei descobri o porquê, o que havia de errado, mas não encontrei resposta alguma, então preferi fechá-lo, e seguir adiante, quem sabe outro dia? Somente o do Chefão que está indo de vento em polpa. No meio das folhas encontro um bilhete. Era de uma menina que eu gostava, e que certa vez me deu uma pequena carta, aí num ato besta rasguei tudo e joguei fora num bueiro da rua. Só tenho uma vaga lembrança do que havia escrito ali, não tenho muita certeza. Ler algo se parece com abrir uma porta. Você tem saber fechá-la. Tem que saber a hora de ir embora. Li uma crônica que me fez lembrar do dia do enterro do meu pai. Da minha amiga me pedindo pra chorar. Pra desabafar e não guardar nada. Dos meus amigos conversando comigo. Principalmente de quando fui empurrando o caixão. Me lembro do rosto do velho ali naquele momento. Caramba! Que difícil! Isso já me deixou triste um bocado, e ainda me dá uns petelecos nos sentimentos. Reli a crônica e pressenti que já tenho a chave da porta. E que se eu quiser, posso abri-la, entrar, e sair. Existem textos que despertam sensações que não consigo explicar muito bem. Textos que funcionam como um murrão na cara. Mas que depois de lidos, poxa, me faz um bem danado.