Ao chegar em casa largou o paletó no sofá, e foi tomar água. O dia tinha sido bravo. O calor ainda atormentava sem dar trégua. Tirou a camisa, o sapato, largou perto da geladeira e caminhou até o quintal. Lá pegou um banquinho ao lado da máquina de lavar, e posicionou num canto perto das plantas. Na parte sem telhado. Então olhou o céu que naquele momento já estava anoitecendo. Respirou devagar. Esticou os dedos dos pés. Dobrou a calça até o joelho. A mulher apareceu na porta.
- Ué! Tá fazendo o que aí?
- Nada. Só dando um tempo aqui.
Ela deu um sorrisinho em direção ao filtro. Pegou um copo d'água. E com um movimento leve abriu a geladeira. Temperou com a água gelada. Caminhou em direção ao marido enquanto bebia até a metade do copo. Ficou ao lado dele.
- Tá calor hoje, né.
- Porra! Tá difícil.
Ele olhou o céu, e ela também levantou a cabeça.
- Por enquanto ainda dá pra contar as estrelas, disse ele.
- Você já contou?
- Não. Tô com preguiça.
- É bom olhar pro céu, né, emendou ela.
- O problema é que doí o pescoço. Me dá um gole dessa água aí.
- Já acabou.
- Pega mais um pouco pra mim?
- Não. Tô com preguiça também.
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