“O segredo da criatividade é saber como esconder as fontes”.
Essa frase é atribuída ao Einstein. Não tenho como confirmar. Pode até
ser ironia, mas nem sempre confio nessas fontes aqui da internet. Às
vezes a gente encontra uma frase, ou um pensamento de algum autor e fica na
dúvida. Tento pesquisar, só que às vezes posso quebrar a cara também. Sendo
pensamento do Einstein ou não, quebrando a cara ou não, essa frase se encaixa
perfeitamente na ideia do rock and roll. Sempre que escuto uma banda nova ou
até mesmo uma velharia tento descobrir o seu DNA. Existem algumas em que a
influência está tão evidente que nem precisamos de muito esforço. E eu escuto
rock desde moleque. Gosto de diversos ritmos, só que esse tal de roque and roll
é foda. E desde dessa época que fico aqui com os meus botões ligados. Quando o meu
rádio vagabundo fala mais alto, quando sinto algo estranho no ar, me faço aquelas
velhas perguntas de sempre: será que já se exploraram todas as formas de se
tocar rock and roll? Será que o ritmo realmente vai ter um fim? Acredito que
não. E é por isso que essa frase me salva. Creio que com a facilidade dos
canais de comunicação muita porcaria é jogada no ar, assim temos a impressão de
que se avança pouco ou o que temos na praça é somente um cachorro que tenta
morder o próprio rabo. Na verdade são poucos os artistas que entendem que o rock age como um camaleão pra poder atacar. Pow! Talvez a necessidade
de se inovar traz ideias precipitadas de como entendemos o novo. Parece que a
cultura do entretenimento precisa cada vez mais ser alimentada. E nessa agonia
o hype come solto. Como se aquilo fosse único, nascido sem influência, vindo,
sei lá de onde. E vendem qualquer porcaria nessa agonia de se manter as aparências. Infelizmente a arte acaba em segundo plano. Ontem assisti o
filme Cadillac Records, e essas questões voltaram a me dar um peteleco no pé da
orelha. Por que se existe essa tal agonia: pra onde vai o rock, pelo ao menos, de
onde ele veio isso ninguém tem dúvida – o blues.
O filme aborda sobre a
gravadora Chess Records, e dá um panorama da época (dos anos 40 até os 60). Além
do blues vai mostrando o início do rock and roll. Quer dizer: o lance é saber
mesmo como esconder as fontes, e pra mim a criatividade está em usar os conceitos. O
primeiro disco dos Rolling Stones é basicamente de covers. E várias canções são
dessas bandas que passaram por essa gravadora de Chicago. Os Stones no início
da carreira pisaram por lá também. Eles ficavam escutando e tentando decifrar
aquelas canções. Pegavam cada parte das músicas e ficavam analisando. Olha,
daqui vai pra cá, depois tem um refrão, a letra fala disso, fala daquilo. Buscavam
o seu DNA. Não é nada demais descobrir de como se funciona a técnica. Depois é
só deixar a criação entrar em cena. O tempo vai dizer se você atingiu o que pretendia atingir ou não. Aliás, o filme me serviu pra admirar ainda mais
o Chuck Berry. Aquele jeitão dele tem haver com a sua história. A segregação
era geral. Negro tomava porrada o tempo todo. E o velho não deixava por menos:
peitava os caras sem dó nem piedade. As galegas o procuravam quando ele estava
dormindo no seu carro. Foi parar na cadeia só porque deu carona pra uma. A
rivalidade era grande entre eles. O filme mostra também um pouco sobre a Etta James.
Uma voz divina. E o fluxo vai adiante. Há pouco tempo veio a Amy Whinehouse. Anos atrás
tivemos outras grandes cantoras, mas a essência nunca muda. Tem que ter alma. E
infelizmente a cultura do entretenimento parece ignorar isso, mas o blues
continua aí vivo com o seu filho bastardo chamado rock and roll. Belo filme.
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Programação no canal Max Prime. Domingão vai passar novamente. Etta James: PLAY
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