Ontem fiquei de bobeira aqui em casa degustando umas geladas. Fiquei até o fim da tarde. A preguiça me fez companhia. Liguei o rádio e deixei numa estação. Escutar rádio é terrível. Eles estão parados no tempo. Cada música pior do que a outra. Desisti, então coloquei o Lou Reed pra tocar. Abri outra latinha. Logo o disco acabou. Voltei pro rádio. Outra estação. Tocou um samba com uma voz feminina. Aliás, uma voz muito bonita. Colocaram uma música do Fagner. Terrível. Era do tempo do ronca. Tinha até chiado. Deveria ter sido gravada quando ele morava aqui em Brasília. Gosto de algumas canções dele, mas essa não dava pra encarar. Oh domingo! Porra! Tentei achar um rock. Encontrei. Só que o rock não prestava também. Uma porcaria. Geladeira! Só você me salva: outra lata na sequência. E também umas azeitonas. A preguiça não me deixou abrir os olhos. Fui assisti um jogo na tv. O mengo ganhou de pênalti. O meu flamengo não está merecendo nem comentário. Acho que aqueles caras deveriam primeiramente aprender como se joga futebol de salão pra depois tentarem alguma coisa no campo. Guardei o rádio. Tá bom. Chega! Esses radialistas estão de sacanagem. Caí na cama devidamente abastecido. Só sobrevive o domingo quem não economiza na cerveja. Tem gente que enche a cara no sábado e fica o domingo assistindo televisão. Esse pessoal gosta de se maltratar. São malucos. Acordei no meio da madrugada com sede, mas não levantei. Só consegui me lembrar de um poema que tinha escrito há bastante tempo e deveria estar numa pasta velha que guardo numa cômoda perto da cama. Hoje vasculhei, e o danado estava quieto, lá no seu canto, li novamente e ainda gosto dele.
Gente Boa
(Rodrigo Ferreira)
Ficam à espreita
Cumprimentam
Dão sorrisos profissionais
E sempre procuram pelo teu calcanhar de Aquiles
Mas você não vacila
Deixa eles se aproximarem
Até o golpe certeiro!
Essa gente se faz de inocente
Cheias de últimas horas
Te indicam artistas da moda
Cantores de sucesso
Programas de sábado a noite
A boate que está bombando
Os melhores livros do momento
O tênis mais caro, porém de altíssima qualidade
Um poema “sensacional”
Diz que a sua voz se parece com a de fulano de tal
Te indicam investimentos
Contam a sua experiência de vida
Ah! Eles estão sempre por dentro do sentido da vida
O gênio da lâmpada perde feio
É feito mágica
Tentam uma nova investida à cada lance
Como se você fosse o prêmio
E eles estão sempre por perto
Com as manchetes da sua vida na ponta da língua
E aí quando menos se espera
Você responde da maneira mais ríspida possível
Cospe palavras rudes
Palavras sem nexo
Ideias vagabundas sem nenhuma culpa no cartório
Sabe por quê?
Porque eles são tão perigosos
Que se dizem surpresos com a sua atitude
Aí então, recuam na maior cara de pau
Como se fossem eles, os maus, interpretados
E você sorri
Por que de alguma forma
Conseguiu assustá-los um pouco
Conseguiu dar o que eles merecem de fato:
Bú!!!! Rá! Rá! Rá! Rá!
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