- E aí parceiro, posso falar com você? É que a gente mora na rua, e tá todo mundo querendo beber cachaça pra esquentar. Sabe como é, né.Tem como salvar essa?
Andou pelo lado da calçada no sentido oposto. A qualquer minuto um ônibus poderia surgir por ali. Encontrou um carrinho de cachorro quente vazio. O dono limpava as mesas. Ninguém deveria estar com fome nessa noite. Num bar em fim de carreira os clientes falavam alto com os braços abertos. Realmente não fazia frio. Uma noite agradável. Até surgir um cara numa moto vindo na sua direção. Já era! Essa eu me ferrei, vou ser assaltado agora, pensou. Então viu o cara lhe cumprimentar e seguir adiante. Nesse momento a respiração ficou mais tranquila. É que ele desviou pela calçada pra não dar uma volta muito grande. Somente um desvio. Isso aí: um desvio. Mas quer o quê? Um cara freia a moto, vira na sua direção, espera um segundo, e com tanto espaço ao redor vem logo para o seu lado?! A madrugada não estava fria. Talvez, sem graça, e timidamente normal. O ônibus passou em seguida fazendo barulho, mas naquela altura preferiu seguir a pé. Não compensava gastar dinheiro já tão perto do seu destino.
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