De um lado a parede pichada, repleta de cores fortes até o fim do muro.
O beco fedia a mijo. Tinha alguns grafites mal feitos. Só que a cidade na sua
parte suja parecia calma. Daria uma bela foto aquele poste da esquina. Aquele
amontoado de fios lá no alto. Um vira-lata rasgou o saco de lixo no fundo do
bar. Três pessoas conversavam perto do carro com a porta aberta. Tem uma hora
que o frio faz a gente caminhar com as mãos nos bolsos. Faz a gente brincar com
o troco de moedas no fundo da calça. Nesse lugar a feiura parece não se
preocupar muito. Acho que se você fizesse um solo de trompete com a boca na
saída do beco tomando a avenida mais a frente, a rua lhe agradeceria com um
sorriso. Dá próxima vez vou experimentar fazer isso, colocar um jazz no fone de
ouvido pra ver se vai dar certo ou não. Se você prestar atenção no muro perto
de uma caixa d’água, vai descobrir que lá no cantinho mora duas corujas, e enquanto o casal não
sai para o jantar: o senhor coruja, e a senhora coruja ficam de olho e quem vai, e em quem volta. Sei lá, tenho a impressão de que piscaram na minha direção.
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