terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um Poema Beat

A BAGUNÇA TODA... QUEM SABE
Gregory Corso

Subi seis lances de escada
até meu pequeno quarto mobiliado
abri a janela
e comecei a jogar fora
as tais coisas mais importantes na vida

Primeiro, a Verdade, ganindo como um dedo-duro:
“Não! Direi coisas terríveis de você!”
“Ah, é? Não tenho nada a esconder... FORA!”
Depois, Deus, assombrado, corado e choroso de espanto:
“Não é culpa minha! Não sou a causa de tudo isso!” “FORA!”
Depois o Amor, aliciando subornos: “Você não conhecerá a impotência!
As garotas da capa da Vogue, todas suas!”
Apertei sua bunda gorda e gritei:
“Seu destino é um desvalido!”
Peguei a Fé, a Esperança e a Caridade
as três juntas abraçadas:
“Você não vai sobreviver sem nós!”
“Estou pirando com vocês! Tchau!”

Depois a Beleza... Ah, a Beleza –
Tão logo a levei até a janela
disse: “Você eu amei mais na vida
... mas é uma assassina; a Beleza mata!”
Sem querer realmente atirá-la
desci correndo as escadas
chegando a tempo de apanhá-la
“Você me salvou!” sussurrou
Coloquei-a no chão e disse: “Anda.”

Subi de volta as escadas
procurei o dinheiro
não havia dinheiro pra jogar fora.
Só restava a Morte no quarto
escondida atrás da pia da cozinha:
“Não sou real!” gritou
“Não passo de um rumor espalhado pela vida...”
Atirei-a fora com a pia e tudo, sorrindo
e então notei que o Humor
era tudo que havia restado –
Tudo que pude fazer com o Humor foi dizer:
“A janela fora com a janela!”

..................................
tradução: Márcio Simões

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Segurar a Bronca

Willem Kooning
Um desconto vai cair bem, e isso é só para perceber que não precisa abaixar a guarda. Se pra isso vamos encontrar uma palavra no dicionário, ou uma nova definição que quer ganhar espaço, a porta precisa ser testada. O tédio já não corresponde às expectativas. O que é pra já não merece respeito. Até quieto, os ruídos estão em volta por que existe um movimento que a vida faz e não adianta brigar por causa disso. Também vai servir para evitar esse atropelo quando a voz não consegue encontrar uma palavra na porta de saída. E ainda tem os malditos impulsores que insistem em nos dar as cartas. O faça isso, o faça aquilo, o caminho é por aqui. Acredito que isso só atrapalha quando o vocabulário se esgota. Quando a pressão está voando num céu de brigadeiro parece que existi algo de errado nessa calmaria por que o comum é se ter de menos ou de mais. Papo! Nada pior do que ficar em paz pensando na agonia, ou na agonia pensando em paz. Acredito em não deixar nada passar barato. O corpo movimenta, a vida também. Os problemas chegam e vão embora. Mesmo aceitando ou negando, não adianta ficar com o seu estoque de pensamentos pros dias de chuva, e os de sol. Daqui a pouco terá que mudar algo. E com mais palavras damos voltas e mais voltas. Às vezes escampamos ilesos. Depois é outra estória. 
Ficar antecipando emoções que possivelmente nem vão aparecer, e se preparar antes do pior, só vai trazer cansaço. É essa mania controladora que tá deixando todo mundo maluco. Pior ainda é matar a novidade. A imparcialidade de algumas pessoas não chega a ser nem um blefe. É puro medo de enfiar o pé na porta, e enlouquecer. Se somos atores no dia-a-dia nada melhor do que mergulhamos no personagem até o fim. E saber sair dele com os cacos dentro do bolso. A depressão não é tão feia como pregam por aí, e o otimismo também pode ser uma farsa das mais sujas. Então pensa como os especialistas ganham força quando eles se alimentam da nossa falta de resposta. Imagina toda aquela sabedoria estudada e eficiente, que também pode estar errada, mas que também vai sempre estar pronta a mostrar qual é a real situação. O plano que deve ser feito quando ainda se tem alguma chance. As velhas armações de bem-estar nunca deixaram de aprimorar as suas iscas. 
Tenho repetido de vez em quando comigo que se souber segurar a bronca já está de bom tamanho. A rotina faz o resto. Leva adiante. A rotina não traz problema desde que ela esteja no seu rumo correto. Me lembrei da mulher que me disse que o trabalho dela era barra pesada de encarar. Tem gente que por um salário fixo no final do mês tem a capacidade de se sujeitar a qualquer coisa. Não precisa ter dúvida disso. Agora se ela conseguir segurar a bronca talvez consiga não sentir medo dos seus pensamentos. Às vezes fico parado vendo a multidão passar. Enquanto isso leio as manchetes dos jornais em frente a banca de revista. Lá dentro passo o olho nas capas das revistas e folheio alguns gibis. O silêncio ainda atrai os velhos fantasmas, e eles usam os mesmos truques só para testar se você sabe segurar a bronca.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Groove Bacana

Quando se tem uma energia, o som fica bonito. Muito legal essa homenagem ao Zeppelin (abaixo). Me perguntaram se o blog tinha acabado, mas não acabou. Logo vou aparecer por aqui. Tô até com saudade de escrever. Por enquanto segue esse som desses dois camaradas aí. Até!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

No Vinil

De vez em quando eu ficava cantando o título e acho que também o refrão dessa música: Salt Peanuts! Salt Peanuts! Mas não sabia quem tocava o som. Um jazz de primeiro quilate. Ontem descobri que é o Dizzy Gillespie. E até que enfim que encontrei. Já tinha tempo que tava afim de descobrir quem mandava aquele Salt Peanuts! Salt Peanuts! Acho engraçado a maneira como ele canta. Escutei essa música num filme e de lá pra cá foi um rolo pra descobrir o nome. Digitei tudo quanto foi nome e nada, ontem achei a ficha da trilha sonora, e descobri que o meu inglês é uma porcaria, putz. Salt Peanuts! Salt Peanuts!

domingo, 14 de julho de 2013

Gata Garota

Mulher instrumentista é uma das coisas que mais aprecio. Meu domingo fica melhor! YEAH!!!!!

sábado, 6 de julho de 2013

Cena nº 04

Comportamentos de um dia frio. Pego um jornal da semana passada e leio notícias velhas.  Tudo sem nenhuma vontade de opinião, ideia ou qualquer juízo de valor. Tá valendo... Tô viciado no disco do Dr. John. Tá aí! Esse disco tem me feito bem. Quando começo a ficar idiota comigo mesmo, coloco pra tocar e tenho alguns minutos de paz. Só tenho pensando na noite. Na madrugada principalmente. É uma pena que passa rápido demais. Fico calado mascando um clorets. A música rola solta, e acompanho o ritmo. Ela toma conta desse momento. Não digo nada. Só escuto. O silêncio não faz mal quando essa ótima companhia é você mesmo.