quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Quando o scotch dar as cartas


Só tinha uma garrafa de whisky pra festa inteira. Jack Daniel’s original. Várias pessoas tomavam com gelo. Eu só tomo caubói. E fiquei um pouco triste. Se todos tivessem essa mesma atitude a garrafa ia demorar mais um pouco pra acabar. Então a única solução que arranjei foi colocar doses cavalares no meu copo. Afinal é sacanagem encherem o copo até o tampo por causa do gelo, e o meu copo ficar com uma mísera dose caubói. A porcaria da garrafa só durou 15 minutos, e ainda bem que consegui 4 doses cavalares. Outra vez num sábado a noite, lá na Concha Acústica, ela me deu de presente uma garrafa de Johnny Walker zerada. Bebi até tarde. Quando estávamos vindo embora, não sei o que fiz com o copo que ele caiu entre os bancos molhando a marcha, e o freio de mão do carro. Ela ficou puta da vida.
- Eu não suporto mais, você jogar whisky no meu carro.
- Poxa, você não sabe o quanto eu tô mal por ter perdido a última dose.
- Isso é palhaçada.
- Ninguém mandou você me dar essa garrafa.
- Ah tá!
Voltamos em silêncio. E eu pedi para que ela parasse num posto de gasolina só pra comprar uma lata de cerveja. Mas toda vez que o posto se aproximava, ela passava direito.
- Você já bebeu demais.
- Puta merda! Agora eu vi mesmo. Tá querendo bancar a minha mãe, pô.
- CHEGA!
- Se você não parar esse carro, a coisa aqui vai esquentar.
- Cala a boca!
- Ah! Então vamos lá!
- Rodrigo! Fecha essa porta!  
- Quando você passar do lado do carro que for, eu vou abrir pra acertar com gosto. Para num posto agora.
- Idiota!
- Quer alguma coisa?
- ...
- Tá nervosinha?! O gato comeu a língua.
Quando volto, não vejo mais o carro. Procuro ao redor e nada. Penso que vou ter que voltar a pé, mas de repente ela aparece novamente com um sorriso cínico.
- Achei que tinha ido embora.
- Fui calibrar os pneus.
- Mulher de pulso! É isso aí.
- Entra logo e vamos embora.
- Meu bem eu vou te falar um negócio. Quando se bebe whisky primeiro, a cerveja demora a ficar no jeito, mas quando chegar o próximo posto, você encosta que eu já tô melhor.
- Não sou a sua motorista.
- Cadê aquela menina que adora me dar uns presentes? 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sem destino


Meio sumido aqui do blog. Tenho vagabundado pela internet. Quando vou escrever algo invento de escutar um disco, ou ler uma matéria na hora, aí acabo largando de mão. Nessas minhas andanças pelos blogs, colunas, e outras quebradas, notei que a internet não tem mudado muito, mas tem coisas interessantes. As pessoas ficam putas da vida com determinadas opiniões e brigam para se mostrarem antenadas, ou que a suas razões devem ser ouvidas. Vejo sites que são bombardeados e fico pensando por que essas pessoas não montam um blog, e de lá vão mostrando o que pensam ao invés de passarem por um papelão desses. Algumas vezes essa raiva toda soa meio boba. Mas a internet tem coisas legais, como por exemplo, a educação. Achei que ela não existia mais. Li uma matéria sobre o roqueiro Serguei e pensei que ele seria imediatamente sacaneado, mas não foi isso que aconteceu. Bacana! Fui lá bisbilhotar os comentários, e várias pessoas falavam detalhes bacanas a respeito dele, sem essa de usar o anonimato da rede pra hostilizar, ou qualquer outra merda. Então ainda existe educação e respeito. Pô! Muito bacana. O meu fone de ouvido tá impossível: Beatles, Stones, Henry Mancini, The Jesus Mary in Chain, Jards Macalé, Mombojó, Feist, Nei Lisboa, então assim que ele cansar devo escrever o próximo post. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Nas Manchetes

Como são as coisas... Pela manhã li a crônica do Veríssimo sobre futebol, e agora vejo que ele está internado em estado grave. Que está com uma infecção generalizada. Isso é triste! Torcida aí pra ele sair bem dessa pedreira. Assisti a um show da banda dele aqui em Brasília na Expotchê, e o cara manda muito no saxofone.  Uma noite bacana com vinho, comida gostosa, e música de primeira. Melhoras! Aí vai um John Coltrane pra agitar a torcida num pensamento forte, e positivo.

Final de campeonato só ano que vem


O time dos sonhos
E aí? Como está o seu time nesse fim de Brasileirão? O meu mengo escapou do fantasma do rebaixamento. Ufa! Um problema a menos. Esse ano foi difícil de assistir algumas partidas. O time em muitos momentos se comportou como time de várzea. Mas tá perdoado. Enquanto não mexer na casa de maribondos (diretoria e toda a cartolagem) o time vai continuar nessa mesma levada, sem rumo. Uma hora você acha que está no caminho, e de repente uma maré de azar se instala, e não vai embora . Flamenguista! Prepare o seu coração para 2013. O time é grande, mas trabalha mal em todos aspectos.

Abaixo vai uma crônica do Luis F. Veríssimo que está no jornal Estadão de hoje. Sugiro que leia primeiro a crônica (abaixo) e depois volte até esse ponto aqui e finalize o restante do parágrafo. Vai lá! Não concordo com a tese dele. Se o time terá que se submeter às regras amadoras da série B é por que durante o ano inteiro se comportou de maneira amadora. E nesse ano, o Palmeiras não foi nem um pouco profissional. Foi terrível! A série B é truculenta e mostra como o futebol brasileiro é de fato. Acho que o time que cai ali dentro, ele vai ter que mostrar se a sua tradição, e o seu tamanho realmente tem força pra manter o seu respeito intocável. Não tem essa de clube do bolinha. Time grande ou pequeno tem botar a cara à tapa, sem medo, e com muita coragem. Seria sacanagem, só por causa da tradição e do tamanho, continuar num posto privilegiado por incompetência. Pra mim incompetência no futebol é sinônimo de degola, ou se você quiser: segunda divisão. Ou se for mais incompetente ainda: terceira divisão. E assim até o fim do buraco. Seja quem for. Gosto dos textos do Veríssimo, e da sua obra, mas futebol é assim mesmo, seja em crônica ou num papo no boteco, cada um tem a sua tese. Desce uma gelada e outra dose de São Francisco aí, Seu Léo! (o irmão gêmeo do Charlie Watts dos Stones)    
Uma Potência que Cai
Por.: Luis Fernando Veríssimo - Jornal: Estadão

Fluminense campeão por antecipação, Palmeiras na segunda divisão. O que pior se espera de um campeonato de pontos corridos e com bloco de rebaixados aconteceu: um líder disparado que torna as últimas rodadas supérfluas, a não ser para quem ainda busca consolo na classificação para uma das competições satélites, e uma potência que cai.
Defendo, solitariamente, a tese de que deveria haver uma espécie de liga de intocáveis, clubes que por sua tradição e pelo tamanho e poder econômico da sua torcida estariam imunes ao vexame do rebaixamento. Isto não eliminaria o ascenso e o descenso, ainda haveria lugar para os times que vêm de baixo subirem na vida. Apenas os grandes clubes, por pior que fossem nos campeonatos, e por pior administrados, não correriam o risco de cair. Estariam, por assim dizer, protegidos da sua própria incompetência.
Minha tese não é elitista nem sentimental. Se baseia em frio raciocínio capitalista. Qual é a lógica de um negócio que de uma hora para outra mutila o seu próprio mercado, tirando de cena uma das suas maiores atrações e dispensando o seu público? Eu sei, eu sei. As estatísticas mostram que as grandes torcidas não abandonam o time rebaixado, antes reforçam a sua devoção para ajudar a tirá-lo do buraco. O que é muito bonito, mas não esconde o fato de que grandes organizações profissionais como o Palmeiras são obrigadas a se submeter a regras amadorísticas.
Shakespeare sabia que a morte de um comum pode ser trágica mas só a morte de reis dava boas peças. Uma potência que cai tem ressonâncias e implicações que fazem pensar, como a queda dos reis shakespearianos, na transitoriedade da glória fugaz, e nunca é um espetáculo menos que impressionante - mesmo que a imagem que perdure seja apenas a de uma torcedora enxugando as lágrimas com a camiseta do clube.
Mas eu não deveria estar escrevendo tudo isto. Ultimamente minha única alegria como torcedor tem sido a de poder dizer que, falem o que falarem dele, o Internacional jamais caiu para a segunda divisão.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mão na Cabeça

O noticiário comentava sobre o Belchior. A imprensa quando quer encher o saco, ela vai com tudo. Fica ali na cola feito vampiro atrás de sangue novo, pedindo explicações da vida particular do cara, exigindo uma palavra que seja. Belchior: o criminoso. Só tá faltando ele assaltar um banco, aí a novela iria  estourar no ibope. Aliás, o rapaz latino americano deveria fazer isso, dar um belo cano nesses bancos, sequestrar uma repórter, pedir um resgate, mandar felicitações a justiça pela soltura do Cachoeira, biritar um whisquinho amigo na festa de posse do Joaquim Barbosa do STF, e depois torrar o dinheiro até acabar. Torço pra que ele não perca a sua força. Gosto de artista dessa envergadura: marginal. O Brasil tá precisando disso. Chega de santinho do pau oco que sonega imposto, e faz o caralho, e ainda é aplaudido pelo grande público. Sem falar nessas dancinhas miseráveis. "Eu não estou interessado em nenhuma teoria / Em nenhuma fantasia / Nem no algo mais". E nem eu. É isso aí!

sábado, 17 de novembro de 2012

Quem sabe amanhã?


Quantas horas? Sete da matina. Caramba! O tempo voou. Acho que esse som tá alto. Se não reclamaram até agora é porque o sono deve estar pesado. Então vamos colocar outro som. Ainda tem a saideira, aí? Tem! Lá embaixo um mendigo perambulava com um saco nas costas. Mais ninguém por perto. O sol da manhã ia manso quando me lembrei de uma piada. Já pensou se nessa manhã, as pessoas ao acordarem descobrissem que estavam mudas, e surdas, e que de agora em diante só se comunicariam por gestos ou pela escrita? Ia ser engraçado. Depois da saideira fui embora pensando nisso. Vi uma padaria funcionando, e percebi que a minha teoria tinha ido por água abaixo, se todos estivessem mudos e surdos, o estardalhaço ia ser grande, só que o clima ali parecia bem normal. Logo topei com uma dessas pessoas que caminham bem cedo. Ela me disse: bom dia! Eu também respondi: bom dia. É! Pelo que parece estava tudo do mesmo jeito. Mas apesar da minha teoria furada, a manhã estava bastante agradável. 

Voltei a cantar

sábado, 10 de novembro de 2012

Tirar a poeira


Abbey Road. Tenho esse disco dos Beatles em vinil. Tô aqui escutando no you tube. Ótima companhia. Desde ontem venho pensando nele. Tava com vontade de escutar. Peguei ali no meio da bagunça do quarto só pra dar uma olhada no bolachão. É uma pena que não tenho mais um som pra escutá-lo em vinil. Esse disco fazia parte da coleção do tio de um grande amigo meu, um cara que considero irmão, tenho amigos e amigas que considero meus irmãos, aí o disco passou pra ele, e agora tá comigo. Na época eu ainda tinha o som que dava pra tocar vinil. Tenho saudade dele. Legal que nessa versão do you tube tem uma música a mais chamada – Her Majesty – não me lembro de ter escutado. Vou deixando o disco rolar até chegar lá. Desde ontem venho pensando no lado B do disco. Só em vinil para você ter o prazer de escutar o lado B de uma obra de arte. Começa a partir da música Here Comes The Sun que é cantada pelo George Harrison. Foi uma fase complicada na banda. Mas os caras como sempre fizeram um dicaço. Lembro da primeira vez que escutei ainda moleque.  Simplesmente, eu não quis ir mais pra escola naquele dia. Agora tô aqui curtindo e deixando o almoço se acalmar no estômago pra começar os trabalhos: abrir uma latinha que está geladíssima ali no freezer. Putz! Começou Because. Vou parar por aqui. Bom final de semana aí.  Quer escutar? PLAY

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Pra fechar o dia

Pelos seus 110 anos

Um professor de português na época em que eu fazia o cursinho pré-vestibular, certa vez, numa aula de gramática, se lembrou de quando era estudante, e disse que ao escutar do seu professor o poema do Drummond “No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho / Tinha uma pedra / No meio do caminho tinha uma pedra / Nunca me esquecerei desse acontecimento / Na vida de minhas retinas tão fatigadas / Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho / No meio do caminho tinha uma pedra” – , ele comentou com o seu amigo na cadeira ao lado: “Ah! Esse aí até eu fazia!” Só que o comentário saiu um pouco alto, e na mesma hora o velhote indignado mandou na lata: “Pode até fazer, mas o problema é que o Drummond já fez, rapaz, então faça outro”. Até hoje o cara deve estar tentando fazer, mas sinceramente, não sei por que isso me veio à lembrança, justamente, naquele momento em que eu vinha andando de volta pra casa. Talvez fosse, porque ao notar que nenhum carro me atrapalhava da esquerda pra direita e nem da direita pra esquerda, a avenida estivesse livre. Que no meio do caminho, nem pedra, nem carro, nem porra nenhuma iria me atrapalhar. Até que enfim, né, pô! Já estava merecendo. Continuei na mesma levada até o outro lado tranquilamente. Se fosse só pedra, a vida estava até bem tranquila, mas é que na verdade ela está cheia de entulho, ou melhor, bala pra tudo quanto é lado. Olá! São Paulo! Se vacilar, os problemas vão impedir de você degustar até uma cervejinha no boteco da esquina. Sempre achei o Drummond um poeta que sabia usar a palavra. Mas achava também que faltava alguma coisa na sua obra. Via a figura dele e pensava com a mesma visão da época de moleque quando achava que eles estavam mentindo. Que aquilo era somente uma fresta do seu real pensamento, e no caso do Drummond, eu não estava errado, a prova disso veio no seu livro póstumo – Amor Natural, onde você encontra os seus poemas eróticos. Pelo que se sabe ele só pediu que o lançasse depois de alguns anos de morto. Ali você encontra um poeta sem onda. Tudo bem que é póstumo, mas ele fez. Existe poeta que está preso à sua figura imaculada de poeta. E vou te falar: bem acomodado, só mamando na teta do título; feio no seu mundo estéril e acadêmico, preso às amarras linguísticas, longe do ser humano que vive num inferno de cão todo santo dia, ali com a sua patota universitária bebendo ponche em sarau mequetrefe. Sarau que de tão organizado nem os vizinhos reclamam do barulho. Fico pensando nos seus pupilos que o veneravam como santo lendo os poemas póstumos: “ela a me beijar o membro (...) como beijava uma santa / no mais divino transporte / e num solene e arrepio / beijava, beijava o membro / Pensando nos outros homens / eu tinha pena de todos aprisionados no mundo”. E agora, José? Ele soube dar uma rasteira muito bem em quem tentava seguir os seus passos. É que o seu lado poeta não o deixo bobo, não o desligou dos seus desejos. Poeta ou não, todo homem sabe que a gente não consegue viver sem uma bela mulher, um belo par de coxas, e uma buceta que deixa a gente sem rumo. Viva Drummond!