sexta-feira, 30 de setembro de 2011

De sexta a domingo

Nesse tempo de rock in rio tenho pensado no blues do barão: "outra vez vou te cantar / vou te gritar / te rebocar do bar". Ontem voltei mais cedo do bar. Andando sozinho e caminhando lentamente. Apesar do calor, teve um momento no início da noite que senti um vento frio quando fui ao banheiro. Estamos na primavera, mas esse clima tá meio maluco. "E nem me importa que mil raios partam / Qualquer sentido vago de razão / Eu ando tão down". Um blues para assoviar. É bom cantar (mentalmente) enquanto dobro as esquinas. Li uma matéria sobre o rock in rio que os preços estão o olho da cara. Uma cerveja: 7 pilas. Água: 5. Parece que depois da reclamação, resolveram voltar atrás, e deixaram a moçada entrar com rango e água, ou um negócio assim. As atrações estão meio batidas, né.  Boto mais fé de fazer um woodstock particular, sabia. Pegar uma casa, encher de mulher, e ficar três dias de rock and roll até não aguentar mais. Montar uma estrutura naquele esquema de pague para entrar e reze para sair. Rock and roll tem que ser curtido da melhor maneira possível, ora. Mulher se jogando pelada na piscina. O som nas alturas! Churrasco pegando fogo! Os vizinhos enlouquecidos por causa da gritaria! A polícia batendo na porta de hora em hora. Agora o que eu vi na televisão não teve, e nunca terá nenhum pingo de rebeldia. Parece que essa palavra não existe mais no dicionário de hoje. Tô fora! Vou para o meu rock-in-woodstock-particular imediatamente. Tchau!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pra acalmar os ânimos antes da pelada mais tarde

Por.: Paulo Stocker
Por.: Caco Galhardo

Foi só tirar a poeira

Na pequena estante ao lado da minha cama, alguns livros estão ali cheios de poeira. Um exemplar do Chefão do Mário Puzo, outro do Machado, um do Kafka, algumas revistas da playboy, uns papéis soltos. Estou relendo o Chefão novamente. Depois que terminar penso em jogá-lo no lixo. Só penso. Acho que não vou fazer isso até porque gosto muito desse livro. É que o meu exemplar está bem velhinho, as páginas amareladas, o cheiro de mofo já chega até incomodar. Só que o texto é o que importa, e ele não me deixa desistir, aí vou lendo sem reclamar de nada. E é bom reler esse livro. 

Acho que resolvi fazer isso depois que li um post do Nilo Oliveira que está linkado aí do lado. Ele postou alguns diálogos, e frases do filme – O poderoso chefão que é baseado nesse livro. Já passei das trezentas páginas, e ainda me faltam bem umas duzentas. Vou navegando tranquilamente. Vou lendo cada capítulo como se fosse a primeira vez. Mesmo sabendo do enredo ainda me emociono, fico pensando em algumas coisas. O livro trata da máfia siciliana, os trâmites, as relações do mercado ilegal. Mas pra mim o forte dessa estória é a relação familiar implícita ali. Se a base da sociedade é a família, e ainda assim, se pensarmos que essa família deva seguir princípios éticos e morais. Como funcionaria uma que está no comando do crime organizado, e que além de disputar o poder com outras famílias, tendo o Estado também como rival, consegue lidar com as suas próprias relações? A princípio poderia se pensar que fosse da mesma maneira dos seus inimigos. Mas se engana. A família, embora dependa do crime permanece intacta. Claro que depois ela vai se deteriorar, passar por problemas cabeludos, mas até aí qualquer uma passa por isso. E com eles não vai ser diferente.

É só você ler o livro, ou assistir o filme pra perceber essa relação. Parece que os princípios estão invertidos, mas não é bem dessa forma. O que está invertido são os negócios. A ideia é pensarmos que como regra, a desestruturação familiar vai desembocar na criminalidade, mas parece que tanto no crime como na legalidade uma coisa é comum: a ética, e o respeito. Se bobear, já era... O crime é organizado mesmo. O Estado anda de muletas. Quando comecei a reler o texto percebi o marcador de página do livro: um santinho de Santo Expedito. Nem só devoto de santo algum, mas tenho um apreço por Nossa Senhora Aparecida. E esse santinho veio bem a calhar, um belo marcador de página. Li a oração no verso que diz que se você estiver precisando de uma ajuda urgente, peça a ele. Lembrei dos meus problemas, mas nada é tão urgente ou desesperador. Então olhei a imagem da mãe de Jesus na estante da sala e dei uma piscada. Se tiver que pedir alguma coisa, eu sei com quem falar.  Antes de fechar o livro, surgiu uma frase do Balzac antes do primeiro capítulo: “Por trás de toda grande fortuna há um crime”. Bela frase! Deixa a gente sempre com pulga atrás da orelha.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pedaço da Escala


Três vezes na mesma sequência. O ritmo segue e incendeia as pessoas na pequena roda. Descobre-se que um ouvinte é surdo. E mesmo assim todos dançam ao embalo dos instrumentos em frente à calçada. Como quem não escuta pode dançar tão alegremente? Os carros se amontoam por toda a via. Querem entender aquela balbúrdia, mas a bagunça faz com que ninguém pense a respeito. Somente pulam ao ritmo frenético dos instrumentos de sopro e percussão. O que pode ser? Boogie woogie? Jazz modal? Forró percussivo? Algumas pessoas começam a dançar fora do ritmo. A música desorganiza o fluxo do trânsito, desconcerta quem está passando, e contagia os maus humorados. A canção não tem letra. A música não tem uma estrutura precisa: somente explosão. O palco não existe. A luz vem do fim do dia. Só existe o som. O mesmo som que o surdo nunca vai saber qual é, mas que ele também pode sentir. Os músicos encerram a sua apresentação.

O silêncio vem na sequência entre sorrisos e momentos de despedida. Os minutos se passam lentamente. Aos poucos todos vão para as suas casas com algo guardado dentro de si.  Eu trouxe comigo aquela melodia do final da canção, e ainda posso escutá-la. De repente ela desaparece. Me lembro do surdo. A noite vai começando diferente das outras. Os problemas, e até mesmo o que somos durante o dia, pode sumir por alguns instantes, mas a música acaba, e os músicos também seguem o seu caminho. A canção foi o nosso presente. Quantos souberam disso? A cidade volta ao seu ritmo de sempre. Cada um com o seu pedaço de melodia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

15:37

Comecei a escrever por aqui e de repente fiquei empacado no meio do caminho. Aí apaguei tudo de uma só vez pra tentar recomeçar novamente. Vários assuntos passaram pela minha cabeça, mas nenhum ganhava forma em texto. Talvez eles não fossem assim tão importantes como eu imaginava que fosse. Então tentei mudar o foco. Aí me lembrei dos textos que ando lendo ultimamente, e de mais alguns que estou relendo. Também poderia escrever aqui sobre esses textos, mas preferi deixar quieto. Só sei que eles estão me fazendo um bem danado. Também pensei que poderia falar sobre o tempo, ou dizer que acordei de madrugada, bem no início da chuva para contar que fiquei escutando o barulho no telhado. Três meses sem uma gota d’água pode saber que não é fácil. Mas daqui alguns dias, tenho certeza que vou reclamar da chuva também. Sei que vou ficar brabo por cair tanta água assim, e que vou esquecer o guarda-chuva em algum canto qualquer. Mas esse dia de hoje tá na sua levada. Eu diria até mesmo calmo. Ontem, meus amigos me ligaram no fim da tarde e ficamos batendo papo até o começo da noite. Vários assuntos ao mesmo tempo. Noite agradável! Bom, acho que já deu um post. Até!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Neutrinos

Então existe uma partícula que ultrapassa a velocidade da luz, né. Os cientistas estão intrigados com essa nova descoberta. Hum... Dizem que os resultados são malucos, e que as consequências podem ser sérias. Ou estão querendo te derrubar Velho Einstein, ou você escondeu esse dado muito bem. Não entendo porra nenhuma de física, mas fiquei intrigado com -, "as consequências podem ser MUITO sérias". Será que agora os caras vão conseguir realmente mandar tudo pelos ares? Ainda bem que os meus neutrinos estão mais ligados às moléculas da cevada concentrada. Porque ao menos esse poderoso líquido que funciona abaixo dos 3ºC, me faz viajar no tempo e no espaço acima da velocidade da luz num piscar de olhos. Viva os protóns e nêutrons da cerveja gelada. Yeah!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Bloco de Notas

Abri uma gaveta, e embaixo de uma pasta encontrei uma folha rabiscada. Segue aí:
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A diferença entre sonho e realidade
É que depois do sonho
Você acorda e tá deitado numa cama
Cheio de estórias pra contar

Que voou!
Pegou a mulher mais gostosa do seu prédio
Ganhou na loteria
Conversou com o avô 
Que já morreu há mais de vinte anos

E a diferença da realidade
É que depois que você acorda
Ou tá numa maca de hospital todo rachado
Ou já chegou no céu ou no inferno
Cheio de estórias pra contar
(Julho 2011)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Nevermind - 1

Não sei se é verdade, mas dizem que após ser questionado sobre como fazer uma canção, o grande trovador Bob Dylan, deu uma dica e tanto para os iniciantes na arte de compor. Disse que bastava você pegar uma música que gostasse muito, aquela que você escutasse até enjoar, e com calma mudasse algumas coisinhas para não dar muito na cara. Bom, agora, se isso é verdade ou não, eu não sei, mas parece que alguns artistas aprenderam muito bem a lição do mestre. 

Vou dar um exemplo: tem uma banda do pós-punk chamada Killing Joke que serviu de base para uma música do Nirvana. Taí um cara que eu admirava e ainda admiro muito - Kurt Cobain. Era talentoso pra cacete. Fez canções perfeitas. E ele seguiu os passos do mestre. Não é pra qualquer um. Só com muito talento pra realizar a tarefa. A música “Come as you are” do disco Nevermind (melhor álbum dos anos 90) foi inspirada numa canção chamada “Eigthies” do disco Nigth Time do Killing Joke. Olha o depoimento do vocalista Jaz Coleman

“Quando ouvi ‘Come as you are”, fiquei puto. A música era um plágio descarado de uma antiga faixa do Killing Joke, ‘Eigthies’. Daí Kurt confessou que havia plagiado mesmo, e em vez de irritado eu fiquei lisonjeado. Ele disse que amava o Killing Joke e que nós havíamos sido uma grande influência para ele. Senti que ele estava sendo honesto. Ele não copiou nossa música para ganhar dinheiro, mas porque era fã. Muita gente nos aconselhou a processar o Nirvana, mas nós nos recusamos”.

Agora faça o teste, aí embaixo. Ouça e responda a pergunta: “Come as you are” foi plágio da música “Eighties” do Killing Joke ou Kurt Cobain seguiu a dica do mestre Bob Dylan?
Nirvana: Play Killing Joke: Play

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sem Nariz Vermelho

Na última parada da W3 sul ele desceu do ônibus sem deixar rastro. Foi embora com o semblante fechado. Até mesmo triste. Logo veio o engarrafamento, e o trânsito caótico deu as cartas. Se até os palhaços não conseguem mais sorrir, nós estamos ferrados, pensei. Duas paradas pra trás vi quando ele entrou no ônibus. Acenou e o motorista liberou a sua passagem. O palhaço se posicionou ao lado do trocador aparentemente alegre. Esperei algum número. Alguma zoação. Uma brincadeira para animar um pouquinho aquela tarde seca. Mas não foi o que aconteceu. 

Ele começou a contar a sua vida sofrida, e que estava ajudando uma entidade para drogados, ou algo do tipo. Disse que há bastante tempo tinha sido palhaço, e que agora estava de volta. Que precisava ganhar a vida, e com isso levantar um troco. Achei honesto da parte dele, e me senti bastante triste. Muitas vezes você encontra muito malandro se passando por sofrido atrás de um troco qualquer. Bom, se o cara teve essa intenção mandou muito bem. Agora se for verdade, a situação tá braba mesmo, se os palhaços não trouxerem mais alegria, nós estamos fudidos. E ele foi embora sem fazer nenhuma graça. Nenhumazinha sequer. A coisa tá feia pra todo mundo, pensei. Pros artistas de rua então, nem se fala. Gostei desse palhaço. Ótima atitude meu camarada. Enquanto esperávamos o ar da sua graça, a vida se apresentou ali sem maquiagem, sem palmas e sem apresentação. 

Quando cheguei em casa fui ver o trailer do filme do Selton Mello que se chama - O Palhaço. E olha o que encontrei por lá: “eu faço o povo rir, mas quem é que vai me fazer rir”. Será que tá dando grana não fazer mais piada, ou, essa é a nova tendência do picadeiro? Não sei. Quero pensar que fui enganado. Que o palhaço ali era eu. E que ele conseguiu passar a perna em todo mundo. Quero pensar que os palhaços estão mudados, só pode. Tinha tempo que não andava de ônibus. O trânsito faz a gente virar artista. Hoje tem festa?! Sim!!!!! Rá! Aqui      

sábado, 10 de setembro de 2011

Mais uma no caneco

Esse blog tá meio devagar, né. Ultimamente ando preguiçoso. Deve ser essa umidade baixa aqui da capital. Oh clima brabo. Ressaca nessa época do ano derruba qualquer um. Vai deixando a gente lento. O negócio é colocar uma mochila nas costas e curtir uma cachoeira aí por uns dias. Tocar um violão e ficar de papo furado. Agorinha andei lendo uns textos no site do Congresso em Foco, e fiquei bastante contente com a posição de alguns colunistas, especialmente: Rudolfo Lago, e Márcia Denser. Vão lá, vocês vão curtir também. Essa semana volto a escrever mais por aqui. Até!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Umidade 20%

Ao chegar em casa largou o paletó no sofá, e foi tomar água. O dia tinha sido bravo. O calor ainda atormentava sem dar trégua. Tirou a camisa, o sapato, largou perto da geladeira e caminhou até o quintal. Lá pegou um banquinho ao lado da máquina de lavar, e posicionou num canto perto das plantas. Na parte sem telhado. Então olhou o céu que naquele momento já estava anoitecendo. Respirou devagar. Esticou os dedos dos pés. Dobrou a calça até o joelho. A mulher apareceu na porta.
- Ué! Tá fazendo o que aí?
- Nada. Só dando um tempo aqui.
Ela deu um sorrisinho em direção ao filtro. Pegou um copo d'água. E com um movimento leve abriu a geladeira. Temperou com a água gelada. Caminhou em direção ao marido enquanto bebia até a metade do copo. Ficou ao lado dele.
- Tá calor hoje, né.
- Porra! Tá difícil.
Ele olhou o céu, e ela também levantou a cabeça.
- Por enquanto ainda dá pra contar as estrelas, disse ele.
- Você já contou?
- Não. Tô com preguiça.
- É bom olhar pro céu, né, emendou ela.
- O problema é que doí o pescoço. Me dá um gole dessa água aí.
- Já acabou.
- Pega mais um pouco pra mim?
- Não. Tô com preguiça também.

Só vou mostrar porque você é poeta

- Tá escutando o quê, Rodrigo?
- Rock, jazz, música instrumental.
- E tá bebendo o quê?
- Cerveja, e whisky quando pinta na área.
- E anda fazendo o quê?
- O de sempre.
- Farra?
- Sim.
- Tá assistindo o que na tv?
- Um lance muito bacana no multishow.
- Então deixa uma música, um drink, ou uma sugestão pra quem está de bobeira por aí.
- Escute essa música aqui, veja esse programa, e o drink, bom, começa com cerveja e depois você vê no que vai dar. A noite passa muito rápido então não dê bobeira.