quarta-feira, 30 de março de 2011

Painting

Por: Keith Haring (Pop Shop III 1989, Silkscreen)

El Bigode Sanguinário

Peguei uma caneta e fiz um bigode no homem do cartaz. Um bigodão bem sacana. Depois fui embora como se nada tivesse acontecido. Imediatamente o bedel veio no meu encalço. Já chegou latindo umas palavras raivosas.
- Que isso rapaz? Por que você rabiscou o cartaz?
- Quem?
- Ué! Você, ora!
- Não rabisquei nada, meu camarada.
- Tá brincando com a minha cara? Eu vi.
- Viu o quê?
- Você sabe que eu posso te prender, né.
- Sei, mas aí, você vai ter que comprovar que fui eu. Tem prova?
- Tá querendo confusão, né, cara.
- Aí brother. Tchau... Esse camarada do cartaz ficou bem melhor de bigode. Cê não acha?
- Rapaz! Ele é o reitor da faculdade.
- Por isso mesmo, pô. Mafioso tem que ter bigode, ora.
- Cai fora daqui moleque.
- Fala baixo comigo, porra.
- Rodrigo, vamos embora?
- Rodrigão deixa isso quieto, pô, tá maluco...
- Cara, você é louco.
- Pô! Só foi uma brincadeirinha. Será que ele não tem senso de humor, pô?
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Época boa da faculdade. A turma era bacana. Amanhã a minha amiga vai ter o segundo filho dela. Vai ser um menino. Ela já tem uma mocinha que é linda. Inteligente. Alegre. Uma família muito bonita. Ela é casada com um grande amigo também. Músico. E sempre que me metia numa enrascada; ela, ou alguém da galera tratava de me salvar. Mais tarde preciso ligar pra eles. Amigos do coração. Assim como uma galera aí que sempre me salva quando vacilo. 

sexta-feira, 25 de março de 2011

Importada

Segundo a Linda Lee Bukowski, o  velho Hank gostava também das cervejas japonesas. Será que é boa?

quinta-feira, 24 de março de 2011

Eletrodoméstico

Juntaram tudo no computador: música, cinema, besteirol, jornal, revista de mulher pelada, enciclopédia, e coisas que a gente nem imagina que vai encontrar, mas tem por aqui. A internet é essa grande selva. Um feirão moderno. Tem de tudo, e para todos os gostos. Basta aventurar-se. Quer filosofia? Tem! Quer idiotice? Tem! Quer sexo virtual? Tem aos montes. Quer aprender como desencravar a unha? Tem! Essa internet é uma maravilha. O que não deixa de ser bacana. Só que na maioria das vezes nem percebemos o quanto ficamos escravos dela. Porra! Viramos robôs. Já percebeu o tempo que você perde navegando feito um idiota, e sem nada pra fazer achando que tá sendo produtivo? Tô pensando em arranjar um computador sem internet. Vou fazer dele mera máquina de escrever. Acho que só assim me concentro melhor na escrita. Na música, por exemplo, sempre estou na frente da tela com o fone de ouvido, e antes não era assim, eu pegava o som colocava pra tocar, e ia fazer alguma coisa: cortar a unha, tomar um café. Estava em movimento. E a música preenchia o lugar. Agora tô plantado na frente da porra da tela com o fone no máximo como se estivesse preso numa cadeira elétrica. E outra: não estou mais escutando os álbuns na íntegra, tô somente vendo clip (nem gosto muito), uma música aqui, outra ali. Esqueci de escutar um disco do início ao fim. Pô! E eu sempre fiz isso. Maldita internet! Preciso ficar esperto com você, sua piranha! Você facilita, mas nos deixa boboca. O meu aparelho de som quebrou, e nem me preocupei em mandar arrumar: tem a internet aqui, né. Safada! Sabe quando você vê um prato de comida bonito, e come com os olhos, e aí quando vem a primeira garfada não gosta muito. Sente que não tá temperado. Tenho percebido que isso tem acontecido comigo aqui na internet. Meio de saco cheio. Até esse blog tá difícil de manter. Tô pensando em fechar essa porra de vez. Mas enquanto mantenho esse caneco no ar vou começar a tirar as músicas daqui do computador, e colocar para tocar no meu aparelho de som. Acho que assim me levanto dessa cadeira e vou curtir um som decentemente. Como deve ser, sabe. Ali na sala com uma lata de cerveja gelada na mão, e prestando atenção em cada melodia, cada palavra. A percepção engana a gente quando você menos espera. Ver um clip com a música ao fundo é uma coisa. Agora somente escutar é outra completamente diferente. Experimenta aí, vai!

terça-feira, 22 de março de 2011

Uma mala repleta de objetos antigos

Um sonho bom, e depois um pesadelo. Os dois se complementam. Depois somente lembranças. Fotos. Nomes de filmes. Negativos. Títulos de livros. Pistas que tentam explicar. Talvez a resposta esteja nos pequenos fatos do dia, ou nas pequenas tragédias habituais. Um complemento. A fotografia em preto e branco feito desenho animado traz movimento. O prédio lá no alto pegando fogo num misto de quebra-cabeça e flash rápido. Uma estória bonita. E outra mais intrigante ainda.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Palavras

Andei lendo alguns blogs (Bortolotto, Fábio Brum, Bruno Bandido) e aí nesses dois últimos encontrei essa citação do Faulkner. Curte aí:

“Sou, por temperamento, um vagabundo. Não quero dinheiro tanto a ponto de ter de trabalhar por ele. Na minha opinião, é uma pena haver tanto trabalho no mundo. Uma das coisas mais tristes que existem é que a única coisa que um homem pode fazer durante oito horas por dia, todos os dias, é trabalhar. Você não pode comer oito horas por dia, nem beber oito horas por dia, nem fazer amor por oito horas — você só pode trabalhar por oito horas. E é por essa razão que o homem faz a si mesmo e a todos os outros tão miseráveis e infelizes.” (Faulkner)

Pequenos sons das esquinas

Naquela hora a rua estava completamente deserta. De vez em quando encontrava luz numa janela qualquer. Ao seu redor o silêncio era agradável. Uma calmaria danada. E ainda sim caminhava ligeiro. Silêncio demais poderia ser perigoso. Diminuiu o ritmo. Água. Precisava de um copo d'água gelado. Mas ainda sim estava cedo pra tudo estar tão parado. Olhou adiante e aumentou o passo. Antes de dormir matou a sede. Quando acordou o barulho da cidade já tinha voltado ao normal.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Esta tarde

Dia úmido. Sol por entre as nuvens escuras. Vontade de curtir blue sunday. Um doors ia cair bem. Então tá! Tem um amigo aí que me prometeu uma garrafa de whisky. Agora já era. Vou encher o saco. Com whisky não se brinca em serviço. É o melhor amigo do homem. Já dizia o grande Vinícius de Moraes: é o cão engarrafado.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sorriso Nuclear

De tempo em tempo o homem moderniza as suas esquisitices. Parece que cada vez mais precisamos adquirir determinados comportamentos, senão você tá por fora. Coisas "singelas", ditas do “coração”, como, por exemplo, dar mais valor ao carro do que o próprio relacionamento. Se preocupar mais na prestação da casa própria do que na vida em família. Já esperar de cara que o filhão seja aquele grande jogador de futebol com bufunfa na conta, e a torcida hipnotizada.  Tratar cachorro como se fosse criança mimada. ["Dá a patinha pro papai, vai". "Vem cá, vem na titia, dá um beijinho aqui minha pequeninha, vem"] Então, caro leitor, essas peripécias cotidianas estão cada vez mais sofisticadas. Só que por outro lado, se o cara tá fudido ou mal pago é dá vida, tudo bem, a economia tem a sua parcela de culpa. E ele também tem culpa no cartório. Papo encerrado... Espera o sinal abrir e vamos embora. Estamos em evolução. Mas de repente: POW! A vida nos dá uma tremenda porrada bem no meio das fuças. "Estamos iguais". O que fazer? O que pensar? Aquele lembrete da música do Léo Jaime - o Rock da Cachorra veio em boa hora, dá uma curtida aí:

Seja mais humano, seja menos canino
Dê guarida pro cachorro mais também dê pro menino
Senão um dia desses você vai amanhecer latindo

Pois é, meu amigo, uma cena intrigante nessa tragédia braba que ocorreu no Japão, me deixou aqui pensando com os meus botões. Me deixou pensando nos latidos. Não sei se foi na record, ou redetv, mas o lance é o seguinte: enquanto o repórter fazia a sua matéria em meio aquele clima desolador, surgiu um japonês de meia idade com um violão nas costas, a roupa já meio gasta, e um sorriso estampado bem no meio da cara. E ele vinha na maior tranquilidade, caminhando como se nada tivesse acontecido. Não deu pra ver direito, mas parece que na outra mão ele trazia algum tipo de birita. Aí enquanto o repórter tentava em vão descobrir se deveria sorrir ou não - você está sendo filmado - o japa deu uma olhada pra câmera, acenou sorrindo, e continuou na sua levada até sumir no meio daquela destruição infernal. Louco? Será que tentava chamar a atenção? Rir pra não chorar? Rico? Pobre? Classe média? Não dá pra saber. Cada um poderá deduzir o que quiser. Mas dá pra gente especular um pouquinho. Se ele fosse mendigo: aquela destruição lhe afligiria? Afinal reconstruir o quê? É bem capaz do governo reconstruir a cidade mais rapidamente do que ele a própria vida. E aí o sorriso teria o seu escape. Ou não? A risada dos excluídos também pode ser engraçada. Ou melhor: um sorriso nuclear. Radioativo.

terça-feira, 15 de março de 2011

Na prateleira virtual

O novo álbum do Strokes caiu na rede. O disco ia ser lançado no dia 22, mas já era. Agora é só divertir.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Por acaso num canal qualquer

Procurei uma palavra. Ou, por exemplo, o apito do trem que escutei dias atrás. Qualquer coisa que pudesse servir pra colocar aqui. Poderia ser algo simples. Até mesmo curto. Rápido. Aí me lembrei dos textos que ainda não escrevi. Então pensei em começar a escrever, mas deixei de lado. Preferi ver umas bobagens sem pé nem cabeça nessa internet sem fim. Poderia ser uma boberinha qualquer. Um post sobre a preguiça. Ou quem sabe: o sono num dia de chuva, e a cama tá boa, e você, infelizmente, tem que levantar. Argh! Isso é terrível. Mas aí vem outro assunto - o terremoto no Japão. Isso! Fala da natureza. Do Tsunami. Na hora em que a natureza invade pode saber que vai ser chumbo grosso.  Ela não brinca em serviço. Então pensa se tivesse acontecido aqui. Como seria recomeçar? Bom, você se lembrou desse tema por que a tragédia te fez escutar - Por acaso em Osaka - Paulinho Moska. A letra é bonita. Vejo algumas matérias dizendo que o Brasil tá seguro. Acho isso uma piada. Mas é assim mesmo. Já tá bom por hoje. Lá fora tá chovendo. E as notícias na tv nunca são boas. "Eu vim andando, vagando, vagabundeando, pelas ruas da cidade / Eu vim chorando, sorrindo, não quero entender, o por que dessa dor que me invade..."

quarta-feira, 9 de março de 2011

Esse Barulho do Tamborim...

Do corredor surgiam barulhos estranhos: ora gemidos, ora passos. Chegavam assim apressados, desesperados... Quando a porta do quarto se abriu, apareceu uma menina atrás da caixinha de primeiros socorros. A caixa estava ali debaixo do seu nariz, mas ela fazia tanto doce por causa de uma queimadura boba que demorou a encontrar.
- O que foi?
- Queimei o braço, droga.
- Com o quê?
- Óleo quente.
- Me ajuda aqui, vai...
- Poxa! Você quase me mata de susto! Ainda tava dormindo...
- Ah tá, me desculpa, não foi a minha intenção.
- Deixa eu ver se machucou.
- Acho que só foi um pouquinho, mas tá ardendo...
- Ah! Tá tranquilo. Daqui a pouco você esquece.
- Ainda bem, né! Cadê a caixinha de primeiros socorros?
- Pô! Não sei... Mas olha ali no canto. Tem tanta coisa amontoada que deve tá por lá.
- Me ajuda aqui, vai!
- Tá.
- Não tá aqui, não. Vou dar uma olhada no banheiro.
Quando a ela saiu pelo corredor, ele encontrou a tal caixa debaixo da mesa. Dentro tinha um esparadrapo, dois antiácidos, um pacote de gaze, um pacote de camisinha aberto, e uma tesoura. Ao sair do quarto pressentiu certa estranheza no lugar, então se perguntou: dá onde eu conheço essa menina? como fui parar aqui? onde descolei essa fantasia de palhaço? cadê o pessoal? será que entrei na casa certa?

sexta-feira, 4 de março de 2011

Bueno Carnaval

"Doidão é apelido para a paranóia
 

Toda jibóia, toda bóia, toda clarabóia
 

Querida, que tal baixar o televisor?
 

Deitado no divã com Woody Allen
 

Eu tive um sonho com aquele estranho velho alien
 

Que era cabeça Bob Dylan, barba Ginsberg Allen"
(Júpiter Maçã) Vai!

quarta-feira, 2 de março de 2011

As Pedras de Stonehenge

O nome do lugar se chama Stonehenge. É um monumento da idade do bronze localizado no sul da Inglaterra. Uma espécie de santuário formado por enormes pedras em círculo. Ninguém sabe ao certo sobre a sua verdadeira função, mas pelo que parece o local era usado para rituais religiosos. Sempre gostei desse tipo de assunto. E nunca tinha ouvido falar desse lugar. Interessante pra caralho. Os cientistas foram estudar a acústica do lugar. Logo encontraram coisas interessantes. Mapearam cada timbre. E mais tarde jogaram num programa de computador. Os músicos da época tocavam basicamente instrumentos percussivos. Descobriram que o som ficava cada vez mais alto conforme você se afastasse do centro.

A estrutura do lugar foi montada de tal forma que a partir de um determinado volume, o estado de consciência fica alterado. Membros da equipe sentiram-se mal. (Será que conseguiram algum contato? Não revelaram). A acústica do lugar é impressionante. Acreditam que os rituais os mantinham em contato com o mundo dos mortos. Numa máquina de ressonância magnética os caras colocaram um figura por lá, e fizeram os testes. Quando colocavam os sons dos tambores num determinado modo, o cérebro funcionava de uma forma, mas quando pegavam esses mesmos tambores e passavam para a acústica de Stonehenge, o cérebro trabalhava de forma diferente. Precisava de mais energia. E com isso os caras acreditam que as pessoas ali entravam em outro estado de consciência. Analisaram até luz do lugar. Colocaram umas tochas e tal. Me lembrei daquela matéria de física sobre o estudos das ondas. De como elas se propagam. O som exerce uma força sobre a gente que às vezes nem percebemos.

Nesse estudo fizeram também análises em raves, shows de rock, e mais em outros cantos. Engraçado, dias pra trás conversava no bar sobre algumas músicas com ritmos tribais como Paint in Black - Rolling Stones, The end - The doors, Heroin - Velvet Underground, e agora me veio esse documentário. Pena que não assisti desde começo. Essas canções também têm um fundo hipnótico interessante. O próprio Jim Morrison acreditava nessa desordem dos sentidos. Uns até o chamava de Xamã. E ele se intitulava como Mr. Mojo Risin. A imprensa sacaneava, mas o show business agradecia, né. As apresentações se tornavam verdadeiras farras homéricas. Um tempo atrás descobri um disco chamado - The Pipes of Pan at Joujouka. Esse disco foi produzido pelo Brian Jones (um dos fundadores dos Stones) com músicos do Marrocos. Essa temporada por lá acabou refletindo no som da banda (abaixo). E por influência do Brian que era outro cara que gostava desse som hipnótico, os Stones, batiam o ponto no Marrocos de tempo em tempo. Ali, na procura por uns produtos que dessem uma sacudida na consciência. Sempre soube que a música pode nos levar a qualquer estado de consciência num piscar de olhos. Num estado hipnótico o poder da sugestão exerce uma influência fortíssima sobre a pessoa. Mas é claro! Desde que essa pessoa acredite nisso. Taí! Stonehenge é grande estúdio ao ar livre. Porra! Que lugar...   
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The Pipes of Pan at Joujouka: Aqui

Aqui vai um trecho do filme Stoned, a dublagem é terrível, mas o fato realmente aconteceu. No livro do Keith, ele fala desse momento. Os Stones estão no Marrocos, e enquanto o Brian curte o som, eles se mandam, e deixam o cara sozinho por lá. Você vai ter que ler pra descobrir. Nesse dia só aconteceu merda. Mas o legal é que mostra os músicos marroquinos. O som regional. Decerto uma música muito antiga. Som pra entortar a cuca. Aqui

terça-feira, 1 de março de 2011

Uma chama a outra

Mandei um MI, e comecei a cantar - "Se ninguém olha quando você passa / Você logo acha que a vida voltou ao normal", e aí cantei mais um pouco, e fiquei de bobeira. Aí resolvi lascar de novo o MI maior e na sequência emendei um DO sustenido menor e SI maior. Era só para continuar com o som. Passar o tempo. Curtir a música. Só que na mesma hora me veio Morphine - caramba - quanto tempo que não escuto Morphine, Cure for pain, a sequência me lembrou essa música, larguei o violão e corri pro you tube. E de ontem pra hoje só dá Morphine no fone de ouvido. Essa banda tem uma formação curiosa, e uma história também muito curiosa. Escuta aí - se você curtir - dê uma lida na biografia dos caras. PLAY