quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um pouco de psicologia canina


Essa letra (abaixo) é do Cazuza em parceria com o Arnaldo Antunes e Zaba Morreau. Também concordo com o refrão. Não há perdão para o chato nunca. É difícil quando topamos com gente chata. Se você quer evitar confusão tem que ficar esperto o tempo todo porque eles são especialistas. Buscam uma brecha. Fingem abaixar a guarda, e quando menos se espera, lá vem com a sua chatice a tiracolo. De vez em quando leio essa letra pra ficar atento. E a chatice não tem cura, nem sexo, nem idade, religião, nada. O balaio é grande: criança, jovem, adulto, velho, e você acredita que existe até cachorro. É que a arma do chato estar em não parar nunca. Funciona como uma coceira. Esses dias assisti um programa em que um adestrador tentava resolver a chatice do cão. Num momento ele foi enfático, e deu o veredicto – dono chato, cachorro chato. Então o negócio é terrível. Só você mesmo, Cazuza para dar esse recado. Yeah! Rock and roll.

Não há perdão para o chato
Cazuza, Arnaldo Antunes e Zaba Morreau
Respeito o cara que é padre
Porque não sente tesão
Respeito quem rouba com fome
Quem consegue dizer não
Tem o meu respeito quem pede esmola
Quem ganha a sua mesada
Mas tem que ser mão aberta
Com a rapaziada
Só não há perdão para o chato
Perdão para o chato
Não há perdão
O reino dos céus é do chato
Do chato, do chato
Do otário e do cagão
Respeito quem é radical
Respeito quem ama errado
Respeito o cara careta
E o cara exagerado
Quem não gosta de criança
E quer viver solitário
Quem odeia rock'n'roll
Mas gosta de um rebolado
Só não há perdão para o chato
Perdão para o chato
Não há perdão
O reino dos céus é do chato
Do chato, do chato
Do otário e do cagão
Respeito o cara-de-pau
Respeito o mal-humorado
Respeito a quem só reclama
Por ser mal remunerado
Tem o meu respeito quem quebra tudo
Na noite dos desesperados
E também o cara burro
Que sabe ser engraçado
Só não há perdão para o chato
Perdão para o chato
Não há perdão
O reino dos céus é do chato
Do chato, do chato
Do otário e do cagão

segunda-feira, 28 de maio de 2012

As portas e as janelas


Volta e toca aquele acorde maior. Aí! Isso mesmo. Assim ficou bom. Não precisa discurso, e nem ser tão melodramático. É igual a noite quando a calmaria distribui as cartas e você blefa sem medo de ter colocado tudo a perder. Uma sequência simples como em determinados momentos da vida. Mas se não tiver bacana. Não custa estragar e recomeçar do zero. Ou até mesmo, nem recomeçar. Música demais também enche o saco.  E o silêncio faz companhia quando menos se espera. Então fica assim: se tá heavy faz um som baixo, mas se tá muito tranquilo, nada como um bom e velho chute na porta. Esse chiado é por causa da sintonia. Só que ainda dá pra escutar calmamente. O texto dissonante não fecha as possibilidades. Os minutos se passaram. E você tentava fazer uma música disso. Talvez não era pra ser música. Se fosse estaria cantando agora mesmo, mas pra onde foi a melodia? Espera. Um dia ela retorna. E as portas vão estar abertas. Assim como as janelas também.     

Caderno de Anotações


Pra começar a segunda-feira aí vai um texto (O pediatra) do Nelson Rodrigues. Grande Nelson!
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O Pediatra


Saiu do telefone e anunciou para todo o escritório:
— Topou! Topou!
Foi envolvido, cercado por três ou quatro companheiros. O Meireles cutuca:
— Batata?
Menezes abre o colarinho: — "Batatíssima!". Outro insiste:
— Vale? Justifica?
Fez um escândalo:
— Se vale? Se justifica? Ó rapaz! É a melhor mulher do Rio de Janeiro! Casada e te digo mais: séria pra chuchu!
Alguém insinuou: — "Séria e trai o marido?". Então, o Menezes improvisou um comício em defesa da bem-amada:
— Rapaz! Gosta de mim, entende? De mais a mais, escuta: o marido é uma fera! O marido é uma besta!
Ao lado, o Meireles, impressionado, rosna:
— Você dá sorte com mulher! Como você nunca vi! — E repetia, ralado de inveja: — Você tem uma estrela miserável!

O AMOR IMORTAL

Há três ou quatro semanas que o Menezes falava num novo amor imortal. Contava, para os companheiros embasbacados: — "Mulher de um pediatra, mas olha: — um colosso! ". Queriam saber: — "Topa ou não topa?". Esfregava as mãos, radiante:
— Estou dando em cima, salivando. Está indo.
Todas as manhãs, quando o Menezes pisava no escritório, os companheiros o recebiam com a pergunta: — "E a cara?". Tirando o paletó, feliz da vida, respondia:
— Está quase. Ontem, falamos no telefone quatro horas! Os colegas pasmavam para esse desperdício: - "Isso não é mais cantada, é ...E o vento levou". Meireles sustentava o princípio que nem a Ava Gardner, nem a Cleópatra justificam quatro horas de telefone. Menezes protestava:
— Essa vale! Vale, sim senhor! Perfeitamente, vale! E, além disso, nunca fez isso! É de uma fidelidade mórbida! Compreendeu? Doentia!
E ele, que tinha filhos naturais em vários bairros do Rio de Janeiro, abandonara todos os outros casos e dava plena e total exclusividade à esposa do pediatra. Abria o coração no escritório:
— Sempre tive a tara da mulher séria! Só acho graça em mulher séria!
Finalmente, após quarenta e cinco dias de telefonemas desvairados, eis que a moça capitula. Toda a firma exulta. E o Menezes, passando o lenço no suor da testa, admitia: — "Custou, puxa vida! Nunca uma mulher me resistiu tanto!". E, súbito, o Menezes bate na testa:
— É mesmo! Está faltando um detalhe! O apartamento! Agarra o Meireles pelo braço: — "Tu emprestas o teu?". O outro tem um repelão pânico:
— Você é besta, rapaz! Minha mãe mora lá! Sossega o periquito!
Mas o Menezes era teimoso. Argumenta:
— Escuta, escuta! Deixa eu falar. A moça é séria. Séria pra burro. Nunca vi tanta virtude na minha vida. E eu não posso levar para uma baiúca. Tem que ser,olha: — apartamento residencial e familiar. É um favor de mãe pra filho caçula.
O outro reagia: — "E minha mãe? Mora lá, rapaz!". Durante umas duas horas, pediu por tudo:
— Só essa vez. Faz o seguinte: — manda a tua mãe dar uma volta. Eu passo lá duas horas no máximo!
Tanto insistiu que, finalmente, o amigo bufa:
— Vá lá! Mas escuta: — pela primeira e última vez! Aperta a mão do companheiro:
— És uma mãe!

DECISÃO

Pouco depois, Menezes ligava para o ser amado: — Arranjei um apartamento genial.
Do outro lado, aflita, ela queria saber tudinho: "Mas é como, hein?". Febril de desejo, deu todas as explicações: — "Um edifício residencial, na rua Voluntários. Inclusive, mora lá a mãe de um amigo. Do apartamento, ouve-se a algazarra das crianças". Ela, que se chamava Ieda, suspira:
— Tenho medo! Tenho medo!
Ficou tudo combinado para o dia seguinte, às quatro da tarde. No escritório, perguntaram:
— E o pediatra?
Menezes chegou a tomar um susto. De tanto desejar a mulher, esquecera completamente o marido. E havia qualquer coisa de pungente, de tocante, na especialidade do traído, do enganado. Fosse médico de nariz e garganta, ou simplesmente de clínica geral, ou tisiólogo, vá lá. Mas pediatra! O próprio Menezes pensava: — "Enquanto o desgraçado trata de criancinhas, é passado pra trás!". E, por um momento, ele teve remorso de fazer aquele papel com um pediatra. Na manhã seguinte, com a conivência de todo o escritório, não foi ao trabalho. Os colegas fizeram apenas uma exigência: — que ele contasse tudo, todas as reações da moça. Ele queria se concentrar para a tarde de amor. Tomou, como diria mais tarde, textualmente, "um banho de Cleópatra". A mãe, que era uma santa, emprestou-lhe o perfume. Cerca do meio-dia, já pronto e de branco, cheiroso como um bebê, liga para o Meireles:
— Como é? Combinaste tudo com a velha?
— Combinei. Mamãe vai passar a tarde em Realengo. Menezes trata de almoçar. "Preciso me alimentar bem", era o que pensava. Comeu e reforçou o almoço com uma gemada. Antes de sair de casa, ligou para Ieda:
— Meu amor, escuta. Vou pra lá. E ela:
— Já?
Explica:
— Tenho que chegar primeiro. E olha: vou deixar a porta apenas encostada. Você chega e empurra. Não precisa bater. Basta empurrar.
Geme: — "Estou nervosíssima!".
E ele, com o coração aos pinotes:
— Um beijo bem molhado nesta boquinha.
— Pra ti também.

ESPANTO

Às três e meia, ele estava no apartamento, fumando um cigarro atrás do outro. Às quatro, estava junto à porta, esperando. Ieda só apareceu às quatro e meia. Ela põe a bolsa em cima da mesa e vai explicando:
— Demorei porque meu marido se atrasou.
Menezes não entende: — "Teu marido?", e ela:
— Ele veio me trazer e se atrasou. Meu filho, vamos que eu não posso ficar mais de meia hora. Meu marido está lá embaixo, esperando.
Assombrado, puxa a pequena: — "Escuta aqui. Teu marido? Que negócio é esse? Está lá embaixo! Diz pra mim: — teu marido sabe?". Ela começou:
— Desabotoa aqui nas costas. Meu marido sabe, sim. Desabotoa. Sabe, claro.
Desatinado, apertava a cabeça entre as mãos: — "Não é possível! Não pode ser! Ou é piada tua?". Já impaciente, Ieda teve de levá-lo até a janela. Ele olha e vê, embaixo, obeso e careca, o pediatra. Desesperado, Menezes gagueja: — "Quer dizer que...". E, continua: "Olha aqui. Acho melhor a gente desistir. Melhor, entende? Não convém. Assim não quero".
Então, aquela moça bonita, de seio farto, estende a mão:
— Dois mil cruzeiros. É quanto cobra o meu marido. Meu marido é quem trata dos preços. Dois mil cruzeiros.
Menezes desatou a chorar.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

"Que valientes son las chilenas"


Pra amaciar a sexta-feira vai uma crônica do Rubem Braga. Esse texto me lembra outro do Vinicius de Moraes chamado - Brotinho Indócil. Bom final de semana aí moçada!!!!
RF

Valente Menina!
Rubem Braga 

DEBRUÇADO cá em cima, no 13.° andar, fiquei olhando a porta do edifício à espera de que surgisse o seu vulto lá embaixo.

Eu a levara até o elevador, ao mesmo tempo aflito para que ela partisse e triste com a sua partida. Nossa conversa fora amarga. Quando lhe abri a porta do elevador esbocei um gesto de carinho na despedida, mas, como eu previra, ela resistiu. Pela abertura da porta vi sua cabeça de perfil, séria, descer, sumir.

Agora sentia necessidade de vê-la sair do edifício, mas o elevador deve ter parado no caminho, porque demorou um pouco a surgir seu vulto rápido. Desceu a escada fez uma pequena volta para evitar uma poça de água, caminhou até a esquina, atravessou a rua. Vi-a ainda um instante andando pela calçada da transversal, diante do café; e desapareceu, sem olhar para trás.

"Valente menina!" — foi o que murmurei ao acaso lembrando um verso antigo de Vinicius de Moraes; e no mesmo instante me lembrei também de uma frase ocasional de Pablo Neruda, num domingo em que fui visitá-lo em sua casa de Isla Negra, no Chile. "Que valientes son las chilenas!" dissera ele, apontando uma mulher de maiô que entrava no mar ali em frente, na manhã nublada; e explicara que estivera andando pela praia e apenas molhara os pés na espuma: a água estava gelada, de cortar.

"Valente menina!" Lá embaixo, na rua, era tocante seu pequeno vulto, reduzido pela projeção vertical. Iria com os olhos úmidos ou sentiria apenas a alma vazia? "Valente menina!" Como a chilena que enfrentava o mar, em Isla Negra, ela também enfrentava sua solidão. E eu ficava com a minha, parado, burro, triste, vendo-a partir por minha culpa.

Deitei-me na rede, sentindo dor de cabeça e um certo desgosto por mim mesmo. Eu poderia ser pai dessa moça — e me pergunto o que sentiria, como pai, se soubesse de uma aventura sua, como essa, com um homem de minha idade. Tolice! Os pais nunca sabem nada, e quando sabem não compreendem; estão perto e longe demais para entender. Ele, esse pai de quem ela falava tanto, não acreditaria se a visse entrar pela primeira vez em minha casa, como entrou, com sua bolsa a tiracolo, o passo leve e o riso nervoso. "Como você pensava que eu fosse?" Lembro-me de que fiquei olhando, meio divertido, meio assustado, aquela mocetona loura e ágil que só falava me olhando nos olhos, e me fez as confissões mais íntimas e graves entremeadas de mentiras pueris — sempre me olhando nos olhos. Disse-me que a metade das coisas que me contara pelo telefone era pura invenção — e logo inventou outras. Senti que suas mentiras eram um jeito enviesado que ela tinha de se contar, um meio de dar um pouco de lógica às suas verdades confusas.

A ternura e o tremor de seu duro corpo juvenil, seu riso, a insolência alegre com que invadiu minha casa e minha vida, e suas previsíveis crises de pranto — tudo me perturbou um pouco, mas reagi. Terei sido grosseiro ou mesquinho, terei deixado sua pequena alma trêmula mais pobre e mais só?

Faço-me estas perguntas, e ao mesmo tempo me sinto ridículo em fazê-las. Essa moça tem a vida pela frente, e um dia se lembrará de nossa história como de uma anedota engraçada de sua própria vida, e talvez a conte a outro homem olhando-o nos olhos, passando a mão pelos seus cabelos, às vezes rindo — e talvez ele suspeite de que seja tudo mentira. 


Rio de Janeiro, abril de 1967.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

“Programação Especial Rolling Stones – 50 anos”


Agora é só sentar na poltrona em frente da televisão, esticar as pernas e deixar o som tomar conta da sala. Vou dar uma olhada na geladeira, ela não pode ficar desabastecida!!!!



Confira o calendário:
 
Multishow
24 de maio (18h) – “Exile on Main Street” (documentário)
25 de maio (18h) – “Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones” (show inédito)
25 de maio (21h) – “Shine a Light” (show inédito)

Multishow HD
25 de maio (23h) – “Shine a Light” (show inédito)
26 de maio (21h) – “The Rolling Stones - Live at The Max” (show)
27 de maio (21h) – “Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones” (show inédito

Fico chateado quando uma pessoa sabe o meu nome e eu não lembro o dela


Fala!

E aí tudo bem?

Quanto tempo...

Pois é!

Como vão as coisas?

Do mesmo jeito.

Ah tá!

Legal.

Legal.

Então tá.

Beleza.

Só véi!

Só.

Ainda tá tocando?

Tô.

Pô, legal.

Violão ou guitarra?

O que aparecer.

Massa!

Tá no facebook?

Tô não.

Eu também não estou não.

Tranquilo. Mas você, como está?

Ah! Tá tudo bem.

É isso aí.

Oh Rodrigo! Então até mais cara.

Oh! Falou... Abraço aí.

Manda um abraço também pra galera, tá bom?

Pode deixar que eu mando.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

The Guns of Brixton


Quase em frente à porta da frente deu uma topada na cadeira. Doeu! A pancada foi certeira, ficou latejando, mas não demonstrou nada. Catou a chave, e saiu. Fechou o portão no dedo. A unha ficou com um arranhão na base. Olhou pra janela de um prédio na avenida central e avistou um cara e uma mulher quebrando o pau. Na varanda tinha um varal cheio de roupas. Aos berros tentavam um acordo. No fim da rua um ônibus ultrapassou o táxi  sem obedecer o pedido da faixa de pedestre. A fumaça preta cuspia do seu escapamento ainda mais forte. O dedo da mão começou a doer. Lembrou da infância. Isso não foi nada. Então passou a mão no rosto logo após ter atravessado a rua. Quando chegou ao outro lado não viu a calçada, e  sem prestar atenção esbarrou numa menina que vinha no seu rumo. Sem querer quase a jogou no chão.
- Oh! Me desculpa.
- Tudo bem.
- Machucou?
- Não.
- Desculpa mesmo. Foi mal.
- Tranquilo. E você? Tá bem?
- Acho que sim.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Um Ramone na cozinha

O Marky Ramone agora também está vendendo almôndegas com a sua caminhonete pelas ruas de Nova York. Além das baquetas resolveu alimentar os roqueiros. As almôndegas são preparadas pelo chef Keith Album, e tem diversos complementos. É isso aí! Rock ao molho de tomate. 
Marky Ramone
Fotos: Agência EFE

PLAY
YEAH!!!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Vire à direita ou seria: vire à esquerda?


Depois que acabou a festa pegou o carro e foi embora. Isso devia ser umas 4:30 da madrugada. Mesmo cheio do goró não deveria ter ido embora sozinho. Quando já estava quase chegando no seu bairro, o carro escapuliu um pouco e foi parar no meio do balão arrancando uma placa de trânsito. O barulho foi imenso. A poeira subiu. Mas pra sua sorte não aconteceu nada demais. Talvez tivesse danificado somente a suspensão, ou uma das rodas. O carro estava meio torto. Quando a polícia chegou o guarda com uma cara de mal bradou forte:
- Você estava aonde rapaz?
- Seu guarda! Com esse soninho bom, eu achava que já estava em casa, lá na minha cama, quietinho, mas só agora que eu vi que estou aqui no meio dessa bagaça.
Pelo ao menos o som do carro funcionava sem nenhum chiado: play

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Aos Velhos Tempos


“O segredo da criatividade é saber como esconder as fontes”. Essa frase é atribuída ao Einstein. Não tenho como confirmar. Pode até ser ironia, mas nem sempre confio nessas fontes aqui da internet. Às vezes a gente encontra uma frase, ou um pensamento de algum autor e fica na dúvida. Tento pesquisar, só que às vezes posso quebrar a cara também. Sendo pensamento do Einstein ou não, quebrando a cara ou não, essa frase se encaixa perfeitamente na ideia do rock and roll. Sempre que escuto uma banda nova ou até mesmo uma velharia tento descobrir o seu DNA. Existem algumas em que a influência está tão evidente que nem precisamos de muito esforço. E eu escuto rock desde moleque. Gosto de diversos ritmos, só que esse tal de roque and roll é foda. E desde dessa época que fico aqui com os meus botões ligados. Quando o meu rádio vagabundo fala mais alto, quando sinto algo estranho no ar, me faço aquelas velhas perguntas de sempre: será que já se exploraram todas as formas de se tocar rock and roll? Será que o ritmo realmente vai ter um fim? Acredito que não. E é por isso que essa frase me salva. Creio que com a facilidade dos canais de comunicação muita porcaria é jogada no ar, assim temos a impressão de que se avança pouco ou o que temos na praça é somente um cachorro que tenta morder o próprio rabo. Na verdade são poucos os artistas que entendem que o rock age como um camaleão pra poder atacar. Pow! Talvez a necessidade de se inovar traz ideias precipitadas de como entendemos o novo. Parece que a cultura do entretenimento precisa cada vez mais ser alimentada. E nessa agonia o hype come solto. Como se aquilo fosse único, nascido sem influência, vindo, sei lá de onde. E vendem qualquer porcaria nessa agonia de se manter as aparências. Infelizmente a arte acaba em segundo plano. Ontem assisti o filme Cadillac Records, e essas questões voltaram a me dar um peteleco no pé da orelha. Por que se existe essa tal agonia: pra onde vai o rock, pelo ao menos, de onde ele veio isso ninguém tem dúvida – o blues
Etta James interpretada por Beyoncé Knowles

O filme aborda sobre a gravadora Chess Records, e dá um panorama da época (dos anos 40 até os 60). Além do blues vai mostrando o início do rock and roll. Quer dizer: o lance é saber mesmo como esconder as fontes, e pra mim a criatividade está em usar os conceitos. O primeiro disco dos Rolling Stones é basicamente de covers. E várias canções são dessas bandas que passaram por essa gravadora de Chicago. Os Stones no início da carreira pisaram por lá também. Eles ficavam escutando e tentando decifrar aquelas canções. Pegavam cada parte das músicas e ficavam analisando. Olha, daqui vai pra cá, depois tem um refrão, a letra fala disso, fala daquilo. Buscavam o seu DNA. Não é nada demais descobrir de como se funciona a técnica. Depois é só deixar a criação entrar em cena. O tempo vai dizer se você atingiu o que pretendia atingir ou não. Aliás, o filme me serviu pra admirar ainda mais o Chuck Berry. Aquele jeitão dele tem haver com a sua história. A segregação era geral. Negro tomava porrada o tempo todo. E o velho não deixava por menos: peitava os caras sem dó nem piedade. As galegas o procuravam quando ele estava dormindo no seu carro. Foi parar na cadeia só porque deu carona pra uma. A rivalidade era grande entre eles. O filme mostra também um pouco sobre a Etta James. Uma voz divina. E o fluxo vai adiante. Há pouco tempo veio a Amy Whinehouse. Anos atrás tivemos outras grandes cantoras, mas a essência nunca muda. Tem que ter alma. E infelizmente a cultura do entretenimento parece ignorar isso, mas o blues continua aí vivo com o seu filho bastardo chamado rock and roll. Belo filme.
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Programação no canal Max Prime. Domingão vai passar novamente. Etta James: PLAY

DATAHORÁRIOCANAL
Os horários são fornecidos pelas emissoras e estão sujeitos a alterações.
13/0506:00Max Prime
13/0509:00Max Prime e
16/0505:15Max Prime
16/0508:15Max Prime e
19/0506:10Max Prime
19/0509:10Max Prime