terça-feira, 26 de junho de 2012

Desse Lado


O que fica são as coincidências. Até porque as fórmulas ajudam bastante. E elas estão por tudo quanto é canto. É bacana ver as novas combinações. Ver como trabalham as suas estruturas. Dois filmes em tempos diferentes.  Os recursos estavam todos lá: a câmera no horizonte ao fundo, e o desfecho final. O primeiro terminou de forma trágica. E o segundo não fechou as possibilidades. Os críticos encontraram erros que não consegui enxergar. De alguma forma tem sentido o que eles disseram, mas também eles não encontraram o que eu considerei como erro, e acerto. Parece que ando descompassado com determinadas análises. Li um livro e o melhor conto na minha humilde opinião, sequer foi mencionado nos diversos artigos após o lançamento. Acho isso engraçado. E também certo alívio, pois me vem à cabeça: “pelo ao menos ainda consigo colocar está cachola pra funcionar”. Crítica tem dois caminhos: um imparcial e outro pessoal. O mais difícil é a pessoa ser imparcial e rasgar elogios. Parece estranho, né. Imparcial elevando o outro. Talvez isso seja difícil por que é dar o braço a torcer. 


Outro dia li a crítica de um livro, e em 90% do texto estava explícito que o cara tinha mais problemas com o tema, e com a forma de como o autor mostrou aquilo, do que simplesmente aceitar o texto. O lado pessoal fechou a sua visão. Foi como se algo o incomodasse, e então o livro não prestava. Isso é um erro. Ele gastou munição a toa e ainda expôs o que não funcionava dentro da sua cachola. E outra: sem nenhum estilo. Parecia birra de menino pequeno. Hoje todo mundo tem uma câmera. E elas estão ligadas o tempo todo. Falta alguma coisa. As fórmulas de relacionamento são as mesmas desde sempre. Não entendo essa agonia por tanta novidade. 


Teve um texto que li recentemente e nele tinha várias partes sublinhadas. Fui lendo até o final e depois quis entender a lógica daquela pessoa. Fiquei intrigado e quis entender por que ela teria sublinhado aquelas partes. Não que estivesse errado, mas por que não sublinhou os pontos que eu achava importante. Aí me lembrei de como nós ficamos raivosos quando somos colocados contra a parede, e principalmente de quando somos desafiados a defender os nossos pontos de vista. Cada vez mais tenho evitado me chatear com bobeira. A idiotice tem artimanhas que até Deus duvida. Fiquei com vontade de saber o que ela tinha a dizer sobre aqueles pontos. Qual a ligação? Eu já tinha feito a minha, e fiquei pensando em qual fórmula ela usou para achar aquilo importante. 


Acho que estou escrevendo esse texto por que hoje meu pai faria 63 anos, e nós dois pensávamos de maneira diferente. Mas se no pensamento possa haver alguma forma de macete. Nas coisas do coração não existe fórmula. Há cinco anos ele se foi, e nesse tempo mudei bastante. Quando tínhamos as mesmas opiniões era uma maravilha, o whisky corria solto, e o papo ia longe. Teve uma vez que a minha mãe disse: “vocês já estão falando besteira”. Em outra situação o meu irmão mais novo comentou comigo: “nunca vi uma discussão de pai e filho chegar nesse ponto, o que é isso?”. Então eu e o meu pai éramos assim, como dois amigos que jamais demonstravam o seu amor. Às vezes eu estava puto com alguma coisa, e ficava calado, e ele achava que a cara feia era por causa dele. Mas já tive vontade de socá-lo. De chamar pra briga. Não cheguei a esse ponto, mas quase. Ele merecia! Me deixou com tanta raiva que eu descontava na rua. Mas isso hoje soa engraçado. Pior é me lembrar de quando lhe dei água na boca quando estava ruim numa maca do hospital, ou de quando tive que ajudá-lo até o banheiro. Só queria dizer: “vamos pai, reage, vamos sair dessa porcaria de lugar, isso aqui é uma merda, vamos, melhora!” Então prefiro as lembranças das brigas, dos papos regados a whisky, e do churrasco de primeira. Lembranças de quando ficávamos calados dentro do carro indo pro colégio. Os meus amigos adoram quando faço churrasco. Aprendi com ele. Faço do mesmo jeito. E vai ser sempre assim. Sempre penso na distância entre os pais e filhos. Desses arranca-rabos da vida. Tive vários com ele, mas tem um sentimento que é maior que isso tudo. Um sentimento que não consigo explicar. Só sei que é um sentimento bom. Espero continuar tentando decifrá-lo pro resto da vida por que assim me sinto mais perto do coroa. Aí velhão! Fica esperto que o murro ainda está prometido. Espero te acertar na eternidade. Então treina daí que eu treino de cá. ////////// Vou deixar um som de presente. Vi semana passada. A melhor parte é quando no solo da música, o Bono presenteia o Sinatra com uma garrafa de whisky. Vídeo bonito!  Play

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