segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cogito, ergo sum


Na teoria do conhecimento

O Descartes, disse assim: “Penso, logo existo”

Acho que tem alguma coisa de errado nesse argumento

Porque eu chego atrasado, logo existo

Acordo sem saber onde estou, logo existo

Arrumo confusão, logo existo

Peço desculpas, logo existo

Não peço desculpas, logo existo

Durmo tarde e ronco alto, logo existo

Tenho ressaca, e acordo com tesão, logo existo

Devo! Não nego, pago quando puder, logo existo

Às vezes nem bom dia eu dou aos vizinhos, logo existo

Posso pegar quantas cervejas quiser no bar do Seu Léo, logo existo

Tenho amigos mais malucos do que eu, logo existo

As minhas amigas me pagam o maior sapo se eu pego alguma sirigaita, logo existo

Não posso escutar Mother do John Lennon senão choro, logo existo

Já comi a empregada de um morador da vizinhaça, logo existo

Já “peguei” dinheiro de presépio de natal pra beber vinho, logo existo

Depois paguei com juros e correção monetária, logo existo

Deus realmente castiga, logo existo

Aprendi a cortar as unhas dos pés e agora elas não encravam mais, logo existo

Já tomei cerveja sem álcool num jogo do Mengo em pleno Maracanã, logo existo

Vi a calçinha da minha professora de português que na época deveria ter uns 90 anos, logo existo

Já chapei o carro do meu pai no portão de casa bêbado numa manhã de sábado, logo existo

Já fiquei na delegacia até 7 da manhã , logo existo
Já fui testemunha num processo de acidente automobilístico, bateram no carro da polícia, e fui acusado de estar ali rindo da situação, logo existo

Sem o meu adversário saber, joguei a bola de sinuca fora e virei a partida, logo existo

Fiquei com a mulher mais gata da festa com um simples: eu quero te dar um beijo e te ter a noite inteira, mas depois disso, essa tática nunca mais deu certo, logo existo

Já fui expulso de festa, logo existo

Tô com mô vontade de tomar um suco de laranja, logo existo
De vez em quando misturo Pai Nosso com Ave Maria numa mesma oração, logo existo

Caí dentro de uma manilha d’água com o violão e quase perco o pé, logo existo

Mandei o público tomar no cú em plena praça pública num show da minha banda antiga de rock, logo existo

E pra variar estava chapado de whisky até o tampo, logo existo

Quase sai na mão com um candidato a deputado distrital na última eleição, logo existo

Já disse: eu te amo e não estava mentindo, logo existo

Também já fiquei com uma mulher feia pra cacete e até andei de mão dada, logo existo

Dei um susto numa amiga por telefone dizendo que era um sequestro relâmpago, logo existo

Mô preguiça de fazer a barba, logo existo

Insisto, logo existo

E você René Descartes, só me vem com um mísero: penso, logo existo?

Não fez mais nada, pô

Qualé, meu camarada!

Desisto de você, logo existo

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